Jovens dão os primeiros passos no aprendizado de chinês por meio da música

Com o apoio do Instituto CPFL, Anelo oferece formação musical em mandarim e amplia horizontes de jovens da periferia de Campinas

DU PAULINO
27/08/2025 15h01 - Atualizado há 6 horas

Jovens dão os primeiros passos no aprendizado de chinês por meio da música
Acervo Instituto CPFL
O primeiro contato de Ana Laura de Lima Pereira com o idioma chinês foi assistindo doramas. Mas foi cantando que se apaixonou de vez pela língua. Fã dos populares dramas televisivos chineses, a estudante de 12 anos sempre teve curiosidade sobre a cultura do país que encantava suas tardes em frente à tela. Quando surgiu a oportunidade de participar da formação musical em canto em mandarim no Instituto Anelo, projeto apoiado pelo Instituto CPFL por meio da frente CPFL Jovem Geração, não pensou duas vezes.

“Eu me apaixonei ainda mais. No começo achei difícil, mas fui me acostumando com as pronúncias, e a música tornou tudo mais divertido”, conta a aluna do 7º ano do ensino fundamental.


A iniciativa une o aprendizado do idioma mais falado no mundo com uma experiência musical que extrapola a técnica: envolve cultura, expressão e pertencimento. Para Jia Sun Costa, professora da formação, essa ponte entre música e linguagem é natural, especialmente no caso do chinês. “O mandarim é uma língua tonal (o tom de uma sílaba, ou seja, a altura da voz ao pronunciá-la, altera o significado da palavra), então a música ajuda muito. Eles memorizam mais facilmente, compreendem os sons com mais precisão e se divertem no processo”, explica a educadora, que nasceu na China e vive no Brasil há 12 anos.

Jia conta que as músicas escolhidas para o curso são populares no país asiático, muitas delas baseadas em poemas clássicos. “Eu traduzo as letras e explico as palavras mais simples. Mesmo sem uma aula formal de idioma, eles aprendem vocabulário e estrutura sem perceber”, afirma.

Murilo (segundo da esquerda para direita) durante apresentação com colegas de turma | Foto: arquivo Instituto CPFL
Foi o que aconteceu com Murilo Cela, de 18 anos. Ele conta que percebeu que a construção gramatical do mandarim é, em alguns aspectos, semelhante à do português, um achado que segundo ele, facilita o aprendizado da língua e que só foi possível porque se envolveu profundamente com as canções e suas estruturas. “Foi desafiador cantar em um idioma completamente diferente e aprender técnica vocal ao mesmo tempo, mas me empolguei e isso facilitou.”


Para Murilo, aliás, o impacto da experiência vai além da sala de aula. Ele diz que participar da formação ampliou seus horizontes. “Entrei porque fui convidado por amigos e gostei muito. Descobri que aprender mandarim pode abrir portas profissionais, principalmente com a aproximação entre Brasil e China. Quero me tornar fluente e sei que pode ser uma vantagem no futuro”, detalha.

O uso da música como ferramenta de ensino de idiomas é respaldado por diversas pesquisas acadêmicas. Um estudo da Universidade de Edimburgo, por exemplo, mostrou que cantar facilita o aprendizado de línguas estrangeiras. A pesquisa trabalhou com o idioma húngaro, considerado um dos mais difíceis e diferente para os europeus. Vinte pessoas foram divididas em três grupos: um repetia frases em húngaro cantando, outro de forma rítmica, e o terceiro apenas falando normalmente. O grupo que cantou teve o dobro de acertos e maior retenção do conteúdo em comparação aos demais, comprovando que o canto ativa áreas do cérebro ligadas à memória, ao ritmo e à percepção sonora, facilitando a internalização de novos vocabulários e estruturas linguísticas.

No caso do chinês, idioma tonal que exige precisão nos sons, esse treino auditivo é ainda mais relevante. Para a professora Verena Veludo Papacidero, que há quase 15 anos leciona mandarim e ministra aulas do idioma na Universidade CPFL, em parceria com o Instituto Confúcio da Unesp, o canto é uma das melhores formas de aproximar o aluno de uma língua estrangeira. “Ela nos conecta à cultura, às emoções, ao humor do outro idioma. A música torna o aprendizado mais leve, mais vivo. E no caso do mandarim, ainda ajuda a reconhecer os tons, o ritmo e a fluência”, destaca.

Verena confia tanto no poder da música como facilitadora no aprendizado de idiomas que sempre inicia suas aulas com uma canção. “A turma da CPFL Energia, por exemplo, até se apresentou cantando no encerramento do curso. Alguns estavam tímidos no início, mas, no fim, todos cantaram juntos. A música toca o coração e deixa uma marca.”

Transformar para sonhar mais longe
Além do aprendizado, os alunos da formação musical também têm vivenciado novas experiências. Em 2024, alguns participaram do concurso de canto em mandarim Copa Cubo de Água e uma das alunas se classificou para a final mundial do campeonato. “Foi transformador”, diz Aline Ribeiro, coordenadora musical do Instituto Anelo. “Essa formação abriu horizontes para sonhar mais longe. Eles se conectaram com uma nova cultura, ganharam autoconfiança e perceberam que podem conquistar o mundo.”

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RODRIGO EDUARDO PERON
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