Por Deco Montenegro*
A velocidade com que a Inteligência Artificial (IA) avança é, ao mesmo tempo, fascinante e desafiadora. O que parece revolucionário em janeiro, muitas vezes já soa ultrapassado em setembro. Esse ritmo frenético coloca em xeque um modelo de aprendizado que funcionou bem por décadas em outras áreas: os cursos pontuais, estruturados para oferecer uma formação “fechada” em determinado período de tempo.
No universo da IA, esse formato já não dá conta. O profissional que se limita a um curso realizado meses atrás corre o risco de sustentar sua prática em ferramentas, métodos ou conceitos que rapidamente perderam relevância. É nesse contexto que o valor das comunidades digitais se revela essencial, algo que já enxergamos nativamente mais forte nas comunidades web3.
Segundo o World Economic Forum, 60% dos trabalhadores precisarão de requalificação até 2027 — e as tecnologias emergentes, como IA e machine learning, estão entre os principais motores dessa transformação. A McKinsey reforça o diagnóstico: mais de 50% das empresas globais já incorporaram IA em pelo menos uma área de negócio. O mercado está em mutação permanente, e quem não acompanha em tempo real inevitavelmente fica para trás.
O papel das comunidades no aprendizado contínuo
É aqui que as comunidades digitais ganham protagonismo. Diferentemente dos cursos tradicionais, nelas o conhecimento não se esgota em uma apostila ou em uma gravação. Ali estão as discussões do dia a dia, as novidades que acabaram de surgir, os erros compartilhados, as soluções criadas de forma colaborativa e os aprendizados que só emergem da troca entre pares.
Outro ponto relevante é a consolidação do conhecimento. Em vez de dispersar conteúdos em podcasts, newsletters, redes sociais e cursos isolados, a comunidade reúne tudo em um só espaço. Isso não apenas facilita a organização, como potencializa a absorção, já que o aprendizado acontece de forma integrada, em múltiplos formatos e de maneira recorrente.
A Harvard Business Review reforça esse argumento: o aprendizado social — ou seja, em grupo, por meio da colaboração — pode ser até 75% mais efetivo que o individual. É exatamente esse o diferencial das comunidades em IA: além de transmitir informação, elas estimulam o debate, o questionamento e a experimentação em tempo real.
O futuro é recorrente, não pontual
A Inteligência Artificial não desacelera. Novos modelos mais potentes surgem a cada mês, aplicações inéditas se multiplicam em diferentes setores, regulamentações são discutidas e ferramentas conquistam ou perdem espaço em questão de semanas. Nesse cenário, cursos pontuais — por mais bem estruturados — não acompanham a dinâmica.
As comunidades, ao contrário, oferecem aquilo que esse mercado exige: atualização constante, diversidade de perspectivas e aprendizado prático, vindo de quem está testando e criando agora.
Quem deseja se manter competitivo em IA precisa compreender que o valor não está em colecionar certificados isolados, mas em mergulhar em ecossistemas que respiram inovação diariamente. Na economia do conhecimento acelerado, não é o diploma que abre caminhos, e sim a capacidade de aprender continuamente e se manter em movimento.
*Deco Montenegro é sócio-fundador da Cultura Builder, programa brasileiro de formação e aceleração de talentos em tecnologia. Empreendedor serial, é também fundador da Liqi (fintech brasileira especializada em soluções blockchain) - sendo especialista em web3.0, blockchain, DeFi, NFTs e token-economia.
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JOANA MONTEIRO DE CASTRO CARVALHO
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