Como os eventos internos estão virando o jogo na retenção de talentos

Por Andreza Santana, General Manager da MCM Brand Experience

DANIELA SANTOS
20/08/2025 16h53 - Atualizado há 16 horas

Como os eventos internos estão virando o jogo na retenção de talentos
Divulgação

A maneira como uma empresa trata seus colaboradores diz mais sobre sua marca do que qualquer campanha externa.

Em um cenário de exigências por flexibilidade, propósito e conexão, as empresas enfrentam o desafio de engajar equipes e reter talentos, especialmente diante de mudanças profundas nas relações entre pessoas e trabalho. E há um recurso estratégico muitas vezes subestimado: os eventos internos.

Mais do que confraternizações ou ações pontuais no calendário corporativo, os eventos internos vêm ganhando status de ferramenta estratégica. Quando bem planejados, são capazes de fortalecer vínculos emocionais, traduzir a cultura organizacional na prática e aumentar significativamente o senso de pertencimento entre os colaboradores.

Segundo o relatório State of the Global Workplace 2023, da Gallup, apenas 23% dos trabalhadores no mundo se dizem realmente engajados com o trabalho — e o índice no Brasil é ainda menor. Esse dado preocupa porque está ligado à produtividade, inovação e retenção. Nesse contexto, os eventos internos surgem como um meio eficaz para criar conexões reais entre as pessoas, promover diálogo, valorizar talentos e reforçar os valores da organização.

As experiências internas mais eficazes são aquelas que combinam os três “P’s” fundamentais: presença, propósito e personalização. Não é o formato que determina o sucesso de um evento, mas sim a intenção por trás de cada detalhe. Um simples café da manhã com a liderança pode ser transformador quando proporciona escuta ativa, compartilhamento de visões e reforço da cultura.

Em 2023, por exemplo, apoiamos uma multinacional do setor de tecnologia que enfrentava alto índice de rotatividade em áreas técnicas. A partir de uma troca com os times, em parceria com o RH, desenvolvemos um evento presencial com experiências imersivas, rodas de conversa e construção de valores. O resultado foi expressivo: em apenas três meses, o NPS (Net Promoter Score) interno cresceu 28 pontos e a evasão da área caiu 12%. Casos como esse mostram que não se trata de ações isoladas, mas de uma abordagem consistente de experiência do colaborador.

Mesmo com a adesão crescente ao trabalho híbrido, o ambiente presencial ainda se mostra insubstituível para gerar vínculos emocionais. Estudos recentes da Deloitte e da McKinsey indicam que o senso de pertencimento é um dos principais medidores de engajamento. Essa conexão se fortalece em interações reais: com troca genuína, linguagem corporal e reconhecimento mútuo.

Mas para que o evento interno cumpra seu papel, é essencial evitar armadilhas comuns, como: falta de propósito claro, desalinhamento com a cultura da empresa, excesso de formalidade, distanciamento da liderança e ausência de diversidade nos formatos e nas vozes participantes. 

Outro ponto crucial é a mensuração de impacto. Hoje, mais do que pesquisas de satisfação, utilizamos indicadores como NPS interno, adesão, participação ativa e dados de clima organizacional e retenção. Por meio de ferramentas de people analytics, conseguimos correlacionar os eventos com KPIs de negócio, evidenciando seu valor estratégico.

A liderança, por sua vez, tem papel central nesse processo. Quando os líderes participam ativamente dos eventos, compartilhando histórias, ouvindo de forma genuína e cocriando soluções, valorizam talentos e transformam colaboradores em embaixadores espontâneos da cultura da empresa.

Investir em eventos internos também tem impacto direto na construção da marca empregadora. Experiências bem planejadas reforçam a percepção da empresa como um bom lugar para se trabalhar, valorizam talentos e transformam colaboradores em embaixadores espontâneos da cultura organizacional.

Entre as tendências mais recentes, destacam-se a hiperpersonalização da experiência, a integração de tecnologias imersivas como realidade aumentada e inteligência artificial, a cocriação de narrativas com os colaboradores, os espaços seguros de escuta e os formatos híbridos com foco em equidade. 

Em resumo, os eventos internos deixaram de ser um “extra” ou um gesto simbólico. Tornaram-se alavancas poderosas para construir cultura, engajar pessoas e reter talentos. Empresas que reconhecem esse potencial e investem com intencionalidade já colhem os frutos: times mais conectados, marcas mais humanas e resultados mais consistentes.

Mais do que seguir modismos, o desafio está em criar experiências com significado, aderentes ao momento da empresa e à identidade de quem está construindo a jornada.

Sobre Andreza Santana

Andreza Santana, atualmente atua como General Manager na MCM Brand Experience. Possui mais de 20 anos de experiência em marketing, inovação e novos negócios. Com uma carreira marcada por passagens em empresas como Natura, Vivo e Electrolux, além de vivências internacionais na França e EUA, Andreza foi pioneira no e-commerce brasileiro ao atuar no Submarino. Reconhecida por sua visão estratégica, lidera a MCM com foco em inovação e excelência na criação de experiências únicas.


 

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DANIELA SANTOS ALBUQUERQUE
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