Concepção indígena sobre tempo e futuro pontuou a conferência de quarta-feira na 24ª FIL

Verbo Nostro
21/08/2025 18h55 - Atualizado há 4 horas

Concepção indígena sobre tempo e futuro pontuou a conferência de quarta-feira na 24ª FIL
Conferência com Geni Nunez e Auritha Tabajara_Credito Sté Frateschi
Ribeirão Preto (SP), 21 de agosto de 2025 - De volta à FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, a psicóloga e ativista indígena guarani Geni Núñez dividiu o palco da sala principal do Theatro Pedro II com a também indígena, Auritha Tabajara, cordelista e contadora de histórias, ganhadora do Prêmio Jabuti 2024, na abordagem do tema Futuros Possíveis - Povos Indígenas, um desdobramento da temática central da 24ª edição do evento. Na abertura, Auritha Tabajara cantou uma música tradicional de seu povo, em reverência à sua ancestralidade, à ancestralidade guarani de Geni Núñez, e à ancestralidade de todos da plateia.

A psicóloga Geni iniciou sua fala agradecendo o convite da FIL. “É muito especial estar novamente nesta feira, ao lado da Auritha, uma das nossas grandes referências da literatura indígena, e cuja relação com a escrita e com a palavra é também fruto da nossa luta”. A ativista falou sobre o que ela acredita ser a maior força colonial sobre os indígenas. “Creio que essa força esteja naquilo que é posto em nome do bem, do amor, da família, de Deus, do futuro. E esse nosso encontro aqui é para, também, nos voltarmos à questão de avaliar o grau de alegria em nossa vida não pelo que virá, pelo progresso, mas pelo que temos agora. Se gostamos da nossa vida como ela está hoje, a propaganda de ter uma vida melhor não fica tão forte”, disse Geni Núñez, inserindo a reflexão sobre o que é progresso, o que é ser um povo desenvolvido, o que é ter vida melhor, a partir das crenças e conceitos impostos pela população não indígena.


A palestrante citou a fala de um cacique de seu povo sobre não haver indígenas batendo às portas das casas tentando impor sua palavra a quem quer que seja. “Isso não acontece porque nós, indígenas, não achamos que nosso modo de pensar é superior ao do mundo todo. Não cremos nessa monocultura de pensamento e de existência”, salientou. Outro aspecto abordado foi a visão de que indígenas precisam aprender, crescer e se desenvolver. “É a ideia que o povo indígena precisa evoluir, progredir e melhorar porque somos atrasados. Tudo sob uma capa de ser tudo isso algo bom. Mas a gente tem certa desconfiança com o que é chamado de progresso e evolução. E isso também tem ligação com a questão do tempo, do futuro”, pontuou Geni Núñez, que é doutora em Ciências Humanas, destacando a luta do movimento indígena para que vozes como a sua e de Auritha sejam escutadas.

Queria ser um grão
Auritha Tabajara falou sobre os conceitos de erro e sobre seu desejo de florescer dentro dos ensinamentos de seu povo. “Sempre acompanhei meus avós e pais no remexer da terra e adorava revirá-la dias depois do plantio para ver o crescimento das sementes. E pensava que também queria ser semente e brotar”. Na escola regular, ela conta que era colocada de castigo por ser inquieta. Na aldeia, ela explicou que não existe essa prática: “as crianças aprendem por meio da contação de histórias, com respeito à sua voz”. Foi nesse contraste que, aos nove anos, Auritha escreveu seu primeiro texto, chamado Grão, como forma de expressar o desejo de brotar.

Etnogenocídio
Geni Núñez abordou as consequências históricas do Estatuto do Índio, lembrando que, antes de sua criação, eram profissionais não indígenas que definiam quem era ou não indígena, com base em critérios considerados científicos. Segundo ela, essa prática comprometeu a autonomia dos povos originários e invisibilizou suas narrativas. Em sua participação, destacou que sua pesquisa se concentra nas perspectivas Guaranis sobre a colonização e compartilhou alguns de seus poemas com o público.

A programação completa da FIL 2025 está disponível no site da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto: www.fundacaodolivroeleiturarp.com. A realização da FIL conta com a parceria da Prefeitura Municipal por meio das Secretarias de Governo, Casa Civil, Educação, Cultura e Turismo, Infraestrutura, Meio Ambiente, Esportes, Fiscalização Geral e Saerp; do Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria Estadual da Cultura, Economia e Indústrias Criativas, Sesc e Senac.

Sobre a FIL
A FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto) consagrou-se como um dos maiores eventos culturais do país e tornou-se internacional em 2020. Possui 25 anos de história e realiza neste ano a sua 24ª edição. A cada ano, a programação reúne autores, artistas, intelectuais, educadores, estudantes e participantes de diversas localidades. Todas as atividades são gratuitas e abertas à população, o que consolida o objetivo primordial de fomentar a leitura e de contribuir para ampliar os números de leitores do país. Em 2024, o evento registrou público de 250 mil pessoas, presença de 260 escritores e mais de 400 atividades realizadas. O impacto na economia de Ribeirão Preto foi da ordem de R$ 5 milhões. 

Patrocínio Diamante: Usina Alta Mogiana
Patrocínio Ouro: GS Inima Ambient 
Patrocínio Prata: Necta Gás Natural e Savegnago
Patrocínio: Apis Flora, AZ Tintas, Caldema, Caseli Tracan, Engemasa, RibeirãoShopping, Riberfoods, Pedra Agroindustrial S/A e TMA Máquinas.  

Instituição Cultural: Sesc e Senac
Apoio Cultural: ACI-RP, Automotiva Cestari, Lopes Material Rodante, Macopema, Monreale Hotel, Santiago e Cintra Geotecnologias, Grupo Suprir, Tonin Superatacado e Santa Helena.

Apoio Institucional: Fundação Dom Pedro II, Theatro Pedro II, Biblioteca Sinhá Junqueira, CUFA Ribeirão Preto, Ong Arco-Íris, Coletivo Abayomi, A9 - Água Alcalina, Alma (Academia Livre de Música e Arte), IPCIC - Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais, Casa Grafite Comunicação e Cultura, Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto, ETEC José Martimiano da Silva, Educandário, Sesi, Centro Universitário Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), Faculdade Metropolitana, Adevirp, Fundação Dorina Nowill Para Cegos, Ann Sullivan do Brasil, Associação de Surdos de Ribeirão Preto, Caeerp, Dr. Cãopaixão - Projeto Cães de Terapia, Fada, RibDown, NeuroRib, Conventions & Visitors Bureau, Painew, Verbo Nostro Comunicação Planejada, Film Commission da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, Instituto do Livro, RPMobi, Coderp, Guarda Civil Municipal e Polícia Militar.

Mais informações:
www.fundacaodolivroeleiturarp.com
Instagram: @fundacaolivrorp
Facebook: @fundacaodolivroeleiturarp
YouTube: /FeiraDoLivroRibeirao 
Twitter: @FundacaoLivroRP

Sobre a Fundação
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela realização da Feira Internacional do Livro da cidade, hoje considerada a segunda maior feira a céu aberto do país e também por feiras em municípios do interior paulista. Com trajetória sólida, projeção nacional e agora internacional, a entidade estabeleceu sua experiência no setor cultural e, atualmente, além da feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.


 

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VALTER JOSSI WAGNER
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