Poesia clássica ganha beats de rap em projeto inovador com IA em Parna Rappers, de Gabriel Gil

Publicitário carioca Gabriel Gil transforma sonetos parnasianos em clipes de rap com ajuda de inteligência artificial

VERIANA RIBEIRO
30/07/2025 15h17 - Atualizado há 19 horas

Poesia clássica ganha beats de rap em projeto inovador com IA em Parna Rappers, de Gabriel Gil
Acervo Pessoal

O projeto Parna Rappers, criado pelo publicitário carioca Gabriel Gil Carregal está transformando a forma como a poesia clássica é consumida pelas novas gerações. Combinando sonetos de autores parnasianos com batidas de rap e imagens geradas por inteligência artificial, a iniciativa resgata versos centenários e os reposiciona no cenário cultural contemporâneo. "A ideia era conectar os poemas antigos com a energia dos beats atuais", explica Gabriel. O vídeo do Artur Azevedo no rap foi ganhador na categoria vídeo vertical no Festival do Minuto, na edição do mês de junho.

O processo criativo começa pela música, produzida na plataforma Suno, onde diferentes batidas são testadas até encontrar a que melhor se adapta ao poema. Em seguida, imagens dos poetas, reimaginados como rappers modernos, são geradas por ferramentas como ImageFX, Runway e Flux Kontext. "Manter a consistência do personagem é um desafio. Cada cena de dez segundos pode exigir dezenas de tentativas até ficar perfeita", revela. Desde abril, já são 20 clipes, em vídeos verticais, que mesclam performance e poesia, com os versos originais exibidos como letras de música. 

A escolha dos poemas segue critérios estratégicos: além da métrica rígida dos parnasianos (que se encaixa naturalmente no ritmo do rap), o fato de os autores já estarem em domínio público facilita questões de direitos autorais. "Alma Viúva", de Luís Delfino, foi um dos mais desafiadores: "A IA insistia em gerar vozes com sotaque português, provavelmente por causa das palavras e formalidade dos versos. Precisei encontrar um caminho alternativo", conta Gabriel. A adaptação, no entanto, preserva integralmente os textos originais, sem cortes ou alterações.

Com planos de expandir o acervo para 50 clipes, Gabriel está fazendo novos lançamentos nas plataformas digitais (Spotify, YouTube, Instagram e TikTok) e prepara uma apresentação no HackTown, que acontece no sábado, dia 2 de agosto. E mesmo fora do escopo inicial, pedidos do público já influenciam a curadoria: "Augusto dos Anjos não era parnasiano e não estava na lista, mas se tem um lugar para licença poética, é na poesia". 

Confira “Olavo Bilac no rap”: https://www.youtube.com/shorts/uOwHSI_E-G4 

Confira “Artur Azevedo no rap”: https://www.youtube.com/shorts/vCUKr7tbqk0 

Confira “Raimundo Correia e o Mal Secreto no rap”: https://www.youtube.com/shorts/xwNpJaUcBoo 

IA como aliada da autoria criativa

O público tem respondido com entusiasmo. Professores destacam o potencial didático do projeto, e nas redes sociais, comentários como "Isso é releitura de algo imortal" e "Eu pagaria pra ir num show" viralizaram. Para Gabriel, a IA é uma ferramenta, não uma ameaça: "Tudo depende de como é usada. Aqui, ela amplifica a literatura, não a substitui". Ele cita um feedback que sintetiza o objetivo do Parna Rappers: "O que antes exigia decifração agora convida à escuta".

Comentando o caso recente do concurso literário que foi cancelado após a identificação do uso de IA nos livros, Gabriel ressalta que o problema não está no uso da ferramenta: "A IA não fez isso sozinha, alguém agiu de má fé, fez os textos e enviou pro concurso sabendo o que estava fazendo. O Parna Rappers usa IA como uma aliada, dando nova vida a poemas antigos. Pode ser que o projeto alcance alguém que se interesse por poemas antigos e com isso passe a produzir. Nesse caso, a IA teria estimulado a autoria criativa".

Ele reforça que as ferramentas de inteligência artificial não substituem a expressão artística, mas podem desafiar os autores, expandir os projetos e coexistir com outras ações. "Talvez aconteça algo semelhante ao que vimos com o início do Instagram, quando todo mundo virou fotógrafo, e com o crescimento dos vídeos nas redes sociais, em que todo mundo gera conteúdo. Vai vir uma montanha de coisas. Vamos ver o que vai ficar de legal e o que vai ser esquecido", diz.


 

Sobre o idealizador do projeto

Gabriel Gil Carregal é carioca, publicitário formado pela UFRJ há mais de quinze anos, com prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais para diversos clientes. Nos últimos anos, vem explorando as possibilidades da inteligência artificial para criar ainda mais possibilidades criativas.

Siga o projeto nas plataformas digitais

Spotify: http://bit.ly/3Gvdp1x 

YouTube: https://www.youtube.com/@parnarappers 

Instagram: https://www.instagram.com/parnarappers/ 

TikTok: https://www.tiktok.com/@parnarappers 


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