O cenário econômico brasileiro no primeiro semestre de 2024 foi marcado por um ciclo agressivo de aperto monetário, com a taxa Selic alcançando 14,75%, segundo o Banco Central. Essa elevação impactou diretamente a oferta de crédito e encareceu o custo do capital, afetando a dinâmica de consumo e os investimentos no varejo.
De acordo com o IBGE, mesmo com esse ambiente desafiador, o varejo registrou crescimento de 1,8% no primeiro trimestre, sustentado, em grande parte, pelo aumento do endividamento das famílias e uso de reservas financeiras. Para os supermercados, o desafio central passa a ser o reposicionamento estratégico de preços, de forma que proteja a margem sem afastar o consumidor.
Apesar da leve recuperação registrada, o otimismo precisa ser cauteloso. “Esse desempenho do varejo foi pontual e não reflete uma retomada sólida. Os juros continuam em patamar elevadíssimo, o crédito segue escasso e a economia ainda carece de fundamentos estruturais que sustentem o crescimento a longo prazo. A expectativa é que, sem reformas fiscais concretas, o segundo semestre traga menor fôlego para o consumo e maiores pressões sobre os preços”, afirma Lígia Lopes, CEO da Teros, plataforma de automação inteligente que transforma dados em resultados.
A instabilidade fiscal tem sido outro fator crítico. O governo federal aposta em medidas arrecadatórias como aumento de IOF e taxações sobre investimentos, mas evita cortes significativos nos gastos públicos. Essa postura tende a aumentar o risco-país, elevar o custo de operação das empresas e limitar o apetite por investimentos.
Conforme Lígia, é um ambiente de imprevisibilidade, que obriga o varejo a operar de maneira defensiva e a ajustar sua política de pricing de forma criteriosa, especialmente nos supermercados, onde o consumidor é muito sensível a variações de preço.
Outro ponto que impacta diretamente os custos operacionais é o câmbio. A cotação do dólar, que chegou a R$ 6,00 no início do ano, caiu para R$ 5,50, o que oferece um alívio momentâneo nos preços de produtos importados e insumos. No entanto, analistas alertam que essa valorização do real é temporária. Sem avanço em reformas estruturais, o dólar tende a voltar a subir, pressionando os preços dos alimentos e embalagens. Isso reforça a importância de estratégias como hedge cambial e renegociação de contratos com fornecedores.
“Neste contexto, o supermercadista precisa agir com prudência e visão estratégica. Ajustar custos, reforçar o capital de giro, apostar em canais digitais e manter a flexibilidade comercial são medidas essenciais para atravessar o segundo semestre. Vivemos um momento de dura liturgia econômica: juros recordes, câmbio volátil e um governo que aposta em arrecadação improvisada. A melhor resposta é uma gestão eficiente e um pricing inteligente, que proteja margens sem perder a confiança do consumidor”, ressalta a porta-voz da Teros.
Ainda, para a CEO, a palavra de ordem no setor supermercadista é resiliência, uma vez que o consumidor segue em busca de ofertas, substituindo marcas, reavaliando hábitos e pressionando o varejo por preços mais justos. Nesse cenário, a especialista destaca que ganha competitividade quem souber ler o mercado, se adaptar com agilidade e equilibrar rentabilidade e percepção de valor sem perder de vista o caixa.
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GIOVANNA REBELO ALVES
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