Todas as sextas-feiras, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Real Parque, localizada na zona sul de São Paulo, realiza atendimentos dedicados à população indígena residente na região. A iniciativa é voltada principalmente ao povo Pankararu, originário do sertão de Pernambuco, e busca garantir o acesso à atenção primária de forma contínua e culturalmente adequada.
Atualmente, mais de 1,200 indígenas não aldeados estão cadastrados na unidade, sendo cerca de 600 moradores do território. A equipe de saúde da família — composta por médicos, enfermeiros, técnicos, agentes comunitários e agentes indígenas de saúde — atua em ações que vão desde consultas e vacinação até o acompanhamento de doenças crônicas e orientações preventivas.
Segundo a coordenação da UBS, o atendimento diferenciado ocorre em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e com lideranças indígenas. Além das consultas, a unidade promove atividades complementares, como grupos de acupuntura, oficinas de ervas medicinais e eventos culturais que fortalecem o vínculo comunitário, como o ritual do Toré.
Para os profissionais da unidade, o diálogo e o respeito às tradições são fundamentais para o sucesso do atendimento. Estratégias simples, como o uso de linguagem acessível e a personalização do acompanhamento com apoio dos agentes indígenas, contribuem para a adesão aos tratamentos e para o fortalecimento da confiança entre comunidade e equipe de saúde.
A UBS Real Parque é hoje referência no cuidado à saúde indígena em contexto urbano, recebendo visitas técnicas de outras cidades para troca de experiências. O modelo, que combina o conhecimento tradicional e o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), se consolidou como exemplo de integração entre culturas e políticas públicas de saúde.