Setembro Amarelo: os riscos de substituir a terapia humana por ferramentas como o ChatGPT
Neuropsicóloga Nathalie Gudayol alerta para os perigos da “terapia digital” sem acompanhamento profissional e reforça a importância da escuta qualificada no cuidado com a saúde mental
SARAH MONTEIRO
08/09/2025 13h34 - Atualizado há 8 horas
Divulgação
A campanha Setembro Amarelo, voltada para a prevenção do suicídio e valorização da vida, ganha uma reflexão urgente em tempos de hiperconexão: o uso de ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, em substituição ao acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. O tema ganhou destaque após o caso recente de um adolescente que se suicidou depois de buscar apoio emocional exclusivamente por meio de conversas com o ChatGPT. O episódio chamou a atenção de especialistas para os riscos de tratar a inteligência artificial como substituta de um processo terapêutico humano. Para a neuropsicóloga Dra. Nathalie Gudayol, a situação expõe um problema grave. “A inteligência artificial não é capaz de estabelecer vínculo terapêutico, compreender nuances emocionais ou oferecer acolhimento genuíno. Quando alguém em sofrimento procura respostas apenas em um robô, está vulnerável a receber orientações superficiais, incompletas ou até equivocadas. Isso pode agravar crises em vez de resolvê-las”, explica. Automedicação digital: uma armadilha perigosa O fenômeno da chamada “automedicação digital” — recorrer à internet ou à IA como substitutos do cuidado humano — vem crescendo, especialmente entre jovens. Sem acompanhamento adequado, a pessoa em sofrimento pode se sentir ouvida momentaneamente, mas sem receber orientação clínica ou suporte de emergência. “A terapia não é um conjunto de respostas prontas. É um processo profundo, que exige escuta, análise e intervenções personalizadas. A máquina pode simular diálogo, mas não tem a capacidade de identificar risco iminente de suicídio ou de intervir de maneira ética e responsável”, reforça Gudayol. Tecnologia como aliada, não como substituta A especialista ressalta que a tecnologia pode ter um papel positivo quando usada como complemento — por exemplo, em aplicativos que facilitam o acesso à informação de qualidade, à meditação guiada ou ao acompanhamento de hábitos de saúde mental. “O problema começa quando ela passa a ser tratada como substituta do atendimento profissional. A IA pode ajudar, mas nunca terá a profundidade, a sensibilidade e a ética de um psicólogo ou psiquiatra”, observa a neuropsicóloga. O recado do Setembro Amarelo A mensagem da campanha é clara: saúde mental precisa ser tratada com seriedade. Para quem enfrenta sofrimento intenso, o cuidado passa por buscar profissionais habilitados, capazes de propor diagnósticos, terapias e acompanhamento individualizado. “A vida é insubstituível. Precisamos reforçar que pedir ajuda é um ato de coragem e que a presença de um profissional faz toda a diferença. Nenhuma tecnologia será capaz de ocupar esse lugar”, conclui a Dra. Nathalie Gudayol. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
SARAH MONTEIRO DE CARVALHO
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