O mito das oito horas de sono: por que a regularidade é mais importante que a quantidade

Especialista em medicina do sono Gleison Guimarães explica como a qualidade do descanso está ligada à consistência dos horários e não apenas à duração

SARAH MONTEIRO
08/09/2025 09h43 - Atualizado há 8 horas

O mito das oito horas de sono: por que a regularidade é mais importante que a quantidade
Divulgação
Por décadas, consolidou-se a ideia de que uma noite de sono ideal deveria ter oito horas ininterruptas. O número virou referência em matérias, conversas cotidianas e até em recomendações médicas simplificadas. Mas, segundo a medicina do sono, essa é uma crença que não se sustenta de forma absoluta.

De acordo com o médico Dr. Gleison Guimarães (RQE 14547 | 14548 | 21017), especialista em Medicina do Sono e Medicina Respiratória e professor da UFRJ, a equação é mais complexa. “Dormir oito horas não garante, por si só, uma boa qualidade de sono. O fator mais importante é a regularidade. Deitar e acordar em horários consistentes treina o relógio biológico e permite que o corpo organize seus ciclos de forma saudável”, explica.


O papel da regularidade

O sono é regulado pelo ritmo circadiano, espécie de relógio interno influenciado por fatores como luz, temperatura e rotina. Quando há irregularidade — como dormir cinco horas em um dia e dez em outro —, o organismo se desorienta, comprometendo a reparação física e mental.
“É como se o corpo não soubesse mais em que momento precisa descansar ou estar ativo. Essa instabilidade aumenta o risco de fadiga, problemas de memória e até doenças cardiovasculares”, aponta o especialista.

Sono, saúde e desempenho

Estudos mostram que a má qualidade do sono está associada a maior risco de obesidade, depressão, hipertensão e queda no desempenho cognitivo. “Mais do que contar horas, precisamos pensar em consistência. Quem dorme seis horas todos os dias em um mesmo horário pode ter mais qualidade de vida do que alguém que dorme oito, mas de forma irregular”, reforça Guimarães.

Como melhorar a rotina de sono

Entre as recomendações práticas do especialista estão:
                •             Definir horário fixo para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana.
                •             Evitar o uso de telas pelo menos uma hora antes de deitar.
                •             Manter o quarto escuro, silencioso e em temperatura agradável.
                •             Limitar o consumo de cafeína até oito horas antes de ir dormir e álcool no período da noite.
                •             Praticar atividade física regularmente, mas não em horários muito próximos ao sono.

Desconstruindo o mito

Para o Dr. Gleison Guimarães, é hora de atualizar o entendimento sobre o sono. “Não existe fórmula mágica ou número perfeito. O que existe é a necessidade de respeitar a individualidade biológica e, acima de tudo, manter regularidade. Esse é o segredo para noites realmente reparadoras”, conclui.

 

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
SARAH MONTEIRO DE CARVALHO
[email protected]


Notícias Relacionadas »