Acessibilidade à tecnologia é tão importante quanto a própria inovação

CEO da Seegene Brasil foi palestrante de um dos mais importantes eventos da indústria de inovação em saúde

JOSé LUCHETTI
22/08/2025 11h14 - Atualizado há 5 horas

Acessibilidade à tecnologia é tão importante quanto a própria inovação
Divulgação Seegene/ABIIS

Em um dos painéis mais aguardados do X Fórum da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde – ABIIS – realizado na sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa –, em Brasília/DF, a discussão sobre inovação foi além do óbvio. Em vez de listar as soluções mais futuristas disponíveis no mercado, o CEO da Seegene Brasil, o biólogo Guilherme Ambar trouxe uma reflexão essencial: o que realmente significa futuro na saúde? “Seria apenas a adoção do que há de mais moderno ou a capacidade de tornar tecnologias acessíveis para todos?”, provocou a plateia. 

O conferencista iniciou resgatando uma linha do tempo de grandes marcos da medicina. Do estetoscópio em 1816 ao raio-x no fim do século XIX, passando pelas máquinas de diálise, marcapassos, PCR e sequenciamento genético, até chegar às cirurgias robóticas e às impressoras 3D. “A história mostra que muitas das ‘novidades’ que hoje consideramos revolucionárias já vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas há décadas”, contextualizou dentro do tema central do debate que foi a inteligência artificial (IA). “Embora esteja em evidência atualmente, seu uso na saúde remonta aos anos 1970, com sistemas capazes de auxiliar diagnósticos bacterianos”, completou Guilherme Ambar. 

Para o CEO da Seegene, se por um lado a IA viveu períodos de descrédito — os chamados “invernos da inteligência artificial” —, avanços recentes em deep learning e sistemas generativos democratizaram o acesso e multiplicaram as aplicações. Ainda assim, o palestrante destacou que o grande desafio não está em desenvolver ferramentas cada vez mais sofisticadas, mas em garantir que elas sejam escaláveis, simples e economicamente viáveis. “A pandemia reforçou essa lição: de nada adianta tecnologia de ponta se ela não consegue chegar de forma rápida e ampla à população”, lembrou. 

Entre os exemplos de inovação promissora citados pelo biólogo, estão os wearables que monitoram sinais vitais, a cirurgia robótica cada vez mais acessível, a nanotecnologia voltada à medicina personalizada, a realidade aumentada aplicada a treinamentos e cirurgias, além da telemedicina e dispositivos domiciliares. “Até o 5G, ainda que não seja um dispositivo médico, é essencial para viabilizar soluções em locais antes desassistidos”, completou. Outro ponto de destaque foi o avanço do conceito de data as a service: bancos de dados estruturados e de qualidade, fundamentais para que a IA entregue valor real. 

O executivo também ressaltou o papel estratégico das startups no setor. “Enquanto grandes empresas tendem a apostar em melhorias incrementais em produtos já consolidados, é no ecossistema de inovação que surgem as soluções realmente disruptivas — e que precisam de apoio para superar barreiras regulatórias e de mercado”, defendeu. 

O tom otimista marcou o encerramento da apresentação. Segundo o biólogo, o Brasil tem se mostrado um exemplo positivo, com movimentos das agências regulatórias e da própria indústria no sentido de democratizar o acesso às inovações. “Às vezes é preciso dar um passo para trás para dar dois à frente. O futuro não é apenas o mais moderno: é o que chega às pessoas”, concluiu. 

 


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JOSE ROBERTO LUCHETTI
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FONTE: Guilherme Ambar da Seegene Brasil
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