Harmonizações inesquecíveis: como escolher o vinho certo para pratos típicos brasileiros

Estudo da Banca do Ramon destaca combinações que valorizam a riqueza da gastronomia regional e o paladar nacional

STEFANI QUARESMA
21/08/2025 20h08 - Atualizado há 8 horas

Harmonizações inesquecíveis: como escolher o vinho certo para pratos típicos brasileiros
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O Brasil é um país de dimensões continentais, marcado por uma diversidade cultural e gastronômica incomparável. Em cada canto do país, os sabores refletem a história, os ingredientes locais e as tradições que fazem de cada prato uma expressão única da identidade regional. Pensando nisso, a Banca do Ramon realizou um levantamento especial que mapeia as melhores harmonizações entre vinhos e pratos típicos das diferentes regiões brasileiras. O resultado é um panorama fascinante que mostra como a escolha do vinho pode transformar a experiência gastronômica e fortalecer o vínculo com a cultura local.

 

Mais do que uma bebida para ocasiões especiais, o vinho se mostra um aliado que eleva sabores e traz novos sentidos à mesa brasileira. O estudo da Banca do Ramon comprova que, mesmo diante de ingredientes e preparos tão variados, existem vinhos capazes de conversar perfeitamente com a riqueza da culinária nacional, valorizando cada receita com equilíbrio e personalidade.

Norte: frescor e intensidade em pratos regionais

 

No Norte do país, onde os ingredientes nativos como o tucupi, o jambu e o peixe fresco dominam, as harmonizações precisam acompanhar sabores intensos e marcantes. Pratos como o Pato no Tucupi (Pará), Caldo de Tambaqui (Amazonas) e Pescada de Gurijuba (Amapá) pedem vinhos que tragam frescor e boa acidez para equilibrar a gordura e as especiarias.

 

Para acompanhar essas delícias, o estudo indica vinhos brancos como o Bourgogne Aligoté Joseph Drouhin, que oferece leveza e notas cítricas ideais para os pratos com tucupi e jambu, além do Amayna Sauvignon Blanc, que casa com a intensidade dos frutos do mar. Já os vinhos tintos leves, como o Montes Alpha Special Cuvée Pinot Noir, se destacam como opções versáteis para a diversidade da região.

 

Centro-Oeste: aromas marcantes e sabores terrosos

 

Na região Centro-Oeste, pratos como o Arroz com Pequi (Goiás) e o Arroz Boliviano (Mato Grosso do Sul) trazem aromas e sabores terrosos, que combinam com vinhos que apresentem estrutura e complexidade. O Pequi, fruto símbolo de Goiás, exige uma harmonização delicada, sendo o Royal Palmeira um vinho branco recomendado para acompanhar sem sobrepor o sabor único do prato.

 

Para o Arroz Boliviano, que é rico e robusto, a sugestão da Banca do Ramon é harmonizar com vinhos brancos como o Catena Chardonnay ou tintos estruturados como o Garzon Tannat Reserva. Essa combinação ajuda a equilibrar a intensidade dos ingredientes como a carne moída, a banana da terra e a batata frita, criando um casamento de sabores que realça cada elemento do prato.

 

Nordeste: tradição e intensidade em cada garfada

 

A região Nordeste é conhecida por seus pratos com sabores fortes e marcantes, muitas vezes com ingredientes como azeite de dendê, leite de coco e pimenta. O estudo destaca pratos como o Acarajé (Bahia), a Moqueca de Camarão (Sergipe) e o Sarapatel (Pernambuco).

 

Para o Acarajé, os vinhos brancos como o Casalforte Pinot Grigio trazem frescor e notas frutadas, que contrastam com a intensidade do dendê e do camarão. Já para a Moqueca de Camarão, o Montes Alpha Special Cuvée Chardonnay é ideal, pois sua cremosidade acompanha o leite de coco e o tempero marcante do prato. No caso do Sarapatel, com sua combinação de miúdos e temperos fortes, vinhos tintos leves como o Due Lune, que mistura Nero d’Avola e Nerello Mascalese, oferecem equilíbrio e suavidade.

 

Sudeste: diversidade e sofisticação à mesa

 

O Sudeste brasileiro apresenta uma culinária diversificada, com pratos como a Feijoada (Rio de Janeiro), Virado à Paulista (São Paulo) e Moqueca Capixaba (Espírito Santo). Aqui, a harmonização com vinhos ganha contornos sofisticados, com sugestões que vão do branco fresco ao tinto estruturado.

 

Na Feijoada, um prato rico e condimentado, a Banca do Ramon recomenda vinhos brancos como o Garzon Albariño Reserva, que traz acidez vibrante e notas frutadas para cortar a gordura, além do Beaujolais Village Louis Latour, um tinto leve e frutado que complementa o prato sem pesar. O Virado à Paulista combina bem com o D.V. Catena Chardonnay-Chardonnay branco, que oferece frescor, e com o Altos de Las Hormigas Malbec Reserve, para quem prefere tinto. Já a Moqueca Capixaba, com seu sabor delicado, pede vinhos brancos elegantes como o Chablis Domaine Hamelin.

 

Sul: tradição europeia com vinhos encorpados

 

No Sul, a gastronomia tem forte influência europeia, e os pratos típicos refletem sabores marcantes, como o Churrasco (Rio Grande do Sul), Joelho de Porco (Santa Catarina) e Paçoca de Pinhão (Paraná). Para esses pratos, vinhos encorpados e estruturados se destacam.

 

O estudo indica harmonizações clássicas, como o Villa Antinori Toscana Branco para pratos à base de carne, e o El Enemigo Syrah-Viognier, que casa perfeitamente com o churrasco. No caso do Joelho de Porco, o Anselmann Riesling Trocken traz frescor para equilibrar a gordura, enquanto o Poggio Badiola (Mazzei) é uma escolha sofisticada para quem prefere tintos. Para a Paçoca de Pinhão, o Chateau Ste Michille Cabernet Sauvignon realça a robustez do prato.

 

Uma cultura que celebra vinhos e sabores regionais

 

O estudo da Banca do Ramon não apenas mapeia as harmonizações ideais, mas celebra a diversidade cultural e gastronômica do Brasil. Ao conectar cada prato típico a um vinho pensado para potencializar seus sabores, o levantamento reforça que o vinho é uma porta de entrada para uma experiência sensorial rica e autêntica.

 

Dados do mercado brasileiro apontam que o interesse pelo vinho cresce a cada ano, com consumidores buscando ampliar seus conhecimentos e experiências. Essa tendência acompanha um movimento global de valorização da gastronomia local e da harmonização consciente, onde o vinho deixa de ser mera bebida para se tornar um elemento fundamental no ritual à mesa.

 

Explorar as harmonizações indicadas pela Banca do Ramon é, portanto, também um convite para redescobrir o Brasil por meio de seus sabores, valorizando o que há de mais genuíno em cada região e fortalecendo a cultura do vinho como parte integrante da identidade nacional.


 

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STEFANI QUARESMA SAN MARTINS
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