Dia dos Pais: como celebrar sem comprometer o orçamento

Em meio ao alto índice de endividamento no país, Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP®, orienta sobre planejamento financeiro, consumo consciente e alternativas para homenagear os pais sem cair nas armadilhas do apelo emocional e das dívidas.

Adriane Schultz
05/08/2025 15h10 - Atualizado há 6 horas

Dia dos Pais: como celebrar sem comprometer o orçamento
Divulgação

À medida que o Dia dos Pais se aproxima, muitas famílias já começam a se organizar para presentear os pais. Uma pesquisa realizada pela CNDL e pelo SPC Brasil em parceria com a Offerwise Pesquisas mostra que o Dia dos Pais deve movimentar R$ 27,13 bilhões no comércio e serviços. Segundo o levantamento, 65% dos consumidores pretendem comprar presentes no Dia dos Pais neste ano. 

Mas, para além das vitrines decoradas e promoções tentadoras, o momento pede cautela, especialmente no atual cenário econômico do país. Com mais de 72 milhões de brasileiros inadimplentes, segundo dados da Serasa de julho de 2025, a celebração precisa ser planejada com responsabilidade para não comprometer o orçamento doméstico.

“O primeiro passo é avaliar o orçamento e definir um limite de gastos compatível com a sua realidade. Não existe presente que compense uma dívida que não poderá ser paga depois”, destaca Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP® e especialista em finanças comportamentais.

O alerta se justifica. De acordo com o Banco Central, mais de 48% da renda das famílias das classes C e D está comprometida com dívidas, sendo o cartão de crédito o principal vilão. Para Patzlaff, o grande erro é deixar que a emoção fale mais alto. “Datas comemorativas ativam o nosso lado emocional e, muitas vezes, o desejo de agradar se sobrepõe à racionalidade financeira. Esse é o terreno fértil para decisões impulsivas”, afirma.

É justamente essa impulsividade que leva a armadilhas comuns, como o parcelamento excessivo sem planejamento. “Parcelar pode ser um recurso útil, mas só quando o valor cabe dentro do orçamento das próximas parcelas. Se for necessário entrar no rotativo ou estourar o cartão, é melhor repensar a compra”, diz o especialista. Segundo dados do Banco Central, os juros do crédito rotativo chegaram a 436% ao ano em julho de 2025, um risco altíssimo para quem não consegue quitar a fatura no prazo.

Com o bolso apertado, muitos brasileiros estão optando por alternativas mais econômicas, mas nem por isso menos significativas. Presentes simbólicos e feitos à mão têm ganhado destaque. “Presentes afetivos costumam ter um valor emocional maior do que os caros. Uma carta, um vídeo feito pelos filhos, um café da manhã especial ou um dia de convívio são formas sinceras de homenagear, sem pesar no bolso”, lembra Patzlaff. 

Para evitar arrependimentos e gastos excessivos, a dica é se planejar com antecedência. Patzlaff recomenda a criação de uma lista com opções de presentes e valores definidos antes de iniciar as compras. “Evite navegar sem propósito por sites de varejo. Isso aumenta muito a chance de compras por impulso”, alerta. Segundo a Serasa, 64% dos consumidores que compraram por impulso em 2024 se arrependeram da compra dias depois, e 22% enfrentaram dificuldades para pagar a fatura.

A antecipação também pode garantir melhores preços. “Campanhas promocionais antecipadas, como os ‘esquentas’, costumam oferecer descontos reais. Deixar para última hora eleva o risco de pagar mais caro e reduz as opções de escolha”, observa. 

Na hora de escolher, o ideal é unir utilidade e afeto. “Presentes com propósito, como livros, itens de cuidado pessoal ou acessórios que realmente serão usados, costumam ter maior aceitação. O mais importante é conhecer o gosto do pai e fugir de modismos”, diz o planejador financeiro. 

Patzlaff também destaca a importância de envolver os filhos nesse processo. “É uma oportunidade de ensinar educação financeira na prática. Eles podem economizar um pouco por mês, criar algo com as próprias mãos ou propor um momento em família. Isso ensina que carinho e planejamento caminham juntos”, afirma.

Mais do que uma simples comemoração, o Dia dos Pais pode se tornar um momento educativo e transformador dentro de casa. “Falar sobre orçamento, comparar preços e decidir em conjunto é uma forma de fortalecer vínculos e construir uma cultura financeira saudável na família”, conclui. Um relatório da Febraban divulgado em 2025 revela que famílias que discutem abertamente sobre dinheiro têm 71% mais chances de evitar dívidas desnecessárias e manter uma reserva de emergência.

Assim, o Dia dos Pais pode e deve ser celebrado com afeto, criatividade e, acima de tudo, equilíbrio. Afinal, demonstrar amor não precisa custar caro.


 

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Guilherme Hanna Adario
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