Do brega ao beat melody: a reinvenção da música paraense no pop nacional

A voz masculina de uma nova geração que está levando os ritmos amazônicos às playlists do Brasil

TINTEIRO ASSESSORIA DE IMPRENSA
29/07/2025 07h52 - Atualizado há 19 horas

Do brega ao beat melody: a reinvenção da música paraense no pop nacional
Divulgação

Por muito tempo, o Norte do Brasil foi retratado na música nacional apenas por estereótipos ou por artistas que conseguiam romper a barreira geográfica com muito esforço. Mas esse cenário vem mudando. O que antes era regional, hoje conquista o país, com sonoridade própria, estética original e um público sedento por identidade. Entre as transformações mais notáveis, está a ascensão do chamado beat melody, herdeiro direto do brega paraense e primo próximo do tecnobrega, que agora ganha novas cores e batidas mais pop.

E é nesse caldeirão cultural que o cantor e diretor artístico Rhenan Sanches emerge como uma das principais vozes masculinas do movimento. Paraense de nascimento e de raiz, ele representa uma geração que mistura tradição e modernidade sem perder o elo com a terra, a comunidade e o palco.

Do estigma à tendência

O brega foi por muito tempo marginalizado nas grandes capitais, associado a um gosto “popular demais” para entrar nos palcos centrais da indústria musical. No entanto, nas últimas duas décadas, esse estigma começou a ruir com o sucesso de nomes como Banda Calypso, Gaby Amarantos e Dona Onete. Em 2021, quando Pabllo Vittar lançou o álbum Batidão Tropical, inspirado inteiramente em hits do Norte e Nordeste, ficou evidente: o Brasil queria dançar ao som do tecnomelody, do calypso, do carimbó.

Segundo dados da Pro-Música Brasil, o segmento de “música regional” teve aumento de 23% nas plataformas de streaming em 2023, e os ritmos do Norte estão entre os mais compartilhados nas playlists de funk e pop alternativo. A chegada do beat melody – com suas bases eletrônicas, letras românticas e refrões explosivos – representa a atualização natural dessa vertente. O som que nasceu nas aparelhagens agora reverbera em estúdios profissionais e festivais nacionais.

A construção de um novo protagonismo

Nesse novo ciclo da música paraense, chama atenção a escassez de vozes masculinas em comparação às grandes divas do gênero. É nesse vácuo que Rhenan Sanches ganha força. Com timbre marcante e presença cênica vibrante, ele assume o lugar de um intérprete que respeita o passado, mas projeta o futuro do tecnomelody.

Ao unir ritmos tradicionais com linguagem contemporânea, Rhenan amplia o alcance do que antes era restrito a circuitos locais. Mais do que um cantor, ele atua também como produtor, idealizador de eventos e representante de um Pará que não cabe mais só na própria geografia.

Identidade, não tendência passageira

Diferente de movimentos criados para “surfarem uma onda”, a música paraense carrega décadas de história, resistência e transformação. Ela nasce da oralidade, da rua, da festa, da fé e da coletividade. Por isso, mais do que um novo hit, o beat melody representa uma afirmação cultural que encontra agora o seu espaço no mainstream.

Rhenan é parte ativa desse processo. Participações em projetos audiovisuais, prêmios regionais, reconhecimento de críticos e conexão com artistas de outros estados o colocam como figura-chave no mapeamento da nova música popular amazônica. Sua estética une cor, dança, batida e narrativa – tudo o que o pop contemporâneo consome, mas com sotaque e alma do Norte.

Para onde aponta esse som?

A explosão de visualizações, a multiplicação de festivais regionais e a presença de ritmos amazônicos em realities musicais e premiações apontam que a música do Pará não é exceção, mas vanguarda. É ali, na interseção entre lambada, tecnobrega e pop, que o Brasil reencontra suas camadas esquecidas e dá voz a artistas que sempre estiveram prontos – só faltava o microfone certo.

 

Sobre Rhenan Sanches

Cantor e compositor de Belém (Pará), Rhenan transitou entre ritmos como brega, lambada, carimbó, forró e tecnomelody ao longo de cerca de 20 anos de carreira.
Ele é conhecido pelo estilo que mistura música popular regional com uma estética pop contemporânea, ganhando o apelido de “pop amazônico”.

Possui sete álbuns lançados e já gravou cerca de quatro projetos audiovisuais importantes, incluindo DVD ao vivo.

Ficou conhecido com o clipe “Bumbum Pra Trás”, divulgado pelo projeto Sons do Pará, e com o single “Sigilo”, considerado um marco do retorno ao tecnomelody.

Seu trabalho alcançou vídeos com mais de 6,5 milhões de visualizações no YouTube e cerca de 25 mil ouvintes mensais no Spotify.

Rhenan se destaca por unir musicalidade regional com linguagem moderna, produzindo para dança e festa, mas sem perder conexão com suas raízes culturais. O artista transita entre show pop e performances que valorizam a identidade amazônica


 

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PAULO NOVAIS PACHECO
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