No dia 06 de junho, celebramos o Dia Mundial do Paciente Transplantado. Uma data que carrega muito mais do que estatísticas e números: ela representa histórias de vida, superação, esperança – e, acima de tudo, amor.
Amor de quem disse “sim” no momento mais difícil. Amor de quem espera. Amor de quem recomeça depois de um transplante. E amor também de quem, como eu, precisou transformar a dor em missão.
O Instituto GABRIEL nasceu de uma experiência profundamente marcante. Em 1998, ainda durante a gestação, eu e meu marido Valdir recebemos o diagnóstico de anencefalia da nossa filha, Gabrielle. Era a segunda vez que passávamos por isso. E mesmo diante de tanto sofrimento, decidimos levar a gestação até o fim. Gabrielle viveu apenas algumas horas, mas carregava dentro de si uma possibilidade: a de salvar outras crianças através da doação de seus órgãos.
Embora a doação não tenha sido concretizada como esperávamos, aquele gesto foi o ponto de partida de uma história que, até hoje, salva, acolhe e transforma vidas. O Instituto GABRIEL foi fundado para dar continuidade àquela semente de empatia, e desde então temos atuado em prol da conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, apoiando pacientes transplantados e suas famílias, promovendo campanhas educativas e unindo esforços com escolas, universidades, empresas e o poder público.
Mas, além da celebração das vidas que foram salvas, este dia também nos lembra da realidade que ainda enfrentamos no Brasil: a longa e angustiante espera por um transplante. São milhares de pessoas na fila. E, muitas vezes, o que separa a vida da morte é apenas a decisão de uma família informada e generosa.
Infelizmente, ainda enfrentamos grandes barreiras: a desinformação, o medo, a ausência de diálogo dentro dos lares. Por isso, a nossa luta é também por conversas mais francas, por empatia e por decisões conscientes.
As pessoas costumam pensar que doar é algo raro, distante. Mas a verdade é que todos nós podemos ser doadores. E quando escolhemos estender a mão ao próximo mesmo no nosso pior momento, estamos mudando o mundo. Cada “sim” importa. Cada transplante é uma segunda chance.
Neste Dia Mundial do Paciente Transplantado, o meu convite é simples, mas profundo:
Fale sobre doação de órgãos. Converse com sua família. Informe-se. Sensibilize-se.
Porque conscientizar é salvar vidas. E salvar vidas é o maior ato de amor que existe.
Com carinho e compromisso,
Maria Inês Toledo de Azevedo Carvalho
Fundadora e presidente do Instituto GABRIEL
Saiba mais e apoie essa causa: www.gabriel.org.br
Sobre a autora: Maria Inês Toledo de Azevedo Carvalho é paulistana de nascimento e secretária executiva por formação. Atuou por muitos anos assessorando diretorias em empresas multinacionais, até tornar-se sócia do marido em um estúdio e laboratório fotográfico. Desde jovem, envolveu-se com trabalhos voluntários e, a partir de 1998, passou a se dedicar com mais intensidade ao terceiro setor.
Em 2000, fundou ao lado do marido a organização social GABRIEL, que atua na promoção da doação de órgãos e tecidos e na valorização da vida. Desde então, buscou formação contínua nas áreas da saúde e gestão social, tornando-se certificada como Conselheira Nacional de Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entre 2010 e 2013, atuou como Conselheira Municipal de Saúde de Indaiatuba (SP).
Participou de diversas campanhas de saúde, ações de mobilização e palestras em escolas, empresas e instituições, além de idealizar projetos que renderam reconhecimentos e premiações à organização. Apaixonada por música, escrita, desenho e trabalhos manuais, hoje é presidente do Instituto GABRIEL, onde segue transformando dor em propósito e informação em vidas salvas.
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VANESSA SALLES GIANELLINI
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