Em 2025, o Web Summit Rio, evento anual que acontece no Rio de Janeiro, trouxe as grandes tendências do mercado para a cidade maravilhosa. E, talvez, nenhuma delas tenha sido tão abordada quanto a inteligência artificial. Uma coisa é inegável: a IA não é mais uma palavra da moda—ela é a base de como as startups estão construindo soluções hoje em dia. Desde ferramentas preditivas no setor de healthtech até tecnologia generativa em marketing e IA conversacional em fintechs. A ferramenta dominou tanto os conteúdos dos painéis quanto as exposições das startups. Já não falamos mais de uma tendência, mas de uma camada essencial já presente - que está criando valor em diversos setores.
Outro ponto bastante abordado no evento e que pude perceber foi, ainda, uma tendência à integração profunda do WhatsApp como uma plataforma central para os negócios. O que antes era apenas um aplicativo de mensagens se transformou em um verdadeiro sistema operacional, com produtos sendo construídos diretamente sobre ele. No Brasil, vejo mais e mais empresas sendo desenhadas para o aplicativo desde o início. Não apenas como um canal de distribuição, mas onde toda a jornada do cliente acontece. Startups apresentaram soluções completas que funcionam diretamente na aplicação e vão desde a qualificação de leads e onboarding até chatbots para vendas e atendimento ao cliente com IA.
Explico essas tendências pois elas refletem o comportamento digital único do Brasil que marcou o evento: mobile-first, conversacional e altamente engajado. Esse movimento está impulsionando uma nova onda de inovação, adaptada à forma como os brasileiros realmente interagem com a tecnologia. Isso indica uma mudança significativa nas ambições dos fundadores brasileiros: eles estão criando com um público global em mente.
O Web Summit Rio me ajudou a perceber como houve uma verdadeira evolução na forma como os empreendedores estão pensando em escala. Eles e elas estão aproveitando a complexidade do Brasil para construir produtos resilientes—e depois exportando esse valor para o mundo. Isso é mais destacado quando vemos diversos países europeus no evento, montando estandes para atrair talentos. Finlândia, Holanda e Suíça estavam ativamente buscando os brasileiros e trazendo inovação de lá para expandir na América Latina. Isso mostra o crescente reconhecimento do Brasil como um centro de inovação e talento global.
As startups “Made in Brazil” estão criando produtos que podem se adaptar a diferentes culturas, idiomas e regulamentações, e muitas delas estão ativamente buscando investidores e parceiros internacionais. Essa mentalidade global, reforçada pela escala também internacional do Web Summit, está ajudando a remodelar a imagem do país na tecnologia — de um ator regional para um competidor global.
*Jaana Goeggel é graduada em engenharia pela ETH Zurich, MBA pela Columbia Business School. Tem uma vasta experiência executiva em empresas de renome como Expedia, American Express e McKinsey, e, com uma atuação global, traz uma perspectiva diferenciada para o mundo das startups. Foi reconhecida como Top Women Investing in Latin American Tech pela LAVCA em 2023 e 2024, sendo conselheira da Columbia Ventures e Venture Partner na QBits Capital. Ela é também é General Partner do Sororitê Ventures, que possui o Sororitê Fund 1, um fundo de Venture Capital de R$ 25 milhões que tem o objetivo de tornar-se a primeira opção de investimentos em startups early stage fundadas ou co-fundadas por mulheres, e fundadora do Sororitê Angel Network, a maior rede de mulheres investidoras anjo do Brasil.
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