Ao pensar em saúde, muitas vezes nos lembramos da alimentação, do exercício físico, do sono e até mesmo da saúde mental.
Mas existe um protagonista silencioso que, por muito tempo, ficou nos bastidores e só recentemente tem ganhado o destaque que merece: os probióticos.
Esses pequenos seres vivos, que habitam nosso corpo — principalmente o intestino — desempenham um papel vital no nosso bem-estar. E não, não estamos falando de algo raro ou exótico: eles estão em alimentos comuns como iogurtes, kefir, kombucha e até mesmo em alguns suplementos alimentares.
Neste texto, vamos mergulhar no universo dos probióticos, entendendo o que são, como funcionam, por que são tão importantes e como podemos incorporá-los de forma consciente em nossa rotina. Mais do que modismo, os probióticos são aliados reais da saúde — e sua presença no nosso corpo pode fazer toda a diferença.
A palavra "probiótico" vem do grego e significa "a favor da vida". Na prática, probióticos são micro-organismos vivos que, quando ingeridos em quantidades adequadas, trazem benefícios à saúde do hospedeiro — ou seja, de quem os consome. Geralmente, eles são bactérias "do bem", como os Lactobacillus e os Bifidobacterium, mas também podem incluir algumas leveduras, como a Saccharomyces boulardii.
Eles habitam principalmente o nosso intestino, formando o que chamamos de microbiota intestinal (ou flora intestinal). Essa comunidade de micro-organismos não está ali por acaso — ela tem funções essenciais para o funcionamento do nosso organismo, desde a digestão até a regulação do sistema imunológico.
Você já ouviu falar que o intestino é o nosso “segundo cérebro”? Isso não é exagero. O intestino possui cerca de 100 milhões de neurônios e se comunica diretamente com o cérebro através do eixo intestino-cérebro. Essa comunicação influencia nosso humor, nossas emoções, nossa resposta ao estresse e até o desenvolvimento de doenças neurológicas.
E adivinhe quem participa ativamente dessa conexão? Sim, os probióticos. Eles ajudam a regular a produção de neurotransmissores como a serotonina, muitas vezes chamada de “hormônio da felicidade”, cuja maior parte é produzida no intestino. Estudos sugerem que um desequilíbrio na microbiota intestinal (conhecido como disbiose) pode estar relacionado à ansiedade, depressão e até transtornos neurodegenerativos como o Alzheimer.
Os probióticos atuam como verdadeiros guardiões do nosso corpo. Suas funções vão muito além do que se imagina. Vamos ver algumas delas?
Mais de 70% das células de defesa do nosso corpo estão no intestino. Os probióticos ajudam a manter a integridade da barreira intestinal, evitando que micro-organismos patogênicos (como vírus e bactérias nocivas) penetrem no organismo. Eles também estimulam a produção de anticorpos e modulam a resposta inflamatória.
Os probióticos auxiliam na digestão de certos alimentos e na absorção de nutrientes, como cálcio, ferro e vitaminas do complexo B. Além disso, eles produzem enzimas que facilitam a quebra de substâncias difíceis de digerir.
Antibióticos, má alimentação, estresse e outros fatores podem desequilibrar a microbiota intestinal. Os probióticos ajudam a restaurar esse equilíbrio, combatendo o crescimento excessivo de micro-organismos prejudiciais.
Diversos estudos apontam que os probióticos são eficazes na prevenção e tratamento de doenças como síndrome do intestino irritável, diarreia (inclusive a associada ao uso de antibióticos), constipação, doença inflamatória intestinal, alergias, infecções urinárias, entre outras.
Embora ainda esteja em fase de investigação, algumas pesquisas mostram que os probióticos podem influenciar o metabolismo e contribuir no controle do peso corporal. Isso ocorre por meio da regulação do apetite, da inflamação e do armazenamento de gordura.
É comum haver confusão entre probióticos e prebióticos. Enquanto os probióticos são os micro-organismos vivos, os prebióticos são o "alimento" desses micro-organismos. Ou seja, são fibras e substâncias que favorecem o crescimento das bactérias benéficas no intestino. Exemplos de prebióticos incluem a inulina, o amido resistente e os frutooligossacarídeos (FOS), presentes em alimentos como banana verde, alho, cebola, aspargos e aveia.
A combinação de probióticos e prebióticos em um mesmo produto é chamada de simbiótico, e pode potencializar os efeitos benéficos à saúde.
Felizmente, os probióticos estão acessíveis em diversas fontes. Confira algumas:
Iogurtes naturais: muitas marcas adicionam cepas específicas de probióticos aos seus produtos.
Kefir: bebida fermentada que pode ser feita com leite ou água.
Kombucha: chá fermentado, rico em leveduras e bactérias benéficas.
Chucrute e kimchi: vegetais fermentados, muito populares em culturas como a alemã e a coreana.
Missô e tempeh: derivados da soja fermentada, comuns na culinária asiática.
Suplementos alimentares: cápsulas ou sachês com cepas específicas e em quantidades controladas.
Vale lembrar que nem todo alimento fermentado é probiótico. Para que seja considerado assim, é necessário que contenha micro-organismos vivos em quantidade suficiente para promover benefícios à saúde e que resistam ao processo digestivo.
Se você optar por um suplemento, alguns cuidados são importantes:
Escolha cepas específicas e com comprovação científica. Nem toda bactéria é igual — cada cepa tem funções diferentes.
Verifique a quantidade de micro-organismos (UFC – Unidades Formadoras de Colônia). Quanto maior a concentração, melhor, geralmente acima de 1 bilhão de UFC por dose.
Certifique-se de que o produto precisa ou não ser refrigerado. Isso garante a viabilidade dos micro-organismos.
Fique atento à data de validade. Os probióticos são seres vivos e perdem eficácia com o tempo.
Como mencionamos, o intestino é capaz de influenciar diretamente o cérebro. Hoje, sabe-se que a microbiota intestinal tem papel importante em transtornos como ansiedade e depressão. Através da produção de neurotransmissores e da regulação de processos inflamatórios, os probióticos podem atuar como um suporte natural à saúde mental.
Pesquisas mostram que algumas cepas específicas, como Lactobacillus helveticus e Bifidobacterium longum, têm potencial para reduzir sintomas de estresse e melhorar o humor. Embora os estudos ainda estejam se aprofundando, os resultados iniciais são promissores e reforçam o papel holístico dos probióticos.
A microbiota intestinal passa por diversas fases ao longo da vida. Em bebês, o parto normal e a amamentação são fatores cruciais para o desenvolvimento de uma flora intestinal saudável. Já em idosos, há uma tendência natural à redução da diversidade bacteriana, o que pode comprometer a imunidade e a digestão.
Por isso, em ambas as fases da vida, o uso de probióticos pode ser altamente benéfico — claro, sempre com orientação médica. Em crianças, eles ajudam a prevenir cólicas, diarreias e alergias. Em idosos, contribuem para a manutenção da saúde gastrointestinal e do sistema imunológico.
Embora os probióticos sejam geralmente seguros, é importante lembrar que nem todas as pessoas devem utilizá-los sem acompanhamento. Pacientes imunocomprometidos (com o sistema imunológico muito debilitado), pessoas internadas em estado grave ou com doenças específicas podem precisar de orientação médica antes de utilizar suplementos probióticos.
Além disso, nem todos os probióticos funcionam para todas as condições. É essencial usar as cepas certas para cada situação — o que reforça a importância de buscar orientação profissional, especialmente se o objetivo for tratar uma condição específica.
Os probióticos nos ensinam algo valioso: dentro de nós habita um verdadeiro ecossistema, com bilhões de micro-organismos que trabalham todos os dias para nos manter saudáveis. Cuidar da nossa microbiota é um ato de amor próprio — é olhar para o corpo com atenção, carinho e consciência.
Ao incluir probióticos na alimentação ou como suplemento, não estamos apenas seguindo uma tendência; estamos investindo em prevenção, equilíbrio e qualidade de vida. Mais do que tratar doenças, é uma forma de cultivar saúde a longo prazo.
Seja por meio de um copo de kefir, um iogurte natural ou um suplemento bem escolhido, os probióticos estão aí para lembrar que, às vezes, os maiores aliados da nossa saúde são invisíveis aos olhos, mas essenciais à vida.
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PETERSON FERNANDES ARAUJO
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