Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou um aumento significativo no sofrimento mental de estudantes de graduação entre os anos de 2017 e 2021, com um agravamento notável durante a pandemia de covid-19. O artigo, publicado recentemente na revista Avaliação/Campinas, destaca a importância de políticas de apoio psicossocial para universitários, especialmente aqueles que foram mais suscetíveis ao sofrimento, como mulheres, pessoas com deficiência, estudantes transgêneros e trabalhadores.
Principais achados da pesquisa
O estudo dos pesquisadores Fabricio Gobetti Leonardi, Rosemarie Andreazza e Gabriela Arantes Wagner analisou dados de 14.092 estudantes da Unifesp, coletados pela Comissão de Estudos do Perfil do Estudante de Graduação, sendo o primeiro trabalho brasileiro que descreve censitariamente o desfecho de sofrimento mental entre universitários a partir de informações obtidas no período pré-pandemia e pandêmico no Brasil. Os resultados indicam que os estudantes enfrentaram um aumento no sofrimento mental, com ou sem uso de psicofármacos.
Os principais achados incluem:
Para o pesquisador Fabricio Leonardi, "os dados evidenciam que o aumento do sofrimento mental e do uso de psicofármacos entre jovens prestes a ingressar na universidade pode ter impactos diretos na trajetória acadêmica, além de representar um desafio para as instituições que os receberão. Além disso, aponta para uma questão mais ampla, relacionada tanto às dificuldades vivenciadas no período pré-vestibular e à especificidade dessa fase da vida quanto ao crescimento da medicalização. Atualmente, a saúde mental é um tema mais debatido entre os jovens do que em gerações anteriores, o que pode ser positivo ao fomentar discussões e incentivar a busca por apoio. No entanto, esse maior reconhecimento também pode resultar em sobrediagnoses e no uso excessivo de medicações para lidar com processos que, em muitos casos, são inerentes ao desenvolvimento juvenil".
Impacto da pandemia de covid-19
A pandemia de covid-19 trouxe mais desafios para a saúde mental dos universitários. O isolamento social, as mudanças na dinâmica acadêmica e a incerteza econômica são possíveis motivos. Os dados do estudo mostram que houve um crescimento no sofrimento mental de estudantes.
Recomendações e políticas institucionais
Os pesquisadores defendem que as instituições de ensino superior implementem estratégias preventivas e de suporte para estudantes em sofrimento mental. As recomendações incluem:
Sobre os pesquisadores
Fabricio Gobetti Leonardi é doutorando, enquanto Rosemarie Andreazza e Gabriela Arantes Wagner são pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de São Paulo. O estudo faz parte de um esforço maior da Unifesp para compreender e agir sobre os desafios enfrentados pelos estudantes universitários.
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LIGIA CARLA GABRIELLI BERTO
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