03/01/2025 às 22h28min - Atualizada em 06/01/2025 às 12h05min

Fair play financeiro: funcionaria no futebol brasileiro?

No Brasil, onde a gestão financeira dos clubes enfrenta crises frequentes, a adoção de um sistema semelhante ao FFP poderia evitar a geração de desastres financeiros que já ocorreram várias vezes levando Clubes quase a falência.

RENATO LISBOA
Renato Lisboa
Renato Lisboa
*Renato Lisboa
No cenário atual do futebol mundial, a sustentabilidade financeira tornou-se um tema central para a sobrevivência e o sucesso dos clubes. O Fair Play Financeiro (FFP) surge como um conjunto de regras condicionais para evitar que os clubes gastem além de suas receitas na busca incessante por títulos, evitando assim problemas financeiros que possam comprometer sua longevidade. Este mecanismo, adotado pela UEFA, apresenta-se como uma solução possível para muitos clubes do futebol brasileiro, ainda que enormes desafios impeçam a implementação no país a curto prazo.
O Fair Play Financeiro da UEFA foi implementado em 2011 com o objetivo de promover a responsabilidade financeira entre os clubes europeus. Segundo dados da própria UEFA, desde a sua implementação, cerca de 50 clubes foram punidos por descumprimento das regras, que incluem limites de gastos com transferências, além da exigência de que os clubes operem dentro de suas receitas. Em 2023, por exemplo, apenas o Manchester City teve sanções severas, demonstrando a rigorosidade e a eficácia do FFP e a imparcialidade do mecanismo.
No Brasil, onde a gestão financeira dos clubes enfrenta crises frequentes, a adoção de um sistema semelhante ao FFP poderia evitar a geração de desastres financeiros que já ocorreram várias vezes levando Clubes quase a falência. Clubes como o Vasco da Gama, Cruzeiro e o Corinthians já enfrentaram sérios problemas com endividamento, muitas vezes resultando de gastos descontrolados para manter a competitividade. Implementar o FFP no Brasil ajudaria a garantir que os clubes operem de maneira sustentável, equilibrando receitas e despesas e promovendo uma gestão mais transparente e responsável.
No entanto, a implementação do FFP no Brasil enfrenta obstáculos consideráveis, principalmente devido ao ego dos dirigentes e cartolas que frequentemente priorizam resultados imediatos em detrimento da saúde financeira a longo prazo. A cultura de investimentos milionários em contratações e negociações exorbitantes, muitas vezes financiadas por fontes não sustentáveis, é uma prática constante. Sem uma mudança de mentalidade e um compromisso real com a responsabilidade financeira, a adoção do FFP poderá se arrastar ainda por um longo tempo..
Apesar desses desafios, existem exemplos positivos onde princípios semelhantes ao FFP têm sido aplicados com sucesso. Na Itália, a Serie A modificou o seu regulamento excluindo os clubes que apresentem balanços financeiros em desacordo com a regra. Isso resultou em maior estabilidade financeira para os clubes e menor impacto em crises econômicas. Outro exemplo é a Liga Espanhola, que, ao fortalecer as regras de controle financeiro, conseguiu reduzir o endividamento excessivo de seus clubes sem perder a qualidade de seu produto o futebol.
Para que o FFP seja implementado no Brasil, é necessário um esforço conjunto entre clubes, federação e órgãos reguladores, além de uma mudança cultural que valorize a gestão financeira responsável. A educação financeira dos dirigentes e a criação de mecanismos de fiscalização rigorosos são passos fundamentais para garantir que os clubes brasileiros possam seguir um caminho de sustentabilidade e sucesso a longo prazo.
O Fair Play Financeiro representa uma oportunidade crucial para o futebol brasileiro reverter seu histórico de crises economicas e promover uma gestão mais saudável e sustentável. Embora os desafios sejam consideráveis, especialmente devido ao comportamento dos dirigentes, os benefícios potenciais para os clubes e para o esporte como um todo são inegáveis. Inspirando-se nos exemplos bem-sucedidos da Europa, o Brasil pode dar um passo decisivo para um futebol mais equilibrado, competitivo e financeiramente estável.
_______________________________________________________________
*Neuropsicanalista, Socorrista em Saúde Mental, Advogado e Jornalista com foco em desenvolvimento pessoal, mercado editorial, literatura e saúde mental. Especialista em pessoas, coordenador do Curso de Formação de Socorristas Mentais e palestrante internacional. Como advogado, conduziu a maior negociação trabalhista administrativa do Brasil. É CEO da Editora Lisboa e autor best-seller.
 

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
RENATO DOS SANTOS LISBOA
[email protected]


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://itaqueraemnoticias.com.br/.