03/01/2025 às 23h14min - Atualizada em 06/01/2025 às 12h05min
Arbitragem no futebol brasileiro: hora de profissionalizar o apito?
O episódio conhecido como "Máfia do Apito" em 2005 é um marco sombrio que ilustra perfeitamente as consequências da falta de profissionalização na arbitragem.
RENATO LISBOA
Renato Lisboa
Renato Lisboa *Renato Lisboa
No Brasil onde o futebol pulsa nas veias de milhões, é paradoxal observar que a arbitragem, elemento crucial do jogo, ainda não alcançou o patamar de profissionalismo que o esporte exige. Enquanto empresas investem bilhões em patrocínios e direitos de transmissão, a figura do árbitro de futebol permanece à margem dessa evolução, suscetível a falhas e, historicamente, a escândalos que que mancham a história do futebol nacional.
O episódio conhecido como "Máfia do Apito" em 2005 é um marco sombrio que ilustra perfeitamente as consequências da falta de profissionalização na arbitragem. As investigações revelaram um esquema de corrupção onde um árbitro foi subornado para favorecer determinados clubes, comprometendo a integridade da competição na época. Este caso não apenas abalou a confiança dos torcedores, mas também destacou a vulnerabilidade de um sistema que ainda carece de mecanismos robustos de controle e remunerações adequadas para seus profissionais.
A não profissionalização da arbitragem abre brechas para tais práticas corruptas. Sem uma remuneração justa e condições de trabalho dignas, os árbitros podem ser tentados a aceitar subornos ou ceder à pressão de clubes e dirigentes. Além disso, a falta de formação contínua e de reconhecimento profissional poderá contribuir para um desempenho inconsistente, onde decisões controversas e erros humanos se tornam frequentes, desestimulando jogadores e torcedores.
Profissionalizar a arbitragem no Brasil não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade que já passou da hora para a evolução do futebol nacional. A proposta de profissionalização envolve várias frentes como: concorrência entre os árbitros, formação especializada, avaliação constante de desempenho e um sistema rigoroso de fiscalização e checagem. Além disso os árbitros devem ser tratados com profissionalismo, com contratos estáveis e benefícios que reflitam a importância de seu papel no esporte.
Uma estrutura profissionalizada incluiria academias de arbitragem de alto nível, onde os profissionais receberiam treinamento contínuo em técnicas modernas de arbitragem, uso de tecnologias como o VAR (Video Assistant Referee) e gestão de pressão em grandes eventos. Além disso, aprender a gerir o emocional é uma habilidade a ser treinada e adquirida pela arbitragem. Outrossim também é importante a implementação de um sistema transparente de avaliação, com feedback constante e critérios claros para progressão na carreira como a ascensão aos quadros da FIFA e a garantiria que apenas os árbitros bem avaliados trabalhassem nas partidas mais importantes.
Outro aspecto crucial é a criação de uma entidade independente responsável pela gestão da arbitragem, livre de influências políticas e econômicas da organizadora das competições. Essa entidade teria o poder de investigar denúncias de corrupção e implementar avaliações diversas contra aqueles que tentassem corromper o sistema. A transparência nos processos de seleção e na divulgação de resultados também são fundamentais para restaurar a confiança dos torcedores e dos jogadores que sempre criticam a arbitragem.
Países que já deram passos importantes na profissionalização da arbitragem oferecem exemplos inspiradores. Na Inglaterra, a Professional Game Match Officials Limited (PGMOL) centraliza a formação e avaliação dos árbitros, garantindo um padrão elevado e com o mesmo critério. A implementação de tecnologias assessorias, como o VAR, também contribui para decisões mais justas e que reduzam as margens de erro.
No Brasil, a adoção de um modelo semelhante poderia transformar a arbitragem em uma carreira respeitada e desejada, atraindo talentos que veem no ofício uma oportunidade de crescimento e reconhecimento. Investir na profissionalização é, portanto, investir na integridade e na qualidade do futebol que encanta e move o país.
É hora de considerar que a arbitragem merece o mesmo nível de profissionalismo que clubes e jogadores. Só assim poderemos garantir que o futebol brasileiro, com sua rica história e paixão inigualável, continue a evoluir de maneira justa e transparente, honrando a essência do jogo que move multidões pelo amor com a bola.
_______________________________________________________________
*Neuropsicanalista, Socorrista em Saúde Mental, Advogado e Jornalista com foco em desenvolvimento pessoal, mercado editorial, literatura e saúde mental. Especialista em pessoas, coordenador do Curso de Formação de Socorristas Mentais e palestrante internacional. Como advogado, conduziu a maior negociação trabalhista administrativa do Brasil. É CEO da Editora Lisboa e autor best-seller.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
RENATO DOS SANTOS LISBOA
[email protected]