Projeto Regenera fortalece a bioeconomia na Amazônia com apoio da The Caring Family Foundation
ROBSON SILVA
10/10/2025 13h42 - Atualizado há 12 horas
Crédito: Divulgação
A Amazônia está próxima de um ponto crítico: cientistas alertam que, se o desmatamento ultrapassar entre 20% e 25% de sua área total, grandes porções da floresta poderão se transformar permanentemente em savana seca. Hoje, estima-se que 17% já tenham sido perdidos. Proteger a floresta exige criar alternativas econômicas que permitam às comunidades indígenas prosperar sem depender de práticas destrutivas, como a exploração de petróleo ou a agricultura industrial. Com esse objetivo, o Projeto Regenera, implementado pela organização Ecoporé com o apoio da The Caring Family Foundation (TCFF), atua em Rondônia e no Amazonas fortalecendo a bioeconomia indígena por meio de iniciativas que unem restauração ecológica, geração de renda, valorização cultural e empoderamento comunitário. Segundo estudo do WRI Brasil (agosto/2025), a bioeconomia amazônica já movimenta R$ 12 bilhões e pode gerar até R$ 38,6 bilhões e mais de 833 mil empregos até 2050. “O fortalecimento da bioeconomia com protagonismo indígena é fundamental para manter a floresta em pé e criar oportunidades sustentáveis para as novas gerações”, destaca a equipe do projeto. Café Sarikab: conhecimento ancestral Com a parceria da Ecoporé e da Fundação Família Carinhosa, o Projeto Regenera forneceu suporte técnico e estrutural para o Café Sarikab, incluindo uma seladora, embalagem e utensílios, em parceria com a Associação Metareilá, para garantir a produção e a comercialização lideradas pela comunidade. O café é cultivado em sistemas agroflorestais dentro da Terra Indígena Sete de Setembro, preservando os ecossistemas florestais. A jovem empreendedora indígena Celesty Suruí lidera a marca, criando oportunidades de renda e valorizando o conhecimento Paiter Suruí. O trabalho de Celesty conquistou reconhecimento nacional, incluindo servir seu café ao Presidente Lula e participar de feiras nacionais de café, elevando a visibilidade dos empreendimentos de bioeconomia indígena. Equipamentos de processamento aprimorados permitem melhor controle de qualidade e acesso a mercados de café de origem especializada fora da Terra Indígena. A iniciativa engaja jovens em atividades produtivas alinhadas à sustentabilidade territorial e ecológica. O apoio do Regenera ajudou a transformar o conhecimento ancestral em um negócio sustentável, aumentando a renda, o orgulho cultural e a participação indígena na bioeconomia amazônica. O cultivo do Café Sarikab fortalece a bioeconomia ao valorizar práticas sustentáveis em territórios indígenas, agregando valor a um produto de alta qualidade e carregado de identidade cultural e territorial. Além da geração de renda, o café contribui para a conservação ambiental, pois está associado a práticas de manejo que preservam a floresta em pé e reforçam a conexão da comunidade com seu território. Karitiana: mulheres à frente da restauração Por meio da Ecoporé e da The Caring Family Foundation, o projeto Regenera conectou o povo Karitiana à Rede de Sementes da Bioeconomia da Amazônia (ReSeBa). O programa proporcionou capacitação, estrutura e acesso ao mercado para coleta e venda de sementes nativas, como mucuna-preta, guandu, urucum e gergelim. Em 2024, sete aldeias Karitiana coletaram cerca de 40 toneladas de sementes, tornando-se as maiores fornecedoras da região. As famílias usaram a renda para reformas em suas casas e motocicletas para transportar sementes pesadas. As mulheres, que lideram a coleta de sementes, recebem pagamentos diretos. As sementes fornecidas para projetos de restauração (por exemplo, a Floresta Nacional do Bom Futuro) estão regenerando espécies que antes estavam ausentes da região. Os esforços de agrofloresta transformaram conflitos do passado com agricultores vizinhos em diálogo e respeito. Impacto ampliado Da mesma forma, outras iniciativas apoiadas também representam conquistas significativas: a Paiter Honey alia a apicultura à conservação da biodiversidade; a Soe Arte Artesanato (de Samily Suruí) e a Oro Nao Artesanato Feminino geram renda e destacam o protagonismo das mulheres indígenas; a Colorau, de Marcelino e Maria Apurinã, transforma o conhecimento tradicional em fonte de renda; e a Sementes da Amazônia une cultura e conservação por meio do uso sustentável de espécies nativas na confecção de artesanatos. Todos esses casos demonstram, de diferentes maneiras, como a bioeconomia pode promover inclusão, identidade cultural e sustentabilidade. Com apoio da TCFF, o Projeto Regenera já impactou diretamente 406 pessoas, o que representa aproximadamente 1.218 famílias indígenas em seis terras indígenas da região amazônica. Foram beneficiadas as comunidades dos povos Paiter Suruí, Karitiana, Kaxarari, Pacaás Novos e outras, que agora transformam conhecimento tradicional em negócios sustentáveis — desde mel e artesanato até sementes nativas e pigmentos naturais. Bioeconomia no centro da agenda climática Casos como o Café Sarikab, a produção de mel Paiter Honey e o artesanato da Soe Arte e Oro Nao demonstram como a bioeconomia pode ser inclusiva, gerando renda, valorizando a cultura e preservando a floresta. Para o Regenera, a liderança indígena deve estar no centro das discussões climáticas, especialmente na COP-30, em Belém, quando o mundo volta os olhos para a Amazônia. Cada produto, cada iniciativa mostra que é possível criar um modelo de desenvolvimento que preserve a floresta e ofereça prosperidade às comunidades que mais a protegem. Apoiar os povos indígenas é apoiar o futuro do planeta. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ROBSON MERIEVERTON DOS SANTOS SILVA
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