Primavera e economia: o florescer entre promessas e riscos 

*Paula Cristiane Oliveira Braz

JULIA ESTEVAM
06/10/2025 14h03 - Atualizado há 4 horas

Primavera e economia: o florescer entre promessas e riscos 
Banco Uninter

A Primavera é vista como estação de renovação, mas no Brasil também simboliza expectativas econômicas, sobretudo no campo. É nesse período que se inicia ou se consolida o plantio de grãos, frutas e hortaliças, essenciais para o abastecimento interno e a balança comercial. O clima mais ameno, as chuvas em maior volume e a intensidade do sol criam condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas. Contudo, a mesma estação que gera oportunidades traz também riscos de perdas expressivas.

Os números recentes confirmam a relevância da estação. Para se ter uma ideia, o PIB do agronegócio cresceu 6,49% no primeiro trimestre de 2025 frente a 2024, com avanço de 5,59% na agricultura e 8,5% na pecuária, segundo a CNA/CEPEA. Projeta-se que o setor alcance R$ 3,79 trilhões até o final do ano, quase 30% do PIB brasileiro. O IBGE aponta que, no segundo trimestre de 2025, o agro teve alta de 10,1%, puxado por milho (+19,9%) e soja (+14,2%). Já a Conab estima uma safra recorde de 336 milhões de toneladas de grãos, cerca de 13% superior à de 2024. Esses dados revelam como o florescer da Primavera impulsiona toda a cadeia produtiva, de insumos a exportações.

As oportunidades vão além da lavoura, pois indústrias de maquinário, fertilizantes, transporte e processamento se fortalecem nesse ciclo. O turismo rural, a floricultura e o paisagismo encontram na estação uma vitrine natural. A maior sensibilidade às questões climáticas ainda abre espaço para negócios em sustentabilidade, como monitoramento climático, irrigação inteligente e sementes resistentes.

Porém, há contrapartidas e a variabilidade climática faz da Primavera uma estação de contrastes: em algumas regiões, o excesso de chuvas provoca erosão e pragas; em outras, a estiagem ameaça a produtividade. O Rio Grande do Sul é exemplo emblemático: estiagens recorrentes geraram perdas de até 60% na soja, em certas áreas com prejuízos de R$ 117 bilhões entre 2020 e 2024. Só em 2020, as perdas representaram 7,36% do PIB estadual. Não se trata de risco marginal, mas de impacto direto no crescimento econômico, na geração de empregos e no abastecimento alimentar.

Esse quadro evidencia que a Primavera é ao mesmo tempo promessa e ameaça. Sendo assim, a tecnologia tem um papel crucial: previsão climática, sensores em tempo real e inteligência artificial ajudam a antecipar os problemas. O manejo sustentável do solo, a diversificação de culturas e a gestão eficiente da água também são estratégias fundamentais para reduzir vulnerabilidades.

Assim, o impacto da Primavera deve ser entendido como um chamado à estratégia e à adaptação. Mais do que esperar condições ideais, cabe ao agronegócio desenvolver resiliência diante das incertezas. O florescer da estação, por si só, não garante prosperidade; é a capacidade de transformar oportunidades em resultados concretos que faz diferença. A Primavera nos lembra que abundância e risco caminham lado a lado, e que o equilíbrio entre ambos pode definir se será motor de crescimento ou alerta para repensarmos nossa relação entre economia e natureza.

*Paula Cristiane Oliveira Braz é administradora, especialista em Agronegócios, tutora dos cursos de pós-graduação na área de Agronegócios do Centro Universitário Internacional UNINTER.

 


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