Dia das Crianças: por que o brincar é fundamental para o desenvolvimento da linguagem e da socialização

Especialistas apontam que a brincadeira, mais do que brinquedos, é essencial para estimular a fala, a socialização e a inclusão de crianças, especialmente aquelas com atraso de fala ou autismo

JúLIA BOZZETTO
06/10/2025 22h27 - Atualizado há 2 horas

Dia das Crianças: por que o brincar é fundamental para o desenvolvimento da linguagem e da socialização
Divulgação

No Dia das Crianças, quando a maioria dos olhares se volta para presentes e consumo, especialistas lembram que o verdadeiro presente pode estar no ato de brincar em família. A fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, especialista em atraso de fala, e a neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi, com atuação em autismo, destacam que é no brincar que a criança descobre sons, formas de se comunicar e modos de se relacionar que serão decisivos para seu desenvolvimento.

Pesquisas recentes reforçam essa ideia. Uma meta-análise publicada em 2024 no Journal of Autism and Developmental Disorders concluiu que intervenções lúdicas mediadas pelos pais geram efeitos moderados a fortes no desenvolvimento da linguagem e da comunicação social de crianças com autismo em idade pré-escolar. Outro estudo, divulgado no BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation, mostrou que jogos recreativos com bola, realizados por 12 semanas, melhoraram significativamente a consciência social, cognição social e comunicação em crianças com transtorno do espectro autista. 

Já uma pesquisa publicada na revista Infant Behavior and Development, analisada pela ScienceDaily, revelou que bebês nos primeiros 12 meses exploram sons por meio de risadas, grunhidos e balbucios em um verdadeiro “brincar vocal”, considerado pelos cientistas uma base autoexploratória essencial para o desenvolvimento da fala. Além disso, uma revisão sistemática publicada em 2024 pela MDPI destacou o papel dos chamados “serious games”, jogos digitais desenvolvidos para estimular fala e linguagem, como ferramentas eficazes para aumentar a motivação e a autonomia de crianças com dificuldades de comunicação.

Para Angelika, esses achados reforçam o que ela observa diariamente em sua prática clínica. “A fala acontece em casa, no convívio diário. O simples ato de brincar de bola, cantar músicas ou inventar histórias com utensílios domésticos pode ser muito mais poderoso do que qualquer brinquedo sofisticado. Para crianças autistas é importante que os pais estimulem o brincar com as coisas que a criança gosta e cause sensações positivas, com alegria e leveza”, afirma. Silvia complementa que, no caso de crianças autistas, o brincar estruturado é fundamental para a inclusão. “Quando o adulto organiza a atividade, estabelece turnos, usa a imaginação e respeita os interesses da criança, cria-se um espaço de aprendizado que vai além da diversão. Brincar é também ensinar a se comunicar e conviver”.

As especialistas reforçam que mais do que presentes caros, o tempo de qualidade em família é o que deixa marcas duradouras. Ao narrar o que acontece durante a brincadeira, responder aos gestos e sons da criança e se engajar ativamente no jogo, os pais tornam-se protagonistas do desenvolvimento. Neste Dia das Crianças, o convite é repensar o significado do presente: brincar junto, rir, inventar histórias e participar da vida da criança podem ser atitudes muito mais valiosas que qualquer embalagem colorida. Afinal, é no brincar que a fala acontece – e que a infância se torna ainda mais plena.


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JÚLIA KLAUS BOZZETTO
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