Pais precisam reaprender a dizer “não”: limites constroem resiliência e saúde emocional, alerta psicóloga

Dra. Andrea Beltran explica por que evitar frustrações pode comprometer o desenvolvimento das novas gerações

PEDRO SENGER
26/09/2025 15h00 - Atualizado há 4 horas

Pais precisam reaprender a dizer “não”: limites constroem resiliência e saúde emocional, alerta psicóloga
Divulgação

Em uma época em que muitos pais acreditam que proteger os filhos de qualquer frustração é sinônimo de cuidado, especialistas têm feito um alerta: a ausência de limites pode comprometer o desenvolvimento emocional das crianças e adolescentes. 

Pesquisas apontam que estilos parentais mais equilibrados — que combinam afeto e regras — estão diretamente ligados a melhores resultados em autonomia, desempenho escolar e saúde mental. Já a superproteção, segundo um estudo conduzido pela Universidade de Cambridge, aumenta o risco de ansiedade, depressão e sintomas emocionais internalizados em jovens adultos. A meta-análise, publicada na revista Development and Psychopathology, reuniu dezenas de estudos e confirmou que o chamado overparenting tem impacto estatisticamente significativo no bem-estar psicológico.

Para a Dra. Andrea Beltran, psicóloga clínica e especialista em psicologia analítica junguiana, o “não” exerce um papel essencial nesse processo:

“Quando os pais tentam suprir todas as necessidades dos filhos, evitando qualquer tipo de frustração, acabam impedindo que a criança se depare com o limite — esse ponto de tensão tão necessário para aprender a criar novas respostas, desenvolver resiliência e integrar experiências opostas dentro de si. O ‘não’ bem colocado não ameaça o amor — pois este nunca está em questão —, mas oferece à criança uma oportunidade de elaborar simbolicamente a diferença entre desejo e possibilidade.”

A ciência reforça essa visão. Pesquisadores da Universidade de Stanford identificaram que estudantes vindos de lares superprotetores tiveram mais dificuldades de adaptação ao ambiente universitário, revelando maior dependência emocional e menor capacidade de autorregulação. Já a American Academy of Pediatrics recomenda que pais estabeleçam regras claras, consistentes e afetuosas como forma de preparar os filhos para lidar com os desafios reais da vida.

Segundo a Dra. Andrea, vivenciar frustrações controladas ajuda crianças e adolescentes a desenvolver criatividade, tolerância, paciência e capacidade de encontrar caminhos alternativos — competências que se tornam fundamentais na vida adulta. “Ao ouvir um ‘não’, a criança tem a chance de experimentar simbolicamente a diferença entre o desejo e o real, aprendendo a lidar com a espera, a negociar e a pensar em soluções”, completa a especialista.

Mais do que um ato de negação, o limite se apresenta, portanto, como um investimento no futuro emocional das novas gerações. Para a especialista, dizer “não” com firmeza e afeto é um gesto de amor que ajuda a formar adultos mais resilientes, equilibrados e preparados para enfrentar as inevitáveis frustrações da vida.


 

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