Ribeirão Preto (SP), 22 de agosto de 2025 – A 24ª FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto) encerrou nesta sexta-feira (22) o ciclo de 11 encontros entre autores e estudantes no projeto Combinando Palavras, que chegou à sua oitava edição. Considerado a espinha dorsal da Feira, o programa busca transformar textos literários em experiências coletivas, estimulando a interpretação e a reflexão por meio de trabalhos artísticos inspirados nas obras estudadas. Neste dia, três escritores estiveram com os alunos: Raphael Montes, Stella Maris Rezende e Mauricio Negro.
Com base na obra de Raphael Montes, mais de mil estudantes participaram no Theatro Pedro II de apresentações de dança, música, teatro, poesia e leitura. Um dos grupos, da Escola Geraldo Sorrano (Cajuru), escreveu um livro inspirado no autor e em histórias reais, recebendo elogios de Montes.
“Eu não conhecia a obra dele, mas pesquisamos, assistimos a filmes e lemos parte de Bom Dia, Verônica para entender como Rafael escreveria cada capítulo”, contou Milena Franciele Nunes, estudante do 9º ano. “A partir de histórias reais de conhecidos, construímos um final investigativo no livro”, completou.
A professora Tatiana Regina Beneduso, participante do projeto em várias edições, destacou a proximidade dos temas com a realidade dos jovens. “Eles presenciam situações de violência. Isso causou impacto e despertou ainda mais interesse”, disse.
Já o professor de artes da Escola Galdino de Castro (Cajuru), Sebastião Fernandes Guimarães Júnior, ressaltou o caráter coletivo do trabalho. “Para muitos foi a primeira vez no palco do Theatro Pedro II. Quando eles chegam e veem outras escolas se apresentando com ideias diferentes, isso amplia ainda mais o aprendizado”, avaliou.
Após cerca de duas horas de apresentações, Raphael Montes resumiu sua emoção. “Ainda não tenho filhos, mas tenho livros. E cada um dos estudantes, hoje, me trouxe uma alegria. Eles pegaram personagens do meu universo e fizeram arte em cima da arte. Isso motiva, reconhece e transforma a leitura em experiência coletiva. Foi maravilhoso perceber como minhas histórias podem se transformar.”
Mauricio Negro Na mesma manhã, o Teatro Municipal recebeu mais de 400 estudantes da ETEC José Martimiano da Silva para o encontro com Mauricio Negro. O escritor compartilhou lembranças da juventude e destacou a emoção de estar com os alunos. “Estar aqui é como voltar àquele tempo, é a mesma sensação”, disse.
Sobre o projeto, foi enfático: “O Combinando Palavras combina sentimentos. Nessas ações todo mundo se envolve, bota a mão na massa e o legado dessa experiência fica para sempre – para os alunos e para nós, autores.”
Para o coordenador pedagógico Rodrigo Silva, que acompanha o projeto desde 2018, a proposta aproxima os jovens da literatura contemporânea. “Ela mostra que literatura não é apenas clássica ou do passado. Literatura é viva, faz parte da essência humana e, aqui, os alunos têm contato direto com quem a produz”, afirmou.
Entre os estudantes, Leonardo Correa Francisco da Costa, 17 anos, disse ter se impressionado com a obra de Mauricio Negro. “Eu não conhecia, mas achei fascinante trazer personagens femininas indígenas e falar da defesa da natureza. Isso me fez pensar sobre preservação e exploração até hoje.”
Já Victoria da Costa Aguiar, 17, estudante de Nutrição, destacou a dimensão prática da experiência. “Exploramos alimentos e a cultura indígena na cozinha, o que trouxe novas descobertas e até desafios. Ver a reação do autor ao nosso trabalho foi gratificante. Esse projeto é necessário: une leitura, reflexão e experiência coletiva.”
Encanto e emoção no encontro com a autora A escritora mineira Stella Maris Rezende descreveu sua terceira participação no Combinando Palavras como mágica. “Cada vez que participo é um tempo fantástico, porque as visões de mundo mudam e a qualidade artística dos estudantes está cada vez melhor. Foram conversas maravilhosas, de alto nível. Estou emocionadíssima e quero voltar outras vezes.”
No palco do Teatro Municipal, cerca de 60 alunos da Fundação Educandário (Ribeirão Preto), representando uma comunidade escolar de 500 estudantes, apresentaram releituras das obras da autora em encenações e poemas.
“Participamos há algum tempo e este ano foi uma vivência maravilhosa. As histórias são engraçadas, o mineirês nos livros cativou os alunos, e eles aguardam sempre com expectativa quem será o autor e o que vão montar para apresentar”, comentou a professora de Língua Portuguesa Patrícia Liberatore. Para ela, o livro e a leitura são primordiais no desenvolvimento humano – “abrem portas para sonhos pessoais e profissionais.”
Os depoimentos dos alunos confirmam. Brian Rafael Mendes da Cunha, 9º ano, participou pela segunda vez. “Tivemos a oportunidade de experimentar o teatro e tudo o que aprendemos é muito importante.” Também no 9º ano, Kaíque Miguel de Oliveira Reis, presente há quatro anos no projeto, reforçou. “É uma experiência muito legal, que nos traz coisas novas e estimula a leitura e a escrita. Esse incentivo da FIL é necessário.”
Já Gabriel Esteves Leite, 15, disse estar estimulado a ler ainda mais. “Nos preparamos muito e cada esforço valeu a pena. A Sobrinha do Poeta me interessou demais e conhecer a Stella foi muito legal. Estou motivado a ler não só outros livros dela, mas de vários autores.”
Para Stella Maris, quanto mais leem livros e conversam com autores, mais os alunos aprimoram a linguagem e a forma de ver o mundo. “Meu ofício mudou muito depois do Combinando Palavras. É uma experiência única no Brasil, onde todo mundo sai ganhando.” A autora deixou um recado aos colegas escritores: “Preparem o coração porque vão se encantar. A literatura provoca, transforma e liberta. Entre linhas e parágrafos, os futuros possíveis estão aqui, com essas crianças e jovens que vão tornar este mundo mais interessante e mais digno.”
Sobre a FIL A FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto) consagrou-se como um dos maiores eventos culturais do país e tornou-se internacional em 2020. Possui 25 anos de história e realiza neste ano a sua 24ª edição. A cada ano, a programação reúne autores, artistas, intelectuais, educadores, estudantes e participantes de diversas localidades. Todas as atividades são gratuitas e abertas à população, o que consolida o objetivo primordial de fomentar a leitura e de contribuir para ampliar os números de leitores do país. Em 2024, o evento registrou público de 250 mil pessoas, presença de 260 escritores e mais de 400 atividades realizadas. O impacto na economia de Ribeirão Preto foi da ordem de R$ 5 milhões.
Patrocínio Diamante: Usina Alta Mogiana
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Patrocínio: Apis Flora, AZ Tintas, Caldema, Caseli Tracan, Engemasa, RibeirãoShopping, Riberfoods, Pedra Agroindustrial S/A e TMA Máquinas.
Instituição Cultural: Sesc e Senac
Apoio Cultural: ACI-RP, Automotiva Cestari, Lopes Material Rodante, Macopema, Monreale Hotel, Santiago e Cintra Geotecnologias, Grupo Suprir, Tonin Superatacado e Santa Helena.
Apoio Institucional: Fundação Dom Pedro II, Theatro Pedro II, Biblioteca Sinhá Junqueira, CUFA Ribeirão Preto, Ong Arco-Íris, Coletivo Abayomi, A9 - Água Alcalina, Alma (Academia Livre de Música e Arte), IPCIC - Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais, Casa Grafite Comunicação e Cultura, Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto, ETEC José Martimiano da Silva, Educandário, Sesi, Centro Universitário Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), Faculdade Metropolitana, Adevirp, Fundação Dorina Nowill Para Cegos, Ann Sullivan do Brasil, Associação de Surdos de Ribeirão Preto, Caeerp, Dr. Cãopaixão - Projeto Cães de Terapia, Fada, RibDown, NeuroRib, Conventions & Visitors Bureau, Painew, Verbo Nostro Comunicação Planejada, Film Commission da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, Instituto do Livro, RPMobi, Coderp, Guarda Civil Municipal e Polícia Militar.
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Sobre a Fundação
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela realização da Feira Internacional do Livro da cidade, hoje considerada a segunda maior feira a céu aberto do país e também por feiras em municípios do interior paulista. Com trajetória sólida, projeção nacional e agora internacional, a entidade estabeleceu sua experiência no setor cultural e, atualmente, além da feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.
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