A escritora e socióloga sergipana Martha Sales participa do III Simpósio Nacional de Confrarias e Academias de Ciências, Letras e Artes, que acontece de 22 a 24 de agosto, no Convento São Francisco, em São Cristóvão (SE). Durante o evento, que reúne importantes nomes da cultura e da história, a autora lançará sua nova obra, "Pé de Tempo", e apresentará seu livro de estreia, "Okum D'orin: A poesia que vem do mar".
A participação de Martha Sales neste evento é relevante, pois o simpósio se consolida como um espaço crucial para o fortalecimento da memória cultural e do intercâmbio de experiências. Em um cenário onde a representatividade feminina ainda luta por espaço em campos como a ciência e as academias, a presença de uma autora que transita entre a sociologia e a literatura é particularmente significativa.
De acordo com o relatório "Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil", da Elsevier e da agência Bori, a participação de mulheres na produção científica brasileira cresceu 29% nos últimos 20 anos. No entanto, o estudo também aponta que essa presença tende a diminuir em posições de liderança e em áreas tradicionalmente masculinas. Em Sergipe, a visibilidade para essa pauta é vista como fundamental para inspirar outras meninas e mulheres a seguirem carreiras na ciência e quebrar estereótipos de gênero. A atuação de Martha Sales, que une a pesquisa sociológica com a sensibilidade poética de sua escrita enquanto mulher de terreiro, reforça a importância de vozes femininas que abordam temas plurais como a ancestralidade com a profundidade da cultura de saberes populares.
"Pé de Tempo": Uma jornada poética pela ancestralidade e os ciclos da vida
Em "Pé de Tempo", Martha Sales convida os leitores a uma reflexão profunda e sensível sobre a passagem do tempo, abordando-o não como uma mera medida cronológica, mas como uma força divina e interior, intrinsecamente ligada à memória do corpo e à sabedoria ancestral. A obra mergulha nos ciclos da existência — do plantar de novas ideias à celebração do amadurecimento — e ressoa com a força do axé e a potência curativa do terreiro, um espaço de acolhimento e metamorfose.
Com uma visão poética, a autora celebra a reinvenção e o aprendizado contínuo, contrapondo a busca incessante pela jovialidade à aceitação das marcas do tempo que narram histórias. Longe de um lamento pelo envelhecimento, "Pé de Tempo" celebra a liberdade encontrada no tempo livre, onde a alma pode se expandir e se reconectar com o passado e o futuro.
"Okum D'orin": A poesia que vem do mar
Martha Sales também levará ao evento sua primeira obra, "Okum D'orin: A poesia que vem do mar". O livro é um testemunho da profunda conexão da autora com Yemanjá, a Yèyé Omo Eja. Por meio de imersões nas águas férteis de Sergipe, seu estado natal, Martha traduz poeticamente essa escuta, resultando em versos que dançam em sinergia com a leveza e o frescor das águas.
A obra é um convite para os leitores se conectarem com o sagrado, a ancestralidade, o maternar, o feminino e o autoconhecimento. Os versos de "Okum D'orin" são acompanhados por ilustrações em aquarela do artista Roniery, uma técnica que simboliza a fluidez e a essência da água.
SERVIÇO:
O quê: Lançamento de livros de Martha Sales no III Simpósio Nacional de Confrarias e Academias de Ciências, Letras e Artes Quando: De 22 a 24 de agosto de 2025 Onde: Convento São Francisco, São Cristóvão (SE)
Sobre a autora:
Martha Sales é Iyalorixá, professora licenciada em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), especialista em Antropologia pela UFS/NPPGA e pós-graduanda em Cinema e Linguagem Audiovisual. É membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NPEABI/UFS), membro e sócio-fundadora da Sociedade de Estudos Étnicos, Políticos, Sociais e Culturais Omolàiyé e sócio-fundadora e Coordenadora do Espaço de Arte, Cultura e Educação Omiró Casa de Mar. Com "Pé de Tempo" e "Okum D'orin", Martha Sales confirma sua voz potente e sensível na literatura contemporânea, explorando as profundezas da experiência humana com uma perspectiva enraizada na sabedoria ancestral e em sua vivência como Iyalorixá.
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ALEX YAN DA COSTA MENDES
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