Tarifas dos EUA podem elevar preço do diesel no Brasil

Restrição das relações comerciais dos EUA com nações que mantêm laços energéticos com a Rússia é estratégica, com o objetivo de isolar o governo de Vladimir Putin

CARLOS SOUZA
21/08/2025 16h15 - Atualizado há 6 horas

Tarifas dos EUA podem elevar preço do diesel no Brasil
Canva/Banco de imagens

No dia 6 de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que eleva para 50% as tarifas sobre produtos importados da Índia, medida que é resposta direta à continuidade das compras de petróleo russo pelo país asiático. A restrição das relações comerciais com nações que mantêm laços energéticos com a Rússia é estratégico, com o objetivo de isolar o governo de Vladimir Putin. No Brasil, a decisão pode gerar impactos indiretos, como a reconfiguração de fluxos comerciais, oportunidades pontuais de exportação e maior volatilidade nos preços de commodities

Paralelamente, tramita no Senado dos EUA o projeto de lei bipartidário Sanctioning Russia Act of 2025, que prevê tarifas de até 500% sobre importações originárias de países que mantenham esse tipo de relação comercial com a Rússia. A proposta conta com mais de 60 co-patrocinadores e, se aprovada, representará um novo patamar de sanções multilaterais. Embora o Brasil não esteja entre os alvos diretos dessas medidas, o país é um dos maiores compradores de diesel russo no mercado marítimo internacional. 

Em levantamento do London Stock Exchange Group (LSEG) e da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) aponta que, nos dois primeiros meses de 2025, o Brasil importou 1,121 milhão de toneladas de diesel russo, aumento de 830,5% em comparação ao mesmo período de 2023. Para Vitor Sabag, especialista em combustíveis da plataforma de abastecimento Gasola, as consequências são claras. “O Brasil está exposto a um efeito dominó. Qualquer restrição que afete o diesel russo, mesmo de forma indireta, pode gerar reflexos imediatos nos preços internos. O combustível russo tem sido fundamental para suprir a demanda das regiões Norte e Nordeste, que dependem fortemente de importações”.

Sabag destaca que, diante do cenário, é necessário rever e diversificar a estratégia de importação. “Quando um grande player como os Estados Unidos impõe barreiras comerciais, o Brasil precisa agir preventivamente para não ficar refém de oscilações externas cada vez mais frequentes e imprevisíveis. O Brasil pode enfrentar aumento dos custos de importação de derivados, maior volatilidade nos preços do diesel e do gás, além de desafios logísticos para garantir o abastecimento nacional”.

Diante das complexidades do mercado global de combustíveis, Vitor Sabag ressalta a importância de estratégias sólidas para o setor energético brasileiro. “Além dos custos, existem os desafios logísticos. Por mais que vivamos um cenário de indefinição, é  imprescindível que o setor desenvolva estratégias de diversificação de fornecedores e fortaleça a produção interna para reduzir vulnerabilidades frente a esse ambiente incerto”, afirma Vitor Sabag. 

Segundo o especialista, já há movimentações entre distribuidoras e refinarias brasileiras para diversificar fornecedores e rotas de abastecimento. “Algumas empresas têm buscado alternativas na África Ocidental e na Ásia, mas as operações são mais caras e logisticamente complexas. Se as sanções se intensificarem, a consequência pode ser sentida diretamente nas bombas, com alta nos preços e pressão sobre toda a cadeia logística”, conclui Sabag.


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CARLOS JOSÉ DE SOUZA JUNIOR
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FONTE: Imprensa - Gasola
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