Crescer em meio ao barulho das fornalhas, ao calor de 1.600 graus do ferro e ao cheiro característico da indústria pesada pode parecer distante de um cenário de inovação sustentável. Mas foi exatamente nesse ambiente que Bruno Abramo Frederico encontrou inspiração para criar um negócio de impacto ambiental real, seguindo os passos do seu pai, Bruno Martini Frederico, e ao mesmo tempo trilhando um caminho próprio.
Em 1979, Bruno pai fundou com seu irmão e sua mãe a Fuminas, metalúrgica especializada na produção de tampas de ferro fundido para redes de esgoto, telecomunicação e infraestrutura urbana. Desde o início, a empresa já carregava um DNA sustentável: mais de 30% da matéria-prima utilizada é sucata de aço, proveniente de peças como tambores de freio, blocos de motor, fogões e geladeiras. Todo o material - milhares de toneladas de ferro - é processado e certificado, garantindo destino correto e retorno para a cadeia produtiva.
Foi nesse contexto, observando desde criança a sucata automotiva se transformar em tampões de rua, que Bruno filho desenvolveu seu olhar para a ressignificação de materiais. “Eu via partes de carros serem transformadas em peças novas. Isso sempre me fascinou. Pensei: se meu pai consegue fazer isso com o aço, por que não aplicar o mesmo processo ao plástico?”, lembra.
Assim, em 2016, nasceu a Fuplastic, que utiliza plásticos reciclados - também vindos, em parte, da indústria automotiva - para criar caixas de passagem e soluções modulares e sustentáveis para construção. E, hoje, um único carro pode abastecer as duas empresas: a parte metálica vai para a Fuminas, a parte plástica para a Fuplastic.
A convivência entre os dois modelos de empresas é baseada na sustentabilidade: enquanto a Fuminas carrega a técnica e a expertise da indústria tradicional, a Fuplastic incorpora agilidade, circularidade e inovação. Essa conexão ficou ainda mais evidente durante a pandemia, quando a Fuplastic ajudou a manter a operação da Fuminas. Hoje, a metalúrgica cresce cerca de 15% ao ano e segue investindo em processos limpos e certificados.
A relação entre pai e filho nunca foi de herança passiva, mas de troca ativa. O filho não herdou uma cadeira, mas criou uma nova história. E o pai, longe de se afastar, vem somando ao projeto com entusiasmo. “Sempre acreditei na força do trabalho e na importância de cuidar dos recursos. Ver meu filho transformar essa essência em um novo modelo de negócio, com outro material e propósito socioambiental, é a prova de que legado não é só herança, é inspiração”, diz Bruno Martini Frederico.
A história afetiva por trás da Fuplastic também é uma história de transformação real. Hoje a empresa movimenta toneladas de plástico reciclado, gera emprego, renda e impacto positivo. Já foram construídas com seus blocos modulares casas, estandes, lojas, carrinhos e muito mais. A matéria-prima vai desde brinquedos e componentes de carro até baldes de açaí, que voltam ao mercado como estruturas arquitetônicas duráveis.
“Meu pai me ensinou a base técnica e ética da indústria. Mas entendi que o futuro precisava de novos materiais, novos modelos e novos propósitos. Aprendi sobre resiliência, e tive a liberdade para transformar. A Fuplastic nasceu desse equilíbrio entre tradição e futuro, e nosso legado conjunto é mais forte porque vem do diálogo entre gerações”, completa Bruno Abramo Frederico.
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ELIANE VITIELLO DANTAS
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