Unir Educação Ambiental e Socioemocional torna os alunos mais conscientes e atuantes enquanto cidadãos 

Por Thaís Lenhardt, Coordenadora Pedagógica da Mind Lab

GABRIEL MACENA
05/08/2025 16h54 - Atualizado há 2 horas

Unir Educação Ambiental e Socioemocional torna os alunos mais conscientes e atuantes enquanto cidadãos 
Getty Images

O mundo contemporâneo enfrenta desafios cada vez mais complexos relacionados ao meio ambiente, como as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e a escassez de recursos naturais. Diante desse cenário, a Educação Ambiental emerge como um componente essencial e potente na formação de indivíduos capazes de compreender e agir frente a essas questões. Mais do que transmitir conhecimentos técnicos e/ou teóricos sobre ecologia e sustentabilidade, é necessário pensar e estruturar uma Educação Ambiental que tenha como objetivo o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais atreladas à construção de uma cidadania ativa, ética e comprometida com o bem comum. Ou seja, pensando sob a perspectiva de formação integral.
 
A Educação Ambiental precisa promover o engajamento afetivo e crítico dos estudantes com as problemáticas socioambientais, exercitando o desenvolvimento de qualidades humanas fundamentais como empatia, cooperação, resiliência e liderança. Tais habilidades não apenas facilitam a compreensão dos desafios socioambientais, como também municiam os alunos para atuarem como agentes de mudança positiva em suas comunidades e no mundo.

Pesquisas recentes apontam para a importância da dimensão emocional na sensibilização e mobilização de crianças e adolescentes frente às questões ecológicas. Em um cenário marcado por atitudes especistas e visões antropocêntricas, o trabalho com competências socioemocionais, como o gerenciamento emocional e a abertura a novas experiências, pode contribuir para a construção de posturas mais empáticas e éticas em relação aos demais seres vivos. Dessa forma, a Educação Ambiental se entrelaça com o processo de desenvolvimento humano integral, ao promover a consciência crítica e o envolvimento afetivo com a natureza.

Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representa um avanço significativo ao estabelecer entre suas Competências Gerais o desenvolvimento de habilidades como empatia, responsabilidade, cooperação e tomada de decisões éticas, sustentáveis e solidárias. A Competência Geral 10, por exemplo, ressalta a importância de agir com responsabilidade e cidadania, enquanto a Competência Geral 7 enfatiza a argumentação baseada em dados confiáveis e valores éticos, promovendo uma consciência socioambiental. Tais pontos  dialogam diretamente com os princípios da Educação em Direitos Humanos (EDH), expressos no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) e nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos consolidando um compromisso de formar indivíduos capazes de reconhecer e combater desigualdades, promover a paz e atuar de forma solidária em contextos democráticos. 

O direito à educação, portanto, deve ir além do acesso universal, contemplando também a garantia de uma formação que promova o desenvolvimento integral — cognitivo, afetivo, ético e social. Trata-se de assegurar uma educação que contemple não apenas o aprendizado do dia a dia da sala de aula, mas também ferramentas para que esses conhecimentos sejam aplicados com ética, responsabilidade e sustentabilidade em diferentes contextos. Isso inclui o estímulo a habilidades sociais como empatia, resolução de conflitos e interação sociocultural e ambiental.

Entre os exemplos podemos citar rodas de conversa sobre problemas ambientais - que podem ser mapeados e diagnosticados de acordo com a realidade de cada local. Essas iniciativas incentivam a empatia e a escuta ativa, ao permitir que os estudantes expressem seus sentimentos diante de situações de degradação ambiental e ouçam diferentes perspectivas. Outra possibilidade são os projetos de intervenção comunitária, como hortas escolares ou campanhas de conscientização sobre o consumo responsável, que mobilizam a cooperação, o senso de responsabilidade e a tomada de decisões éticas. Também é possível realizar diagnósticos ambientais participativos — com mapeamento de áreas verdes, observação do descarte de resíduos ou levantamento do uso da água na escola — estimulando o pensamento crítico e o engajamento coletivo. Além disso, práticas como a escrita de diários reflexivos ou a produção de vídeos e podcasts sobre temas socioambientais favorecem o autoconhecimento, a argumentação ética e o fortalecimento de vínculos afetivos com o território. Ao integrar essas experiências ao currículo, a escola potencializa o desenvolvimento de uma consciência ecológica sensível, crítica e transformadora, fundamentada no cuidado de si, do outro e do planeta. 

Assim, é imprescindível compreender que a Educação Ambiental, quando orientada por uma ética genuinamente ecológica e comprometida com a inclusão, contribui para superar discursos superficiais de sustentabilidade. Ao se sentirem parte de uma comunidade social e ambiental mais ampla, os estudantes aprendem a conhecer e a valorizar o cuidado consigo, com o outro — humano ou não — e com o planeta.  
 

*Thais Lenhardt é Coordenadora Pedagógica da Mind Lab. 


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GABRIEL MACENA DE SOUZA
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