Atraso de fala: o que fazer? Especialistas explicam estratégias práticas para estimular a comunicação infantil

Compreensão gestual, imitação, reforço positivo e mediação familiar estão entre os passos fundamentais para o desenvolvimento da fala, especialmente em crianças com TEA

JúLIA BOZZETTO
03/08/2025 17h40 - Atualizado há 3 horas

Atraso de fala: o que fazer? Especialistas explicam estratégias práticas para estimular a comunicação infantil
Divulgação/Potência

O atraso no desenvolvimento da fala é uma queixa frequente entre pais de crianças pequenas, especialmente na primeira infância. Embora cada criança tenha seu tempo, alguns sinais merecem atenção – e existem formas práticas e acessíveis de apoiar esse processo desde cedo, tanto em casa quanto com suporte profissional.

De acordo com a neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi, antes de esperar que a criança fale verbalmente, é importante observar se ela compreende a linguagem não verbal. “A capacidade de pedir, mesmo que sem fala, é um marco essencial do desenvolvimento comunicativo. A criança precisa entender que pode indicar o que quer, onde está algo ou chamar a atenção de um adulto para determinado objeto, e saber como se faz isso. Esse gesto, simples, é base para a construção da comunicação e linguagem”, explica Silvia, que é especialista em desenvolvimento infantil e atende crianças atípicas, especialmente com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Outro passo essencial, segundo a fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, é a imitação. “A criança deve ser estimulada a imitar os gestos dos adultos, como bater palmas, dar tchau ou fazer caretas. Isso é fundamental por dois pontos: além desses gestos estarem diretamente ligados à construção do cérebro social, ao vínculo e à comunicação, são o que permitirão que a criança aprenda como se faz para imitar e passe então a ser capaz de imitar sons que se tornarão em fala”, pontua Angelika. 

Entre as estratégias recomendadas pelas especialistas estão ações práticas que podem ser conduzidas por pais e cuidadores no dia a dia:

  • Parear objetos ao lado do rosto e falar com naturalidade,  de forma clara;
  • Atribuir significado ao que é dito (por exemplo, dizer “água” quando se mexe com ela ou a oferece para beber);
  • Reforçar positivamente toda tentativa de comunicação. 

“Quando a criança tenta emitir um som ou toma uma ação comunicativa, o adulto deve reagir de forma encorajadora, com sorrisos, elogios e continuidade na interação. Isso mostra que comunicar funciona e torna a vida mais fácil”, destaca Silvia. 

As especialistas também orientam a criar situações de necessidade comunicativa, como colocar o brinquedo preferido fora do alcance para que a criança precise sinalizar que quer, ou convidá-la para brincar, dando espaço para que ela responda com gestos ou sons.

Angelika reforça que essas estratégias são eficazes tanto para crianças típicas com atraso de fala quanto para crianças com desenvolvimento atípico, sendo que seu objetivo central é disparar o desejo de comunicar e favorecer a tomada de iniciativa de comunicação, mesmo que inicialmente, não verbal.  “A fala é uma habilidade que exige prática para se adquirir e desenvolver. O papel do adulto é criar situações que despertem essa necessidade, e acima de tudo, o desejo em comunicar e falar na criança, criando oportunidades de, em momento de uso, mostrar para a criança como se faz. Quando essa ação intencional é feita com constância e intenção, ela ajuda a criança a compreender como e porque usar a comunicação e a fala”, reforça a fonoaudióloga. 

Silvia lembra que o diagnóstico e a intervenção precoce fazem a diferença. “Quando pais e cuidadores percebem os sinais de atraso, o ideal é buscar orientação profissional para entender a fase de desenvolvimento da criança e traçar estratégias específicas para as necessidades dela. O trabalho conjunto entre família e profissionais é o caminho mais assertivo”, finaliza.


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