Daniel Victorino, CEO e Head de Dados da Galaxies, Divulgação
por Daniel Victorino**
Muitas ideias de transformação no mundo nascem nas universidades ou de mentes inovadoras que buscam alinhar seu espírito empreendedor ao gap de mercado existente. Recentemente, pude participar do International Workshop on Synthetic Data, realizado no Edinburgh Futures Institute, na Universidade de Edimburgo, e saí de lá com a convicção de que estamos diante de uma transformação inevitável e profunda na forma como empresas, governos e pesquisadores lidam com dados. Principalmente quando falamos de dados sintéticos.
A adoção de dados orgânicos, informações captadas diretamente de eventos do mundo real, já é uma realidade para uma parcela significativa do mercado. Esses dados, gerados de forma espontânea a partir de processos naturais ou comportamentos humanos, são extremamente valiosos para as empresas, pois refletem tendências e padrões consolidados ao longo das últimas décadas. No entanto, justamente por sua natureza complexa e não mediada, a coleta, o armazenamento e o processamento desses dados exigem tempo, estrutura tecnológica e recursos especializados.
Já o conceito de dados sintéticos, embora exista há várias décadas sob diferentes nomes e abordagens, ainda é pouco difundido fora do ambiente tecnológico. Nesse modelo, as informações são criadas artificialmente, por meio de computadores, simulações ou algoritmos, para replicar padrões e estatísticas presentes em dados reais. Apesar de sua existência prolongada, é inegável que, enquanto área estruturada e estratégica, os dados sintéticos são relativamente jovens e, por isso, vivem um período de rápida adoção e crescente relevância em diversos setores.
Esses dados são uma solução tecnológica à escassez ou ao risco do uso de dados reais. A capacidade de gerar conjuntos de dados realistas, mas totalmente desvinculados de informações pessoais sensíveis, abre portas para experimentação, testes e desenvolvimento de soluções em escala e velocidade inéditas.
Esse potencial já é explorado por organizações como Waymo, American Express e instituições como a Washington School of Medicine. No setor automotivo, por exemplo, carros autônomos tornam-se mais seguros ao “percorrerem” milhões de quilômetros simulados com dados sintéticos. No setor financeiro, bancos aprimoram seus sistemas antifraude ao analisarem transações artificiais que imitam o comportamento real dos clientes. Em saúde, dados sintéticos de pacientes têm acelerado o desenvolvimento de vacinas e ferramentas que salvam vidas. E no marketing, empresas vêm testando produtos e campanhas com personas sintéticas antes do lançamento oficial, reduzindo riscos e otimizando resultados.
É preciso, contudo, atentar para a governança e a responsabilidade no uso dos dados sintéticos. O debate sobre privacidade, fidelidade e utilidade dos dados foi o tema central em Edimburgo. A mensagem que ficou é clara: a adoção responsável exige não apenas tecnologia, mas também políticas sólidas, validação rigorosa e um compromisso inequívoco com a ética e a transparência.
Para CEOs e líderes empresariais, o recado é direto: ignorar o potencial dos dados sintéticos é abrir mão de competitividade, agilidade e capacidade de inovação. Mais do que uma tendência, trata-se de uma realidade. A colaboração inteligente será responsável pelo diferencial de liderar ou ser liderado na nova economia dos dados.
No Brasil, ainda temos um longo caminho a percorrer, mas a estrada já começou a ser pavimentada, com a Galaxies explorando o potencial dos dados sintéticos por meio de tecnologias brasileiras, com personas que sintetizam o nosso povo e que permitem que empresas testem e validem estratégias realistas em minutos. A nova era dos dados é não só inevitável, mas essencial para qualquer organização que deseje liderar em seu setor.
**Daniel Victorino, CEO e Head de Dados da Galaxies, startup de tecnologia pioneira no uso de personas sintéticas geradas por IA a partir de dados de pessoas reais. Formado em Relações Internacionais pela PUC e em Economia pela USP, Daniel sempre foi apaixonado por tecnologia e cultura geek. Ele acredita que a tecnologia tem o poder de transformar e simplificar a vida das pessoas, oferecendo soluções que empoderam e redefinem a forma como interagimos com o mundo.
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MARIA MARILEUDA DE AGUIAR SOUZA
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