Vestido com um pequeno jaleco branco e um crachá oficial pendurado na coleira, Dexter entra silencioso pelos corredores do Hospital Vera Cruz, da Hapvida, em Belo Horizonte. Apesar da discrição, o lhasa apso de 8 anos parece carregar nas patas a leveza capaz de transformar o dia de quem atravessa a rotina de internação. Todas as quartas-feiras, pontualmente às 10h, Dexter dedica uma hora a visitar pacientes adultos e crianças internados na unidade, levando afeto, "lambeijos" e muito “aumor”.
O cãozinho terapeuta faz parte do projeto Pet Terapia, conduzido pela agência Anjos do Bem Home Care. Desde que completou 1 ano de idade, Dexter foi treinado para exercer uma função especial: tornar o ambiente hospitalar mais humano e acolhedor. Antes de cada visita, ele passa pelo pet shop para banho e tosa. A higiene é levada tão a sério que, após o banho, ele não pode mais pisar no chão até chegar ao leito dos pacientes, tudo para evitar riscos de contaminação. “É para garantir que os pacientes possam ter contato, colocar a mão, pegar, abraçar, sem ter nenhum risco”, explica Claudia Martins, tutora de Dexter e responsável pelo projeto.
O trabalho, além de trazer alegria, também tem mostrado impactos positivos na recuperação de quem precisa de cuidados. Segundo Lourdes Marques, assistente social do Hospital Vera Cruz, a presença do cãozinho é muito mais do que um simples momento de distração. “A visita do Dexter traz alegria e esperança. Vemos isso no olhar de cada um dos pacientes, principalmente das crianças. Temos exemplos de pacientes que tiveram uma melhora significativa no quadro de saúde após a visita dele”, conta.
Lourdes destaca ainda que a iniciativa ajuda a fortalecer o vínculo entre a equipe de saúde e os pacientes. “O ambiente hospitalar pode ser, em alguns casos, solitário. Quando o Dexter chega, é como se o clima mudasse. As pessoas relaxam, sorriem, esquecem um pouco a dor. É uma terapia que toca o emocional, e isso faz toda a diferença no tratamento”.
Lourdes relata, com emoção, a história de uma paciente, uma criança, que infelizmente faleceu há pouco tempo. O cão terapeuta Dexter fez uma diferença enorme na vida dela. “Em momentos de muita dor, quando o uso de medicação era constante, a presença do Dexter transformava completamente o ambiente do quarto. A energia mudava. Ela parava de reclamar da dor, ficava em silêncio, abraçada a ele, fazendo carinho. Eram momentos de paz visíveis no seu rosto. Isso marcou profundamente não só a equipe do hospital, mas também a família dela”, conta.
Apesar do desfecho, Lourdes ressalta que essa história foi cheia de amor, afinal, o vínculo criado com o Dexter trouxe leveza ao processo de despedida. “Ela amava cachorros e, por isso, ele passou a visitá-la com mais frequência. Aqueles encontros foram um alívio, um respiro no meio da dor”.
A presença do Dexter mostrou o quanto um animal pode transformar um ambiente – algo que quem tem pet em casa sabe bem. “É importante também reconhecer a sensibilidade da Cláudia, tutora do Dexter, que teve a iniciativa de nos procurar. Graças a ela, essa história aconteceu – e nos marcou profundamente”, enfatiza.
Claudia destaca que todo o trabalho é voluntário e movido pelo compromisso com o bem-estar coletivo. “O Dexter faz isso com muita dedicação. A gente acredita que um pouquinho de carinho pode transformar o dia de alguém. É uma missão feita com muito amor”.
No Hospital Vera Cruz, o jaleco e o crachá de Dexter não são apenas um detalhe fofo, mas a prova de que, ali, ele é um profissional respeitado – e um verdadeiro agente da esperança. “O Dexter é parte da nossa rotina e da história de muitos pacientes. A Pet Terapia é mais uma ação humanizada que o Hospital Vera Cruz busca promover com seus parceiros para trazer mais conforto, qualidade de vida e alegria para quem está internado”, enfatiza a assistente social.
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LORRAINE GABRIELLE SILVEIRA SOUZA
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