Férias com pais separados: o que ninguém fala sobre a saúde mental das crianças

Advogada e neuropsicóloga explicam como resolver a divisão do tempo das crianças sem acionar a Justiça e promover harmonia entre os familiares.

FABíOLA ZARDINI
27/07/2025 12h13 - Atualizado há 23 horas

Férias com pais separados: o que ninguém fala sobre a saúde mental das crianças
Crédito: Kerkz

As férias estão quase acabando, mas a divisão do tempo dos filhos durante esse período sempre pode acabar sendo um transtorno para as crianças. Para evitar que isso aconteça, essa divisão pode ser feita de forma pacífica, sem a necessidade de levar a questão ao Poder Judiciário. É o que defendem a advogada Sabrina Nicoli, especialista em gestão de conflitos, e a neuropsicóloga Carolina Mattos. Segundo elas, disputas judiciais sobre quem ficará com as crianças nesse período expõem os filhos a tensões desnecessárias e evitáveis.

“A mediação pacífica evita que o impasse se arraste até o tribunal e transforma a partilha das férias em uma oportunidade de diálogo e cooperação”, destaca a advogada Sabrina. Para ela, a mediação familiar não busca culpados, mas sim constrói uma comunicação clara entre os responsáveis, preservando os interesses reais dos filhos e fortalecendo o papel parental de ambos.

A ausência de um acordo prévio sobre o período de férias pode gerar litígios após o recesso, resultando em custos financeiros, desgaste emocional e rupturas familiares, justamente quando os filhos mais precisam de estabilidade e segurança.

Dados do IBGE apontam que o percentual de guarda compartilhada no Brasil passou de 7,5% em 2014 para 37,8% em 2022, enquanto a guarda exclusivamente materna caiu de 85,1% para 50,3%. Apesar do avanço legal, muitos conflitos ainda chegam à Justiça por falta de diálogo e planejamento entre os pais.

A Lei 13.058/2014 determina que o tempo de convivência seja decidido em conjunto, sempre levando em consideração o melhor interesse da criança. O modelo mais comum é a divisão por períodos intercalados durante o recesso escolar, com alternância em datas comemorativas, favorecendo o equilíbrio emocional dos filhos.

“Pais têm o dever legal e afetivo de sustentar, educar e cuidar dos filhos”, lembra Sabrina, citando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Transformar a divisão de tempo em um gesto de cuidado e respeito emocional, e não em mais um ponto de conflito, é uma atitude necessária", finaliza.

"Decisões que envolvem os filhos devem se basear no amor e não no conflito", afirma neuropsicóloga 

Toda criança precisa de  previsibilidade emocional. “Quando os adultos não conseguem chegar a um acordo e transformam o tempo de férias em um campo de batalha, o cérebro infantil é submetido a altos níveis de estresse. Esse ambiente instável ativa regiões como a amígdala e o sistema límbico, responsáveis pelas respostas de medo e ansiedade, o que pode comprometer o desenvolvimento emocional e até a aprendizagem”, afirma a neuropsicóloga Carolina Mattos.

"Como psicóloga e neuropsicóloga, vejo com frequência o impacto profundo que os conflitos parentais podem ter sobre o bem-estar emocional e cognitivo das crianças, especialmente em períodos como as férias escolares, que deveriam ser momentos de descanso, alegria e conexão”, ressalta.

A especialista reforça, ainda, a importância da mediação nesse contexto, porque assim os pais conseguem construir acordos conscientes, respeitosos e afetivos para que a criança experimente segurança, pertencimento e amor, elementos fundamentais para seu amadurecimento psíquico e social. “É por isso que reforço a importância de mediações baseadas no diálogo e na empatia. Mais do que decidir ‘com quem a criança vai’, é necessário refletir: como ela se sentirá nesse processo? O cérebro da criança molda-se a partir das experiências emocionais que vive. E toda decisão que coloca o filho no centro do amor, e não do conflito, é sempre a mais sábia”, finaliza.

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