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Se tem uma coisa que posso dizer com convicção é que a corrida me salvou — não de algo trágico ou cinematográfico, mas da estagnação, do sedentarismo, da falta de propósito que às vezes nos assombra em silêncio. Comecei a correr por impulso, sem planejamento, sem relógio esportivo, sem o “tênis ideal”, e muito menos com uma esteira em casa. Mas aos poucos, fui descobrindo que correr não era só movimento: era transformação.
Quero compartilhar aqui minha trajetória, minhas dores e descobertas, e como alguns detalhes que pareciam bobos, como o
tênis certo ou o uso de uma esteira eletrônica, mudaram completamente minha relação com a corrida. Se você está começando ou pensando em voltar a treinar, espero que minha experiência te inspire de alguma forma.
O Começo: Correndo Pela Simples Vontade de Mudar
Tudo começou em uma tarde qualquer de domingo, daquelas em que o tempo parece andar mais devagar e o silêncio da casa faz barulho. Eu estava sozinho, sentado no sofá, com o celular na mão, rolando distraidamente o feed das redes sociais. A cada foto de paisagens, corpos sarados e sorrisos estampados, sentia uma mistura de incômodo e frustração. Levantei, fui até o espelho e encarei meu próprio reflexo com honestidade. Me senti esgotado. Não era só cansaço físico — era algo mais profundo. Um peso emocional que eu vinha carregando fazia tempo.
Meu corpo estava ali, mas minha energia, minha autoestima e minha disposição tinham ficado para trás em algum ponto dos últimos anos. Naquele momento, tive uma vontade súbita: precisava sair do lugar — literalmente. Não pensei muito. Vesti um short velho, peguei a primeira camiseta limpa que encontrei e calcei o tênis mais usado do armário, o mesmo que eu usava pra tudo: ir ao mercado, passear com o cachorro, resolver coisas na rua.
Fui para a rua sem meta, sem relógio, sem playlist. Só eu, meus pensamentos e um desejo enorme de me mover. Corri por 10 minutos que pareceram 40. O coração disparado, a respiração curta, as pernas pesadas como chumbo. Em poucos minutos, parei. Andei por mais um tempo, tentando recuperar o fôlego, com o suor escorrendo como se eu tivesse saído de uma sauna. Mas algo ali tinha mudado.
Naquele dia, algo dentro de mim despertou.
Mesmo exausto, senti uma leveza que não vinha de fora, mas de dentro. Era como se, pela primeira vez em muito tempo, eu tivesse conseguido romper uma parede invisível que me impedia de seguir em frente. E, naquele instante, percebi que correr me dava algo que há muito tempo eu não sentia: liberdade. A liberdade de decidir, de recomeçar, de cuidar de mim.
Nos dias seguintes, voltei à rua. Sem roteiro, sem pressão. Apenas repetindo o ritual. Mesmo tênis velho, mesmo short, mesma vontade de me reencontrar. Corri mais 10 minutos. Depois 15. Em poucas semanas, já conseguia correr por 30 minutos seguidos. O corpo ainda doía, mas a mente começava a se acalmar. Correndo, eu pensava menos nas cobranças do dia a dia e mais em mim. Era como uma terapia em movimento.
E foi ali que caiu a ficha: não era sobre ser rápido, nem sobre ter o melhor desempenho. Era sobre persistir. Sobre vencer a preguiça, o desânimo, a voz interna que diz “fica mais um pouco no sofá”. Descobri que a verdadeira corrida era contra a estagnação. E, a cada passo, eu estava vencendo.
Quando o Corpo Começa a Reclamar
Depois de algumas semanas empolgado, treinando quase todos os dias, começaram a aparecer as primeiras dores — e não eram aquelas dores boas, de músculos trabalhando. Era desconforto real. Primeiro senti nos tornozelos, depois nos joelhos, e mais tarde até nas costas. Meu rendimento caiu, a motivação diminuiu e a frustração começou a bater. Na minha cabeça, eu estava fazendo tudo certo: correndo regularmente, me esforçando, suando a camisa. Mas a verdade é que eu estava cometendo vários erros básicos de quem começa sem orientação.
O principal deles foi ignorar os sinais do corpo. Eu não respeitei meus limites, não fiz nenhum tipo de fortalecimento muscular (algo essencial para quem corre), e, acima de tudo, estava usando o calçado errado — ou melhor, qualquer coisa que tivesse sola.
Acredite se quiser: cheguei a correr de chinelo e até com um tênis casual que eu usava pra tudo, inclusive pra sair. Hoje isso me parece loucura, mas naquela época eu simplesmente não fazia ideia do impacto que isso causava nas articulações. A falta de amortecimento e de suporte adequado me expunha a lesões graves. E o pior: estava começando a perder o gosto pela corrida por conta da dor.
Foi só depois de muita pesquisa, bate-papo com outros corredores e uma visita a uma loja especializada que a ficha caiu. Entendi que escolher o
tênis certo não era frescura ou luxo — era uma questão de saúde. Descobri que existe um modelo ideal para cada tipo de pisada (pronada, supinada ou neutra), que o amortecimento faz diferença principalmente para quem corre no asfalto, e que o peso do corredor também influencia na escolha do calçado.
Na loja, fiz um teste rápido de pisada, e o vendedor me explicou tudo com paciência: desde o drop do tênis (a diferença de altura entre o calcanhar e a ponta do pé) até a durabilidade da entressola. Saí de lá com um modelo específico para corrida, adequado ao meu perfil, e pronto para recomeçar com mais consciência.
A diferença foi absurda. A dor foi desaparecendo com o tempo, meu rendimento voltou a subir, e o prazer pela corrida renasceu. Aprendi, da forma mais dolorosa possível, que um tênis errado pode acabar com seu treino — mas o certo pode transformar completamente a sua experiência com o esporte.
A Importância do Tênis de Corrida Ideal
Comprei meu primeiro
tênis de corrida “de verdade” depois de conversar com um vendedor que também era maratonista. Ele me explicou sobre os diferentes tipos de pisada (pronada, supinada e neutra), sobre amortecimento, estabilidade, e até sobre o “drop” do tênis, algo que eu nunca tinha ouvido falar.
Experimentei vários modelos, e optei por um com boa absorção de impacto, já que minhas corridas aconteciam principalmente no asfalto. O primeiro treino com ele foi um divisor de águas. Parecia que eu estava flutuando. O impacto nos joelhos diminuiu, a dor praticamente sumiu, e voltei a correr com prazer.
Desde então, passei a valorizar o calçado tanto quanto o treino em si. Aprendi que um bom tênis pode até evitar lesões graves, além de melhorar sua performance e motivação.
Dica pessoal: se você quer começar a correr, invista primeiro em um
tênis adequado. Não precisa ser o mais caro, mas precisa ser o certo para o seu tipo de pisada, peso e terreno onde você corre.
Quando a Chuva Veio (e Ficou)
Sou de Belo Horizonte, e quem mora aqui sabe: a chuva pode durar dias. E foi em uma dessas semanas que entendi a necessidade de ter um plano B. Eu estava completamente engajado, correndo quase todos os dias, mas a chuva atrapalhou minha rotina.
A solução veio de forma inesperada. Um amigo estava vendendo uma
esteira eletrônica usada, daquelas boas, com monitor de velocidade, inclinação e até controle de batimentos. Comprei sem pensar muito. Instalei na sala e, no dia seguinte, já estava treinando de novo — no seco, no seguro, e sem desculpas.
Corrida na Esteira: Uma Nova Perspectiva
Confesso que no início achei estranho. Ficar parado no mesmo lugar, olhando para a parede. Mas, com o tempo, percebi que a
esteira era minha aliada, não minha inimiga.
Ela me permitia manter a regularidade nos treinos mesmo quando o clima não ajudava. Me ajudava a controlar melhor o ritmo, fazer treinos intervalados, simular subidas e até testar minha respiração. Além disso, era um alívio saber que, se eu ficasse exausto, bastava apertar um botão e parar.
A esteira também me deu algo que a rua não dava: constância e segurança. Não tinha buracos, não tinha carros, não tinha distrações. Era eu, o painel digital, e a música no fone.
Hoje, combino os dois mundos: alterno treinos na rua com treinos na esteira, dependendo do tempo, do meu humor e da proposta do dia. Se quero treinar velocidade, prefiro a esteira. Se quero treinar resistência ou curtir o visual, vou para a rua.
Meus Tipos de Treino Favoritos
Com o tempo, fui testando diferentes tipos de treino, tanto na rua quanto na esteira. Aqui estão alguns que mais funcionam para mim:
1. Treino Intervalado (HIIT)
Faço 1 minuto forte + 2 minutos leve, repetindo 6 a 8 vezes. Na esteira, consigo controlar com precisão. Esse tipo de treino melhorou muito meu fôlego e minha velocidade.
2. Corrida Longa e Lenta
No fim de semana, gosto de correr 6, 8 até 10 km, num ritmo bem tranquilo. É o meu momento de meditação em movimento. Na rua, me conecto com o ambiente e comigo mesmo.
3. Subidas Simuladas
Uso a inclinação da esteira para simular subidas. É puxado, mas fortalece muito as pernas e ajuda a queimar gordura.
4. Treino Progressivo
Começo devagar e vou aumentando a velocidade a cada quilômetro. É ótimo para testar os limites e melhorar a resistência mental.
O Que Aprendi ao Longo do Caminho
Se eu pudesse resumir tudo o que a corrida me ensinou, diria o seguinte:
Começar é mais importante que ser perfeito.
Um bom tênis de corrida faz toda a diferença.
Ter uma esteira em casa é um investimento, não um luxo.
Respeitar o corpo é parte do progresso.
O maior desafio não é o trajeto, é vencer a procrastinação.
Além disso, percebi que correr não é só sobre o físico. É um exercício mental. Várias vezes eu quis parar, achando que não aguentava mais, mas aí dava mais um passo... e outro. Quando percebia, o treino tinha acabado. E eu estava inteiro — renovado, leve.
Dicas Pessoais Para Quem Quer Começar
Se você está começando agora, ou está voltando a correr depois de um tempo parado, aqui vão algumas dicas que eu gostaria de ter ouvido lá atrás:
Vá devagar. Correr não é sair disparado. Caminhe, trote, evolua com paciência.
Escolha um tênis bom. Não precisa ser caro, mas tem que ser adequado ao seu pé.
Use uma esteira, se puder. Principalmente nos dias de chuva ou quando quiser treinar com mais controle.
Faça aquecimento e alongamento. Isso evita lesões bobas.
Tenha um objetivo. Pode ser correr 5km, perder peso, melhorar a saúde mental. Ter um propósito ajuda muito.
Ouça seu corpo. Se doer de verdade, pare. Dor não é medalha.
Curta o processo. Não corra só pelos resultados. Corra pela jornada.
Conclusão: Correr é Simples, Mas Não é Fácil
Hoje, olho para trás e me surpreendo com o quanto evoluí. De alguém que mal conseguia correr 10 minutos sem parar, passei a completar treinos consistentes, participar de corridas de rua, sentir a vibração da multidão e a energia pulsante do asfalto sob os pés. Já bati meu recorde pessoal nos 10 km — e não foi só sobre o tempo em si, mas sobre vencer minhas próprias barreiras internas. Também já encarei treinos longos na esteira, correndo por mais de uma hora, embalado por podcasts, músicas motivadoras ou apenas pelo som da minha respiração — que se tornou uma espécie de mantra de superação.
A
corrida deixou de ser só um exercício físico. Virou parte da minha identidade. Hoje, é minha terapia, meu tempo comigo, meu momento de clareza mental. Me ensinou lições que levo para a vida: disciplina para seguir mesmo quando dá preguiça, foco para não me desviar dos objetivos e resiliência para continuar mesmo quando o corpo ou a mente querem parar.
Mas, acima de tudo, a corrida me ensinou algo que nenhuma outra atividade tinha me proporcionado: a habilidade de me ouvir. De entender meus limites, reconhecer meus ciclos, e aceitar que nem todos os dias serão incríveis — e tudo bem. O importante é continuar.
Se você está em dúvida se deve começar a correr, minha resposta é simples e sincera: vai! Comece do jeito que for possível. Não importa se for com uma caminhada leve ou um trotezinho tímido na calçada. O que vale é dar o primeiro passo.
Mas vá com calma. Respeite seu ritmo. Corra com intenção, com propósito. Invista em um tênis adequado, porque ele será seu maior aliado contra lesões e desconfortos. E se puder, tenha uma esteira por perto — ela é uma excelente companheira para dias chuvosos, treinos noturnos ou quando a rua parecer um obstáculo.
Não espere pelo “
momento perfeito”. A corrida ensina que o momento perfeito é aquele em que você decide começar.
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PETERSON FERNANDES ARAUJO
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