Câncer de intestino: como identificar os primeiros sinais e quando procurar um especialista

Doença silenciosa cresce entre os mais jovens, mas é altamente curável quando diagnosticada precocemente. Especialistas do Hospital São José, de Teresópolis, alertam para os cuidados e exames de rastreio

CAMILA PARREIRA
23/07/2025 17h00 - Atualizado há 16 horas

Câncer de intestino: como identificar os primeiros sinais e quando procurar um especialista
Divulgação
O Brasil se despediu neste domingo (21) da cantora Preta Gil, que faleceu aos 50 anos após uma intensa batalha contra o câncer de intestino. O caso da artista trouxe novamente à tona a importância do diagnóstico precoce de uma das doenças que mais cresce entre adultos jovens — e que, apesar de grave, pode ter altos índices de cura se identificada no início.
De acordo com o Dr. James Menezes Alvarez, especialista em endoscopia e colonoscopia do Hospital São José, de Teresópolis, o aumento de casos em pessoas mais jovens está fortemente associado ao estilo de vida. “Não existe um fator único, mas sim um conjunto de hábitos como sedentarismo, má alimentação e obesidade que podem estar contribuindo para esse cenário”, explica.
Sinais de alerta: o que observar

O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, cólon ou reto, pode ser silencioso nas fases iniciais. Mas alguns sintomas já são conhecidos como sinais de alerta — e não devem ser ignorados.
Segundo o Dr. James Menezes Alvarez, é importante procurar um médico ao notar:
  • Presença de sangue nas fezes;
  • Mudança persistente no hábito intestinal (como alternância entre prisão de ventre e diarreia);
  • Dor abdominal constante;
  • Perda de peso sem causa aparente.
“Infelizmente, muitos pacientes mais jovens tendem a normalizar esses sintomas ou deixar para depois, o que atrasa o diagnóstico”, alerta o especialista.
Quando começar os exames de rastreio
Por muito tempo, a idade recomendada para início da colonoscopia de rastreio era de 50 anos. No entanto, diante do aumento de casos em adultos mais jovens, essa idade caiu para 45 anos em pessoas sem histórico familiar e sem sintomas.
Além da colonoscopia, o teste de sangue oculto nas fezes também é indicado, mas o exame endoscópico continua sendo o mais eficaz. “A grande vantagem da colonoscopia é que, além de diagnosticar, ela permite a retirada de pólipos — lesões que podem evoluir para um tumor maligno”, destaca o especialista em endoscopia e colonoscopia do Hospital São José de Teresópolis.
E quanto ao medo do exame? O médico é direto: “O medo da colonoscopia deve ser muito menor do que o de descobrir um câncer avançado. É um exame seguro, realizado com sedação e em ambiente controlado. Quando feito por profissionais qualificados, o risco de complicações é extremamente baixo.”
Quando a cirurgia é necessária
Na maioria dos casos sem metástase, a cirurgia é o tratamento indicado, conforme explica o cirurgião oncológico do Hospital São José, Dr. Gustavo Savattone. “Se o objetivo é curar, o tumor precisa ser totalmente removido, com margens de segurança”, afirma.
Nos tumores localizados no reto, especialmente médio e baixo — como o da cantora Preta Gil — é comum que o tratamento envolva uma etapa anterior de quimio e radioterapia antes da cirurgia, em um processo chamado de neoadjuvância. Esse tratamento visa reduzir o tumor, aumentar a chance de preservar função e reduzir risco de recidiva.
O impacto do diagnóstico precoce
A diferença entre um diagnóstico precoce e tardio pode ser decisiva para a vida do paciente. “Nos estágios iniciais, a taxa de cura pode ultrapassar 90% em cinco anos. Já no estágio 4, com metástase, essa taxa pode cair para menos de 15%”, explica o cirurgião oncológico do Hospital São José.
A presença de metástases em linfonodos ou outros órgãos reduz significativamente a sobrevida e aumenta o risco de recorrência da doença.
Desafios dos casos avançados
No caso da Preta Gil, que teve um tumor de reto já em estágio avançado, a doença trouxe complicações importantes. “Tumores de reto baixo são desafiadores. A cirurgia é complexa, muitas vezes é necessário fazer uma ileostomia de proteção e, mesmo após a retirada do tumor, pode haver dificuldades na reconstrução do trânsito intestinal”, explica Dr. Gustavo Savattone.
Em casos avançados pode ter evolução para obstrução intestinal e necessidade de tratamento cirúrgico de urgência ou evoluir com doença metastática, gerando às vezes complicações em outros órgãos e sistemas, como vias urinárias e hepatobiliar, podendo exigir cirurgias paliativas para aliviar os sintomas.
Avanços no tratamento
Entre os avanços mais promissores está a cirurgia robótica, especialmente para tumores de reto, que oferece maior precisão ao cirurgião e menor trauma ao paciente. Na área de oncologia, o uso de imunoterapia e terapias-alvo também tem ampliado as possibilidades de controle da doença em casos avançados.
“Hoje conseguimos oferecer mais qualidade de vida aos pacientes, mesmo nos casos metastáticos. Mas o ideal continua sendo o diagnóstico precoce — ele é o fator mais importante para a cura”, reforça o cirurgião oncológico do Hospital São José.
Fique atento: quando procurar um especialista
Procure um gastroenterologista ou coloproctologista se você:
  • Perceber sangue nas fezes;
  • Tiver alterações persistentes no hábito intestinal;
  • Apresentar dor abdominal crônica ou perda de peso sem explicação;
  • Tiver histórico familiar de câncer de intestino;
  • Tiver mais de 45 anos e nunca realizou uma colonoscopia.

 

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CAMILA RIBEIRO PARREIRA
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FONTE: Hospital São José
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