Dressa pode se tornar patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul

Comitê de Cultura no RS leva à Assembleia Legislativa proposta de reconhecimento do artesanato com palha de trigo como bem cultural gaúcho

MARINA Z. DE ALBUQUERQUE
21/07/2025 17h08 - Atualizado há 21 horas

Dressa pode se tornar patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul
Divulgação Comitê de Cultura no RS
O artesanato em dressa, prática ancestral de trançar palha de trigo típica de diversas regiões do Rio Grande do Sul, poderá se tornar patrimônio cultural imaterial do Estado. A proposta foi levada à Assembleia Legislativa pelo Comitê de Cultura no RS, em agenda realizada no dia 16 de julho, com o presidente da Casa, deputado Pepe Vargas, que se comprometeu a encaminhar ao pedido junto a Assembleia Legislativa do RS.
A reunião contou com representantes de diferentes instâncias culturais, entre eles Sandro Giordani (Comitê de Cultura no RS - Circolo Trentino), Daniela Copat (Conselho de Cultura de Bento Gonçalves), Cristiane Bertoco (Arquiteta da Secretaria de Cultura de Bento Gonçalves), Plinio Mosca (ex-conselheiro estadual de cultura) e Mari Martinez (Coordenadora do Escritório do Ministério da Cultura no RS). O Comitê de Cultura no RS apresentou como base técnica a pesquisa da Doutora Cristine Tedesco, que entre 2024 e 2025 realizou 11 entrevistas de história oral com mulheres que produzem ou produziram a dressa, documentando seus saberes e experiências. Segundo a pesquisadora, “o artesanato com palha de trigo representa um elo entre as gerações, transmitido de forma oral, prática e coletiva, e carrega valores identitários fundamentais das comunidades de origem italiana no RS”.
A produção da dressa envolve uma série de habilidades técnicas específicas que vão desde o plantio de uma variedade própria de trigo até a preparação da palha, o trançado e os acabamentos, incluindo tingimentos naturais e a participação em feiras e mercados criativos. Esse saber-fazer foi introduzido por imigrantes italianos no século XIX e resiste até hoje, especialmente em comunidades de colonização italiana, como um símbolo de identidade, memória e pertencimento cultural.

Para Sandro Giordani, Coordenador de Metodologia do Comitê de Cultura no RS, o reconhecimento da dressa como patrimônio imaterial “é uma reparação histórica e um gesto de respeito às mulheres que mantiveram viva essa prática com as próprias mãos, muitas vezes em silêncio, longe dos espaços de valorização cultural”. Ele destaca que esse processo também conecta passado e futuro: “A dressa não é apenas uma lembrança do que fomos — é também uma possibilidade de reconexão com o que somos enquanto povo, cultura e território.”
A solicitação à Assembleia Legislativa também dialoga com tratativas em andamento junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE). O pedido é respaldado por marcos legais e diretrizes do IPHAN e da UNESCO que reconhecem como patrimônio imaterial os saberes e modos de fazer enraizados nas comunidades e com relevância histórica e cultural. O reconhecimento da dressa seria um importante passo na valorização de um ofício tradicional que conecta passado, presente e futuro por meio das mãos que preservam a cultura viva do povo gaúcho.
 

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