Em 8 de julho, comemora-se o Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador Científico no Brasil. Segundo dados da Unesco de 2022, existem cerca de 1.294 pesquisadores brasileiros entre os cientistas de maior impacto do mundo. E para incentivar um número ainda maior nesta área, o FUNBIO aproveita a data para reforçar as inscrições para o programa ‘Bolsas FUNBIO – Conservando o Futuro'. A edição de 2025 destinará até R$ 2 milhões, o dobro da verba inicial, para mestrandos e doutorandos com projetos de campo em todos os biomas brasileiros numa iniciativa em parceria com o Fonseca Leadership Program (Programa Fonseca de Liderança, em tradução livre), do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF na sigla em inglês).
Em sete edições do programa, 216 projetos foram selecionados: 170 doutorandos e 46 mestrandos, dos quais 120 mulheres e 96 homens, de 53 instituições de ensino de todas as regiões do Brasil. O objetivo é estimular e apoiar a pesquisa científica nacional e a formação profissional e acadêmica de uma nova geração de cientistas na temática socioambiental. Desde 2023, o programa conta com a parceria do GEF, o que amplia a visibilidade e a expansão da pesquisa científica brasileira.
"É uma satisfação ver o crescimento do programa e, principalmente, constatar como o apoio resultou em descobertas e avanços concretos na formação de mais de 200 pesquisadores em todo o Brasil. A parceria com o GEF é mais um passo muito importante para ampliar ainda mais essa rede de conhecimento e conexões, baseada na ciência. Espero que, nos próximos anos, a abrangência aumente ainda mais, assim como as transformações positivas nas carreiras desses jovens cientistas”, enfatiza a Secretária-geral do FUNBIO, Rosa Lemos e Sá.
Conheça cinco bolsistas selecionados pelo programa de Bolsas e suas pesquisas:
O doutorando Gustavo Henrique Guedes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), foi selecionado em 2022, com seu projeto sobre a riqueza de peixes sazonais do Brasil, buscando entender endemismo, ameaças e conservação. Descobriu algo inédito: três novos locais de ocorrência dos peixes das nuvens (Notholebias minimus): a Área de Proteção Ambiental (APA) das Brisas, na Baía de Sepetiba; e dois no município de Seropédica, sendo um no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Os rivulídeos são peixes que enterram os ovos e estes eclodem com as chuvas. Compõem um grupo diversificado com mais de 300 espécies espalhadas pelo Brasil e, desse total, 130 estão ameaçadas de extinção.
Amana Guedes Garrido, selecionada em 2018 a então mestranda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se debruçou em um levantamento da diversidade de zooxantelas (microalgas que vivem dentro dos corais) e como respondem às variações de temperatura dos mares, um problema ambiental agravado pelo aquecimento global. A pesquisadora procurou entender o processo de branqueamento (que ocorre quando há um aumento considerável da temperatura do mar, fazendo com que as microalgas se desprendam dos corais) acontece no Rio de Janeiro. Em campo, notou um branqueamento severo de mais de 80% das colônias de coral-de-fogo, mas somente 15% com mortalidade significativa, com mais da metade da colônia morta. Constatou que se recuperaram em questão de um mês após a anomalia térmica, o que é um resultado que mostra que esses recifes ainda podem ser capazes de se recuperar em algum nível, sem causar o desequilíbrio, comum em outros lugares do mundo.
Filipe Guimarães Lima, doutorando da Universidade Federal de Goiás (UFG), se dedica a entender o uso da paisagem por mamíferos terrestres, como o ameaçado tamanduá-bandeira, entre os parques estaduais da Serra de Caldas Novas. O corredor estudado abrange cerca de 60 mil hectares e cinco municípios, com áreas de Cerrado, pastos e plantações, matas ciliares e até mesmo remanescentes da Mata Atlântica. Selecionado em 2023, faz o monitoramento com armadilhas fotográficas e tem como objetivo analisar quais mamíferos habitam a região e os ambientes que favorecem – ou não – a presença de cada uma das espécies.
O pesquisador Luzivaldo dos Santos Júnior, doutorando da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), foi selecionado em 2023, e busca entender de que forma duas espécies de golfinhos, o tucuxi e o boto-vermelho (este ameaçado de extinção em nível nacional), sofrem, principalmente, com as consequências, diretas e indiretas, da pesca no canal conhecido como Paraná do Capivara, no Amazonas, importante área de pesca na região e quais os caminhos para reduzir os impactos da atividade pesqueira sobre estes animais. Luzivaldo também irá ouvir os próprios pescadores e, a partir do conhecimento local, propor estratégias para melhorar a relação dos locais com os animais marinhos.
A doutoranda amazônida Francisca Dioneia Ferreira, da Pan Amazônia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), conviveu a vida inteira com muitas questões que envolviam a rodovia BR-319, que conecta as capitais de Porto Velho, em Rondônia, e Manaus, no Amazonas. O percurso cruza uma área extremamente sensível da Amazônia brasileira, repleta de terras indígenas e Unidades de Conservação e a cientista, selecionada em 2024, quer entender melhor as redes socioambientais que orbitam a BR-319, com suas interações e desconexões organizacionais.
Como se inscrever
O processo seletivo é composto por três etapas (consecutivas e eliminatórias): inscrição e enquadramento; análise do projeto; cartas de recomendação e demonstração de interesse e classificação final das melhores propostas. Os trabalhos devem estar relacionados a um dos seguintes eixos temáticos:
● Conservação, manejo e uso sustentável de fauna e flora;
● Recuperação de paisagens e áreas degradadas;
● Gestão territorial para proteção da biodiversidade; e
● Mudanças climáticas e conservação da biodiversidade.
A inscrição deve ser feita pelo formulário on-line do programa pelo Portal de Chamadas do FUNBIO até do dia 31/07/2025, até as 23h59 – horário de Brasília. O resultado do processo seletivo será divulgado pelo site e mídias sociais do FUNBIO.
Rede internacional de troca
O Programa Bolsas FUNBIO - Construindo o Futuro representa um estímulo à pesquisa científica nacional, além de criar redes de conhecimento e apoiar futuros líderes. A iniciativa, além de apoiar e investir em jovens cientistas na transformação de propostas em conhecimento aplicável à conservação ambiental, preenche uma possível lacuna de financiamento numa das mais importantes etapas de formação de cientistas: as pesquisas de campo.
Outro ponto que merece destaque é que com a parceria com o GEF, um dos maiores financiadores de projetos ambientais no mundo, os melhores estudos permitem que os bolsistas integrem o Fonseca Leadership Program (Programa Fonseca de Liderança, em tradução livre), criado em homenagem ao biólogo Gustavo Fonseca que, à frente da direção de programas da instituição, viabilizou algumas das mais importantes iniciativas de conservação ambiental do planeta. O Fonseca Leadership Program apoia a formação de novos líderes e a integração em uma rede internacional, ampliando as conexões, o conhecimento e o alcance dos seus estudos.
Para mais informações, entre em contato:
Andréa Copolilo:: [email protected]
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ANDREA COPOLILO
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