Ganho compensatório: quando o peso não significa “mais carcaça”
Por Nathan Machado Cavalcante*
DS VOX
26/06/2025 09h28 - Atualizado há 7 horas
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Assunto muito comentado e discutido entre técnicos e pecuaristas por todo o Brasil, o ganho
compensatório em bovinos de corte refere-se a um ganho de peso superior ao esperado para animais
que passaram por um período de restrição alimentar. A moeda do pecuarista é a carcaça, ou seja,
arrobas líquidas produzidas em determinado período. Sabendo disto, o questionamento principal a
respeito do ganho compensatório é se realmente esse ganho de peso superior é convertido em
carcaça.
Em períodos de restrição alimentar, a menor quantidade de nutrientes para o metabolismo do animal
leva o organismo a reduzir o tamanho de órgãos (fígado, rins, coração, trato digestivo, entre outros),
diminuindo o gasto energético para manutenção. Com o fim da restrição, os animais apresentam um
ganho de peso maior, visto que a exigência energética está menor. Entretanto, o aumento do aporte
de nutrientes e da taxa de crescimento exige que os órgãos que haviam diminuído de tamanho se
desenvolvam novamente para suportar o novo metabolismo. Esse aumento do volume dos órgãos e
de outros componentes não-carcaça, justifica um ganho de peso vivo superior, porém não resulta em
ganho real de carcaça.
A proporção de tecidos que irão compor o ganho compensatório depende de vários fatores, como
sexo, idade, tempo da restrição, etc., algo de difícil predição e exploração, pois, ainda assim o ganho
pode ser nulo, parcial ou total. Dessa forma, boa parte do ganho compensatório pode ocorrer por
aumento de tecidos e órgãos (coração, rins, fígado, trato digestivo, etc.) tornando sua exploração uma
falsa ilusão, que será aferida somente no momento do abate dos animais, resultando em rendimentos
de carcaça abaixo do potencial.
O outro lado da moeda
Através da suplementação (mineral, proteica e energética), o fornecimento de maiores níveis de
nutrientes acelera a taxa metabólica do animal. Isso pode, de forma indireta, impactar o tamanho de
órgãos essenciais para sustentar o maior crescimento e desenvolvimento, modificando assim a
exigência de mantença do animal. No entanto, ao se optar pelo caminho da maior eficiência técnica
e econômica, suplementando adequadamente os animais, é preciso ter em mente um programa de
nutrição contínuo. Isso se deve ao fato de que os efeitos de uma restrição em uma fase seguinte
seriam mais severos, podendo perder, de forma total ou parcial, o ganho obtido com a
suplementação.
Planejamento é a palavra-chave para o sucesso de um programa alimentar de bovinos de corte. Ele
garante uma dieta equilibrada que atenda às exigências nutricionais dos animais, visando o ganho
desejado.
* Nathan Machado Cavalcante é zootecnista e consultor técnico de Bovinos de Corte da Premix.
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DANIEL SILVÉRIO DA SILVA
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