Coalizão Brasil celebra 10 anos destacando cinco avanços do agro sustentável na última década

Rede multissetorial destaca conquistas históricas na promoção do uso sustentável da terra, combate ao desmatamento e construção de políticas públicas integradas

DANIELLE FELTRIN
24/06/2025 10h39 - Atualizado há 5 dias

Coalizão Brasil celebra 10 anos destacando cinco avanços do agro sustentável na última década
Carolle Alarcon, gerente-executiva, e Karen Oliveira e Fernando Sampaio, cofacilitadores da Coalizão Brasil
Criada meses antes da histórica Conferência do Clima de Paris (COP 21), a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura completa dez anos neste mês com uma trajetória de influência em políticas públicas para o combate ao desmatamento, o fomento à agricultura sustentável e geração de emprego e renda no campo. O marco vem em um ano simbólico: o da realização da COP 30, em Belém, que deve alçar o Brasil ao protagonismo das negociações climáticas globais.

A Coalizão antecipou discussões fundamentais ao reunir atores com posicionamentos distintos — e por vezes antagônicos — em torno de uma pauta comum: o desenvolvimento sustentável do uso da terra. Dez anos atrás, o desmatamento já era um dos grandes vetores das emissões brasileiras de gases de efeito estufa, e a construção de pontes entre setores era vista como uma condição essencial para mudar este cenário.


“Não há um fórum multissetorial no Brasil tão abrangente e ambicioso com uma agenda semelhante à da Coalizão”, destaca Carolle Alarcon, gerente executiva da rede. “É emblemático comemorarmos os dez anos do movimento juntamente com a realização da COP no país. Este é um momento único para reafirmarmos nossa missão de unir diferentes setores e interesses em torno da defesa dos nossos biomas, da agricultura sustentável e do combate às mudanças climáticas.”

História do movimento reflete avanços e desafios do cenário socioambiental brasileiro

A atuação da rede ganhou ainda mais relevância no atual cenário global, marcado tanto pelo agravamento da crise climática quanto pelo avanço do negacionismo em relação à ação humana sobre os eventos extremos. A falsa dicotomia entre produtividade econômica e conservação ambiental reforça a urgência de agendas voltadas à geração de emprego e renda por meio de práticas e atividades sustentáveis, justas e competitivas.

Por meio de contribuições técnicas de seus membros, de parcerias institucionais e ações de advocacy, a Coalizão Brasil vem influenciando debates essenciais para a agenda agroambiental do país. “O grande legado da Coalizão é criar uma convergência entre diferentes setores da sociedade interessados na agenda de clima e uso da terra”, ressalta Fernando Sampaio, cofacilitador do movimento e diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). “Ao longo dos anos, propomos cada vez mais medidas para o desenvolvimento sustentável do país, enviadas e implementadas por diferentes esferas do governo.”
Em 2025, a rede ultrapassou 430 membros, consolidando-se como espaço de construção coletiva de soluções para os desafios do clima, florestas e agricultura, e ampliando sua voz em fóruns nacionais e internacionais. A Coalizão, assim, viu a importância de ampliar sua participação em debates sobre mecanismos de financiamento da transição:

“A destinação de recursos para o combate à crise climática é fundamental para viabilizar a transição energética”, avalia a cofacilitadora Karen Oliveira, que também é diretora para Políticas Públicas e Relações Governamentais da The Nature Conservancy Brasil (TNC). “A Coalizão entendeu a necessidade de acompanhar de perto os instrumentos para atingirmos este objetivo de forma justa e equitativa, como os mercados de carbono, crédito rural e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre.”

Cinco marcos da Coalizão Brasil para a agenda agroambiental

Ao longo de sua trajetória, o movimento teve papel decisivo em marcos que refletem a transformação do setor agropecuário rumo a um modelo mais sustentável. Veja cinco indicadores dessa evolução:

1. Fortalecimento da rastreabilidade das cadeias produtivas
Em dezembro de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lançou a plataforma AgroBrasil+Sustentável, que reunirá dados relevantes sobre produção rural do país, atendendo às demandas nacionais e internacionais por uma produção competitiva e sustentável de alimentos, em harmonia com a proteção dos ecossistemas. A Coalizão anunciou apoio público à plataforma ainda em fevereiro do ano passado, e entregou ao governo dois documentos defendendo a rastreabilidade individual do rebanho bovino, apontando meios legais para sua implementação. 

2. Reestruturação do modelo de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER)
A ATER já beneficia milhares de famílias de agricultores familiares em todo o país. De acordo com a Coalizão, a política pública deve priorizar as regiões Norte e Nordeste, atualmente as menos contempladas, e oferecer suporte técnico para a adoção de boas práticas de uso do solo e restauração florestal. Além disso, é fundamental formar lideranças locais e regionais, fortalecendo a diversidade produtiva.

3. Aprimoramento do Plano Safra
Em suas últimas edições, o Plano Safra, principal instrumento de orientação da política agrícola do país, passou a enfatizar investimentos na agricultura de baixo carbono e a propor medidas para integrar sustentabilidade e combate ao desmatamento ao crédito rural. Em documento enviado ao Mapa em março, a Coalizão indicou mecanismos financeiros para a implementação do Código Florestal e do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), com foco na promoção da recuperação de pastagens degradadas e na valorização de ativos ambientais.

4. Gestão de riscos climáticos para a segurança alimentar
A Lei Orçamentária de 2025 prevê investimentos de R$ 1 bilhão para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rura. O fomento à iniciativa é defendido em publicações da Coalizão, que ressaltam a importância do seguro rural para garantir a cobertura do produtor a eventos climáticos extremos, como estiagens, inundações e geadas, que podem provocar perdas significativas na safra.

5. Incentivo à silvicultura de espécies nativas
Com alto potencial nos mercados interno e externo, as espécies nativas cumprem funções ecológicas importantes e são capazes de gerar milhões de empregos diretos e indiretos e retornos econômicos consideráveis, além do seu impacto positivo na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. A Coalizão defende marcos regulatórios que removam barreiras ao plantio dessas espécies. Em 2023, o governo do Espírito Santo iniciou a desburocratização deste processo, ao facilitar o cadastro de nativas, em uma iniciativa que pode inspirar outros estados e o próprio governo federal.


Sobre a Coalizão
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento composto por mais de 400 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia. A rede atua por meio de debates, análises de políticas públicas, articulação entre diferentes setores e promoção de iniciativas que contribuam para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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DANIELLE FELTRIN ARTERO
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FONTE: Coalizão Brasil
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