A Finlândia é um dos países mais avançados do mundo em termos de sustentabilidade e estabeleceu metas ousadas para 2035 para reduzir a pegada ambiental: o consumo total de matérias-primas primárias nacionais não deve exceder os níveis de 2015, mesmo com o crescimento do uso sustentável de recursos renováveis. A única exceção se aplica às matérias-primas usadas na indústria voltada para exportação. Ao mesmo tempo, o país pretende dobrar sua produtividade de recursos e a taxa de uso circular de materiais (Circular Material Use Rate – CMU), marcando uma transformação significativa rumo a uma economia de baixo desperdício e eficiente no uso de recursos.
Relatórios recentes indicam que algumas dessas metas estão mais próximas de serem alcançadas, como o aumento da taxa de reciclagem e a redução do consumo de matérias-primas. Além disso, o país nórdico continua entre os que têm menor dependência de combustíveis fósseis. Atualmente, segundo a Statistics Finland, 95% da eletricidade produzida no país é livre de CO₂ e 56% provém de fontes renováveis.
Num país que se preocupa com o meio ambiente o futuro, a economia circular é apenas uma das frentes dos esforços rumo a um futuro mais sustentável. A Finlândia também é líder na bioeconomia, setor que transforma recursos naturais renováveis em produtos de alto valor agregado, como alimentos, cosméticos e materiais de construção. Em 2023, os setores da bioeconomia empregaram 308.800 pessoas, o que representa 11% da força de trabalho total do país, gerando um valor agregado de 29,3 bilhões de euros.
A tecnologia também desempenha um papel fundamental nessa transição. Como líder global no desenvolvimento de 5G e 6G, a Finlândia investe em soluções inteligentes que ajudam a melhorar a mobilidade urbana, reduzir emissões e otimizar o uso de energia e água. Cidades finlandesas utilizam sensores e dados em tempo real para tornar os serviços públicos mais eficientes e sustentáveis, mostrando como a inovação pode andar lado a lado com o cuidado ambiental.
A brasileira Mariana Lyra, 41 anos, pesquisadora e gerente de projetos na LUT University, se mudou para o país e tem visto de perto os esforços para acelerar a transição energética na região. “É impressionante como um cenário pode mudar efetivamente quando há recursos para financiar a transição e uma verdadeira vontade política estratégica para impulsionar essa mudança. A União Europeia, de muitas formas, fornece a estrutura e os caminhos para que essa transição aconteça não apenas tecnologicamente, mas também com um forte foco na inclusão e na justiça social. É realmente impressionante, e um contraste muito claro em relação à realidade brasileira”, afirma ela.
Heidi Virta, Diretora Sênior para a América Latina da Business Finland, agência governamental responsável pela promoção do comércio, investimento, financiamento à inovação, turismo e atração de talentos, afirma que as políticas da Finlândia voltadas para a sustentabilidade demonstram claramente um compromisso nacional com uma mudança sistêmica, e com o setor em expansão, há uma constante busca por cooperaçãoe talentos. "Para apoiar as metas e impulsionar a colaboração internacional, queremos atrair profissionais altamente qualificados, especialmente nos setores onde ciência ambiental, inovação digital e circularidade se encontram".
Da política à prática
Em 2016, a Finlândia se tornou o primeiro país do mundo a lançar um roteiro nacional para a economia circular. Esse roteiro foi atualizado em 2019 e, em 2021, evoluiu para um programa estratégico liderado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ministério dos Assuntos Econômicos e Emprego, com forte participação de empresas, universidades e da sociedade civil. O objetivo do país é se tornar uma economia circular carbono neutra até 2035. Para alcançar essa meta, a Finlândia atua em quatro pilares principais: usar evidências científicas para orientar a tomada de decisão, envolver diferentes setores na definição de metas compartilhadas, oferecer autonomia para que cada agente (empresa ou profissional) desenvolva suas próprias soluções sustentáveis dentro de um quadro comum e promover o aprendizado contínuo por meio da prática no mundo real.
“Temos um alto nível de cooperação e confiança entre governo, instituições de pesquisa e indústria, o que sustenta a mudança sistêmica necessária para a transição circular. A expertise da Finlândia na economia circular está integrada, por exemplo, na bioeconomia, nas cadeias de valor da mineração e de minerais, e em modelos de negócios orientados por dados. Abordamos a transformação circular através do design, incorporando a circularidade em toda a cadeia de valor e promovendo a colaboração entre diferentes setores industriais. Na Business Finland, colocamos foco especial no apoio à cocriação e às inovações relacionadas à mineração sem desperdício e aos minerais críticos”, afirma Outi Suomi, líder da missão de Transição Circular para o Desperdício Zero na Business Finland.
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JOVENILIO FRANCISCO SOARES
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