Narrando Utopias: segundo episódio destaca a agroecologia como resposta às enchentes

Da prevenção às enxurradas em Minas Gerais ao enfrentamento das enchentes no Rio Grande do Sul, o episódio destaca experiências de mitigação e adaptação construídas a partir da agroecologia.

DANIELA VALENGA
12/06/2025 08h37 - Atualizado há 1 dia

Narrando Utopias: segundo episódio destaca a agroecologia como resposta às enchentes
Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE)

O podcast Narrando Utopias, produção original do Portal Catarinas, lança nesta quarta-feira, 11 de junho, o segundo episódio da sua quinta temporada. A produção parte das enchentes como uma das expressões mais dramáticas da crise climática para apresentar experiências concretas de resistência e mitigação construídas a partir da agroecologia. 

Ouça o Narrando Utopias em plataformas de áudio, como no Spotify, ou no YouTube, com audiodescrição.

O episódio aborda as consequências das chuvas extremas que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, considerada a maior tragédia ambiental já registrada no estado, que inundou mais de 470 municípios. A partir do relato de Márcia Riva, agricultora e ecologista do Assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul (RS), a narrativa conduz uma reflexão profunda sobre perda, reconstrução e ação coletiva enraizada no cuidado com a terra.

“A perda financeira é só um dos eixos. Prezamos muito pelas memórias fotográficas [que existiam] desde a construção do assentamento, o nosso primeiro forno de barro, a primeira fornada de pães que levamos para a feira ecológica. Tudo isso estava registrado. E tudo isso se foi”, relata Riva, ao relembrar as consequências da enchente.

Embora o assentamento tenha sido um dos mais afetados pela tragédia, o modelo agroecológico adotado há décadas permitiu uma recuperação surpreendentemente rápida: a produção foi retomada em menos de três meses.

A combinação de cobertura vegetal permanente, diversidade de cultivos e cooperação comunitária foi fundamental para que o solo mantivesse sua fertilidade, mesmo após dias submerso. Análises realizadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comprovaram que, diferentemente de áreas com agricultura convencional, o solo agroecológico resistiu à contaminação e à degradação.

Em Bonfim, região metropolitana de Belo Horizonte, Sirlene Ramos e sua família demonstram outro aspecto crucial da resistência: a prevenção. Com apoio da Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE), organização que atua em Minas Gerais, implementaram técnicas como barraginhas e caixas secas, chamadas de tecnologias sociais. 

Essas técnicas, simples e acessíveis, funcionam como pequenas represas escavadas para captar água da chuva e permitir sua infiltração no solo, reduzindo significativamente os danos causados por enxurradas e contribuindo para a conservação de nascentes.

O episódio conta ainda com a participação da professora Marília Gaia, da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que atua como consultora desta temporada. Gaia explica como o modelo agrícola convencional — baseado na monocultura e no uso intensivo de máquinas — compacta e impermeabiliza o solo, impedindo a infiltração da água e agravando as enchentes.

“A agroecologia nos ensina a olhar para a estrutura e o funcionamento da natureza. Então, para que eu consiga pensar uma propriedade à luz da agroecologia, eu tenho que entender um pouquinho do ciclo da água”, destaca. 

Por fim, a produção reafirma a agroecologia como ciência, prática e movimento social, capaz de oferecer respostas concretas aos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Em um cenário de eventos extremos cada vez mais frequentes, escutar quem já constrói soluções sustentáveis e coletivas se revela um passo essencial para transformar o presente e imaginar futuros possíveis. 

Esta temporada foi selecionada pelo Edital Camp Serrapilheira 2024: Podcasts e conta com apoio do Instituto Serrapilheira. A Editora Expressão Popular, fundada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é parceira da produção. Em cada episódio, os ouvintes recebem indicações de leitura especialmente selecionadas para aprofundar os temas abordados.

Expediente:

Inara Fonseca: locução, pesquisa e roteiro

Kelly Ribeiro: locução, pesquisa e roteiro

Ananda Omati: identidade sonora

Thially Lima: identidade visual

Marília Gaia: consultoria

Natália Silva: mentoria

Daniela Valenga: redes sociais 

Paula Guimarães: diretora executiva do Portal Catarinas


 

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MARCIA DANIELA PIANARO VALENGA
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FONTE: Portal Catarinas
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