por Edvaldo Santos
Em um mundo cada vez mais dependente de tecnologias digitais, o papel das redes de telecomunicações na estrutura econômica e social global é indiscutível. Contudo, enquanto avançamos rumo a um futuro de comunicação imersiva e gêmeos digitais, devemos refletir sobre os desafios e as oportunidades que surgem ao integrar sustentabilidade em nosso desenvolvimento tecnológico.
A sustentabilidade pode ser definida como "satisfazer as demandas atuais sem comprometer a habilidade das gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades". Este conceito, quando aplicado às redes de telecomunicações, não apenas envolve a redução da pegada de carbono, mas também aborda questões socioeconômicas. Dessa forma, as redes futuras, como parte central da infraestrutura digital, devem minimizar impactos negativos e amplificar efeitos positivos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Estudos indicam que as redes móveis utilizam alto consumo total de energia, evidenciando a necessidade urgente de otimizar o uso energético. Iniciativas, como as da Ericsson, que utilizam inteligência artificial para otimizar o consumo de energia nas operações de rede, são cruciais. A meta da empresa de reduzir suas emissões de CO2 em 50% até 2030 exemplifica o compromisso necessário para enfrentar a crise climática.
Entretanto, a questão da desigualdade digital não pode ser ignorada. A ONU estima que quase metade da população mundial ainda não tem acesso à internet. Isso acentua a importância de desenvolver redes que sejam inclusivas e sustentáveis, garantindo o acesso igualitário. O impacto econômico dessas redes também é significativo. No caso do Brasil, país em desenvolvimento, adicionar apenas 10 linhas de banda larga a cada 100 habitantes pode aumentar o Produto Interno B (PIB) em 1,21% por ano, segundo levantamento do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA). Além disso, a conectividade é crucial não apenas para oportunidades econômicas, mas também para a educação, serviços de saúde e participação cívica. Sem acesso à internet, muitas comunidades permanecem isoladas e privadas de recursos essenciais, limitando seu potencial de desenvolvimento.
Apesar dos custos iniciais elevados para desenvolver tecnologias sustentáveis, os benefícios a longo prazo — como a redução de custos operacionais e a melhoria da reputação corporativa — frequentemente superam esses investimentos iniciais. A sustentabilidade, longe de ser um obstáculo à inovação, pode servir como um catalisador, incentivando o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e responsáveis.
Há argumentos de que regulamentações rigorosas podem limitar a criatividade e o avanço tecnológico. Contudo, ao ver a sustentabilidade como uma oportunidade em vez de um obstáculo, podemos encorajar práticas inovadoras que respeitem nossos limites ambientais e sociais. A solução reside em integrar a sustentabilidade como componente central desde as primeiras etapas do design tecnológico, considerando as diversas iniciativas globais intersetoriais já em andamento.
Ao colocar a sustentabilidade no centro do desenvolvimento, podemos não apenas reduzir a pegada ambiental das redes, mas também promover benefícios sociais e econômicos, como a diminuição da desigualdade digital e melhorias em setores-chave como educação e saúde. Estamos comprometidos com essa visão de um "mundo conectado e sustentável", dedicando esforços para apoiar um desenvolvimento tecnológico que respeite nossos limites planetários e promova um futuro mais equitativo e próspero para todos.
Sobre o autor:
Edvaldo Santos é Vice-Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Ericsson para o Cone Sul da América Latina. Com mais de 20 anos de experiência na Ericsson, Edvaldo construiu uma carreira sólida e diversificada no setor de telecomunicações. Formado pela Escola de Engenharia de Lins, Edvaldo é reconhecido como um especialista no desenvolvimento e patenteamento de tecnologias 5G. Seu trabalho tem sido fundamental para posicionar a Ericsson como referência em soluções de telecomunicações na região do Cone Sul da América Latina, contribuindo significativamente para o avanço da conectividade e das telecomunicações na região. O executivo se destaca não apenas por sua expertise técnica, mas também por seu comprometimento com iniciativas de diversidade e inclusão dentro da empresa.
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Priscilla Poubel
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