O Brasil, maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com 8,3 milhões de hectares cultivados, lidera a geração de bioenergia, como o etanol. A adubação é essencial para garantir e aumentar a produtividade dessas lavouras, mas a utilização de fertilizantes minerais convencionais enfrenta desafios, como altos custos e dependência de importações. Nesse contexto, o uso de lodo de esgoto compostado (LEC) surge como alternativa complementar, proporcionando benefícios econômicos e ambientais.
Estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) – Campus de Ilha Solteira, com o apoio da empresa Tera Ambiental, que produz fertilizante orgânico composto a partir do tratamento de lodo de esgoto e outros resíduos orgânicos urbanos, industriais e agroindustriais, demonstrou que o LEC melhora a fertilidade do solo e aumenta a eficiência da adubação mineral convencional. O resultado disto é a economia de fertilizantes minerais e ganhos de produtividade. O experimento foi realizado durante em área localizada em Suzanápolis (SP), o qual avaliou a aplicação de LEC em solos tropicais de baixa fertilidade cultivado com cana-de-açúcar. Os resultados apontaram aumento significativo da matéria orgânica do solo e melhora na disponibilidade de nutrientes como fósforo, cálcio e magnésio, tanto na primeira quanto na segunda soca da cana.
O tratamento com 5 t ha⁻¹ de LEC mais 50% de fertilização mineral recomendada (FMC) apresentou os melhores resultados quanto aos ganhos na fertilidade do solo e produção. Além disso, a aplicação de LEC reduziu a acidez da terra e aumentou as concentrações de micronutrientes como zinco e cobre. Esses efeitos foram observados tanto em curto quanto em longo prazo, mostrando o potencial residual do composto.
O estudo destaca o LEC como solução sustentável para a agricultura, reduzindo a dependência possibilitando economia no uso de fertilizantes importados, diminuindo custos de produção e promovendo a economia circular. Sua utilização não apenas melhora a fertilidade do solo, mas também contribui para a sustentabilidade do setor sucroenergético, alinhando-se aos princípios de redução de impactos ambientais e à minimização de resíduos.
“A utilização do lodo de esgoto compostado (LEC) representa um marco para a agricultura sustentável no Brasil. Esse estudo reforça o papel dos fertilizantes orgânicos compostos como uma alternativa viável para reduzir a dependência de fertilizantes minerais importados, diminuir custos de produção e, ao mesmo tempo, promover a economia circular. Além de ser uma solução prática, este tipo de adubo contribui significativamente para a saúde do solo e a sustentabilidade do setor sucroenergético, mostrando que é possível aliar alta produtividade com responsabilidade ambiental”, destaca Fernando Carvalho Oliveira, doutor em Agronomia - Solos e Nutrição Mineral de Plantas - pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP de Piracicaba/SP. O especialista é o responsável técnico pelos fertilizantes orgânicos compostos Tera Nutrição Vegetal.
O experimento da Unesp testou 11 tratamentos, variando as doses de LEC e as concentrações de FMC, durante a primeira e segunda soca da cana. Os resultados mostraram que a aplicação do LEC melhorou a matéria orgânica do solo, o pH, a soma de bases, a capacidade de troca de cátions e a saturação por bases. Além disso, houve aumento nas concentrações de nutrientes, como fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), boro (B), cobre (Cu) e zinco (Zn).
A pesquisa aponta que o LEC tem grande potencial como fertilizante orgânico natural, reduzindo a dependência de fertilizantes minerais convencionais. Sua aplicação em solos tropicais proporciona benefícios adicionais, como a diminuição dos custos de produção e a promoção de benefícios socioeconômicos. Não apenas contribui para a sustentabilidade da produção agrícola, mas também oferece alternativa viável para reduzir os impactos ambientais e promover uma agricultura mais econômica e sustentável.
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SIMONE SOARES CAMARA ALVES
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