Pragas avançam sobre lavouras de mandioca e colocam em alerta produtores do Norte e Centro-Oeste

Doenças vassoura-de-bruxa e a mosca-das-galhas já causam perdas de 100% em algumas plantações no Amapá, Pará e Tocantins; agrônomos reforçam a importância do monitoramento e do manejo integrado de pragas para conter o avanço

LUCAS RODRIGUES CUNHA
29/05/2025 17h25 - Atualizado há 1 dia

Pragas avançam sobre lavouras de mandioca e colocam em alerta produtores do Norte e Centro-Oeste
Banco de imagens/ divulgação
As lavouras de mandioca enfrentam um cenário crítico em importantes polos produtores do Brasil. A doença conhecida como vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Rhizoctonia theobromae, devastou plantações no Amapá e no Pará no início deste ano. Agora, uma nova ameaça ganha força no Tocantins: a mosca-das-galhas (Jatrophobia brasiliensis), praga que até então era considerada secundária, mas que já compromete áreas inteiras de plantio e preocupa produtores e técnicos da região.

Em campo, já estamos vendo perdas de 100% em áreas recém-plantadas. A mosca-das-galhas afeta diretamente o desenvolvimento da planta, bloqueando a fotossíntese e levando à morte de plantas jovens”, alerta o agrônomo Vinícius Vigela, coordenador técnico de mercado da Nitro, empresa brasileira especialista em insumos biológicos e nutrição. Segundo ele, a praga forma galhas — semelhantes a verrugas — nas folhas da mandioca, onde se desenvolvem as larvas da mosca, dificultando a aplicação de controle direto. Já a vassoura-de-bruxa é igualmente agressiva: forma brotações finas e deformadas no topo da planta, deixa folhas amareladas e raízes sem valor comercial. “É uma doença que pode dizimar uma lavoura em menos de 40 dias se não for contida, e se espalha com facilidade por mudas contaminadas ou até mesmo por ferramentas de manejo”, explica Vigela.


De acordo com o especialista, o aumento dessas pragas tem relação direta com o clima quente e úmido, comum ao Norte e ao Centro-Oeste do país, especialmente em períodos chuvosos. As condições favorecem o ciclo reprodutivo dos agentes causadores das pragas e agravam os impactos de falhas no manejo. “Essas pragas não são novas, mas agora ganharam força por causa do manejo inadequado e das mudanças climáticas, que forma um ambiente favorável ao desenvolvimento delas. O produtor precisa estar atento desde o início do plantio”, orienta Vigela.

Entre as práticas de risco para a disseminação estão o plantio contínuo de mandioca na mesma área, o uso de mudas contaminadas, a proximidade com áreas já infestadas, a redução dos inimigos naturais por uso excessivo de inseticidas e, principalmente, a falta de monitoramento constante. “Monitorar a lavoura toda semana pode fazer a diferença entre conter um surto ou perder a produção inteira”, adverte.

Para evitar novos prejuízos e conter o avanço das pragas, Vigela reforça a adoção imediata do Manejo Integrado de Pragas (MIP), prática que combina ações preventivas, biológicas e culturais. Ele destaca a importância da atenção ao uso de mudas sadias, da rotação de culturas com espécies como milho e feijão, da escolha de variedades mais resistentes — disponíveis em boletins técnicos da Embrapa e Emater, por exemplo — e da destruição dos restos culturais após a colheita. O vazio sanitário, ou seja, o afastamento entre lavouras novas e áreas antigas infestadas, também é uma medida eficaz. “O manejo integrado não é só teoria. É uma ferramenta essencial para o produtor que quer entregar qualidade e manter sua lavoura saudável”, afirma.

Vigela lembra ainda que não há defensivos químicos com eficácia comprovada para o controle da vassoura-de-bruxa, o que torna a prevenção ainda mais importante. “O uso criterioso de defensivos seletivos e a aplicação de agentes biológicos, como fungos na base de trichoderma, associado a bacillus biofungicidas, por exemplo, pode colaborar com o controle de forma sustentável”, comenta.

Além das práticas no campo, o especialista ressalta a importância do apoio técnico especializado, principalmente nas regiões afetadas. “Um diagnóstico preciso permite decisões mais seguras, evita o uso excessivo de insumos e ajuda a proteger a renda do produtor. É isso que garante sustentabilidade ao negócio da mandioca”, pontua o agrônomo.

A situação no Tocantins serve de alerta para produtores de todo o Brasil. Sendo assim, o especialista reforça a necessidade de intensificar o monitoramento, buscar assistência técnica e adotar práticas preventivas, como medidas urgentes para proteger uma cultura essencial à segurança alimentar e à renda de milhares de famílias no país.
 

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