Estresse canino e felino: atendimento domiciliar reduz ansiedade e melhora diagnósticos veterinários

Médico-Veterinário explica como fatores emocionais impactam diretamente na saúde física dos pets e por que a consulta em casa pode ser a melhor opção

PRISCILA GONZALEZ
27/05/2025 12h32 - Atualizado há 1 dia

Estresse canino e felino: atendimento domiciliar reduz ansiedade e melhora diagnósticos veterinários
Marcelo Müller

Cães e gatos também sofrem de estresse, ansiedade e depressão — e essas condições emocionais têm impacto direto na saúde física dos animais. O que muitos tutores ainda desconhecem é que problemas aparentemente físicos, como vômito, diarreia, dermatites e comportamentos destrutivos, podem ter origem emocional.

O médico-veterinário Marcelo Müller, especializado em atendimento domiciliar e bem-estar animal, alerta que o estresse não deve ser subestimado. "Muitas vezes, ele é a origem ou o agravante de diversos problemas que os tutores não conseguem identificar. O corpo dos animais manifesta fisicamente aquilo que está desequilibrado emocionalmente", explica.

Quando o emocional vira físico

Na prática clínica, Müller observa com frequência pets que desenvolvem doenças psicossomáticas. Entre os sintomas mais comuns estão lambedura compulsiva, perda de apetite, isolamento, agressividade e até alterações gastrointestinais severas.

"Já atendi animais que apresentavam quadros de vômito e diarreia crônicos, sem causa aparente nos exames, mas que melhoravam significativamente quando trabalhávamos as questões comportamentais e ambientais", relata o veterinário.

O estresse da ida ao veterinário

Ironicamente, o próprio deslocamento até a clínica veterinária pode agravar o problema. "Um pet que raramente sai de casa, ao ser colocado na caixa de transporte, já inicia um processo de estresse. Na clínica, precisa lidar com sons, cheiros desconhecidos, outros animais e manipulações", explica Müller.

Esse quadro eleva os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, podendo interferir no exame físico e até mesmo nos resultados de parâmetros clínicos. "Já vi animais com taquicardia e tremores na clínica que desapareciam completamente em casa. Não estávamos lidando apenas com sintomas físicos, mas com sobrecarga emocional", conta.

A casa como ambiente terapêutico

É nesse contexto que cresce a procura pelo atendimento veterinário domiciliar. Para Müller, não se trata apenas de comodidade, mas de uma estratégia de bem-estar. "No ambiente familiar, cercado de cheiros conhecidos e pessoas queridas, o animal se comporta naturalmente, permitindo uma avaliação mais precisa e menos invasiva."

A consulta domiciliar também possibilita uma análise mais ampla da rotina do pet. "Posso observar o espaço que ele ocupa, os estímulos que recebe, o tipo de interação com os tutores. Às vezes, o que parece problema físico é resultado de uma rotina pobre em estímulos ou de um ambiente que não atende às necessidades emocionais do animal", explica.

Principais sinais de alerta

Entre os problemas mais comuns associados ao estresse em pets estão:

  • Ansiedade de separação
  • Comportamentos compulsivos (lambedura excessiva)
  • Agressividade
  • Vocalização excessiva
  • Distúrbios gastrointestinais
  • Dermatites sem causa aparente
  • Quadros depressivos

Prevenção é a chave

O especialista reforça que o equilíbrio emocional tem impacto direto na imunidade, digestão e até na resposta a tratamentos de doenças crônicas. "Bem-estar não é luxo, é saúde. Quando entendemos que os pets são seres integrais — físicos, emocionais e relacionais —, nossa abordagem muda completamente."

Para Müller, o futuro da medicina veterinária passa pela compreensão de que não basta tratar apenas a doença. "É preciso cuidar do indivíduo, do contexto, do ambiente e do vínculo que ele estabelece com seus tutores."

O atendimento veterinário domiciliar tem se consolidado como alternativa não apenas prática, mas terapêutica, proporcionando diagnósticos mais precisos em um ambiente livre de estressores externos.


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