A importância de cuidados e parcerias na criação de um filho com autismo
INêS DELLERBA
08/04/2025 17h12 - Atualizado há 4 dias
Foto: Freepik / Asier Relâmpago Estúdio
O mês de abril carrega uma cor e um propósito: o azul da conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O Dia Mundial da Conscientização do Autismo (2 de abril) é uma data fundamental para promover informação, combater o preconceito e fortalecer o acolhimento às famílias que convivem com o TEA. Entre os inúmeros desafios enfrentados por pais e mães, talvez o mais marcante seja o momento do diagnóstico. A percepção de atrasos na fala, dificuldades de socialização ou comportamento atípico costumam ser os primeiros sinais de alerta. A aceitação do diagnóstico, por si só, já representa um processo emocional profundo – para os pais, para a família e para a própria estrutura da relação conjugal. A confirmação do diagnóstico de autismo pode abalar a dinâmica familiar e, muitas vezes, a relação entre os pais. Infelizmente, ainda é comum que mães assumam sozinhas a responsabilidade pelos cuidados e tratamentos do filho, muitas vezes com pouco ou nenhum apoio do pai, o que ocorre em todas as classes sociais – especialmente nas mais vulneráveis. Isso reforça a necessidade urgente de união, empatia e comunicação entre os genitores. A dificuldade de lidar com o autismo, ou qualquer outra condição que exige atenção especial, pode afastar o casal e abalar a relação de casamento. O ideal é que os pais consigam ter uma boa comunicação, acompanhem e compartilhem dos tratamentos. Para o bom do desenvolvimento da criança, é preciso um trabalho muito integrado entre os pais, escolas, profissionais de saúde e a família. Se esses pais têm um suporte familiar, as coisas ficam menos difíceis. Além dos pais, irmãos, avós e demais familiares têm um papel importante na construção de um ambiente acolhedor. Muitas vezes, por falta de informação, familiares julgam comportamentos atípicos como "birra" ou "falta de educação", o que gera ainda mais estresse e isolamento. A informação é a chave para o acolhimento. Casais separados enfrentam desafios ainda maiores. A guarda compartilhada exige diálogo e decisões conjuntas sobre tratamentos e educação – o que nem sempre acontece. Há casos em que um dos pais nega o diagnóstico ou se recusa a seguir as orientações dos profissionais, colocando em risco o desenvolvimento da criança. Os apoios jurídico, psicológico, escolar e médico tornam-se indispensáveis para garantir que a prioridade seja sempre o bem-estar da criança. O caminho do desenvolvimento da criança com TEA exige acompanhamento multidisciplinar: psicólogos especializados, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, além do suporte pedagógico adequado. Escolas inclusivas precisam ser preparadas e orientadas para acolher e estimular essas crianças, muitas vezes com a presença de um mediador. Para muitas crianças com autismo, a rotina é essencial. Ter um dia a dia estruturado ajuda a manter o equilíbrio emocional e reduzir as crises. A autonomia, por sua vez, pode e deve ser estimulada desde cedo, com estratégias adaptadas às necessidades de cada criança. A campanha Abril Azul tem contribuído para desmistificar o autismo e reduzir o preconceito. Hoje, já é mais comum ver pessoas reconhecendo sinais de autismo com empatia, ao invés de críticas e julgamentos. Entender o autismo como uma condição é o primeiro passo para uma sociedade mais justa, inclusiva e humana. Andreia Calçada é psicóloga clínica e jurídica. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MARIA INÊS DIAS DELL'ERBA
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