São Paulo, 8 de março de 2025 - Vistas erroneamente como algo que afeta mais os homens, as doenças cardiovasculares são aquelas que mais matam mulheres no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, as cardiopatias causam o dobro de mortes em relação a todos os tipos de câncer que atingem o aparelho reprodutor feminino e representam ⅓ do total de óbitos de mulheres no Brasil.
“Embora tenhamos visto que o sucesso de campanhas tenha deixado as mulheres mais conscientes sobre a importância dos exames ginecológicos e da prevenção do câncer de mama, ainda percebemos um certo negligenciamento feminino em relação à saúde do coração”, explica a cardiologista Dra. Alessandra Geisler.
Segundo ela, no que diz respeito a doenças cardiovasculares, as mulheres se diferem dos homens em relação aos sintomas, diagnósticos e tratamentos, além de possuírem fatores de risco específicos. “Existem no mínimo duas situações que trazem riscos únicos para as mulheres, que são a combinação perigosa de cigarro e pílula anticoncepcional, que triplica os riscos cardiovasculares; e a menopausa, que ocasiona a redução na produção de estrogênio, um hormônio que protege os vasos sanguíneos.”
Muitas vezes, explica a Dra. Alessandra, as diferenças nos sintomas em relação aos homens podem levar a atrasos nos diagnósticos, uma vez que muitos médicos se apegam ao que acontece com os pacientes masculinos. “As mulheres podem apresentar sintomas como náusea, fraqueza, dores gástricas, falta de ar, dor nas costas, ombros e mandíbula, o que não é comum em casos de cardiopatias nos homens e isso ainda não é de conhecimento geral”, disse ela.
Para a cardiologista, a situação pode se agravar, pois em relação aos diagnósticos, as mulheres podem ter maior probabilidade de ter resultados de testes cardíacos "normais", mesmo quando têm doenças cardíacas, e podem responder de forma diferente aos tratamentos para doenças do coração na comparação com os homens.
"É fundamental que as mulheres estejam cientes dos seus fatores de risco e dos sintomas de doenças cardíacas", afirma a Dra. Geisler. A especialista destaca que fatores como má alimentação, estresse, sedentarismo, menopausa, hipertensão e diabetes aumentam o risco de doenças cardiovasculares em mulheres. A médica também lembra que "o tempo é fundamental para a preservação da vida" ao sentir os sintomas de um ataque cardíaco.
A Dra. Alessandra explica ainda que existem cardiopatias que têm maior incidência nas mulheres do que nos homens. Entre elas estão a Doença Microvascular Coronária, que é uma condição que afeta os pequenos vasos sanguíneos do coração e que pode ser mais difícil de diagnosticar do que a doença arterial coronariana tradicional. Existe ainda a Cardiomiopatia de Takotsubo, ou síndrome do coração partido, que é uma doença muitas vezes desencadeada por estresse emocional intenso, afetando principalmente mulheres. Outra doença que afeta mais as mulheres é a Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEp), que é uma forma de insuficiência cardíaca é mais comum em mulheres e pode apresentar sintomas bem diferentes dos homens.
"As mulheres precisam priorizar a saúde do coração, adotando hábitos saudáveis e realizando exames de rotina. A prevenção é o melhor caminho para evitar complicações e garantir uma vida longa e saudável", finaliza a Dra. Geisler.
Formada em Medicina pela Faculdade Mogi das Cruzes, possui Pós Graduação em Alimentação Infantil pela Universidade de Boston e Especialização em Cardiologia Pediátrica no Instituto do Coração - FMUSP. É chefe da equipe da cardiologia pediátrica do Hospital Nove de Julho e do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, além de atuar como cardiologista pediátrica do Hospital Infantil Sabará e do Hospital Sírio Libanês, também na capital paulista. É médica do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, do Hospital do Coração e do Hospital Samaritano e do Hospital Leforte.
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FRANCISCO PACHECO NOGUEIRA DE SOUZA
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