13/12/2024 às 17h23min - Atualizada em 16/12/2024 às 20h06min
Falta de Preparo Emocional de Atletas: O Impacto na Performance e nos Resultados no Futebol Brasileiro
RENATO LISBOA
Renato Lisboa
Editora Lisboa Renato Lisboa*
No universo do futebol de alto desempenho, onde os detalhes fazem toda a diferença, uma questão crucial tem ganhado destaque: a falta de preparo emocional dos atletas. Esse fator, muitas vezes negligenciado, impacta diretamente o processo de tomada de decisão em campo e, consequentemente, os resultados das equipes. Em um cenário onde o preparo físico e os esquemas táticos se equiparam, a gestão emocional emerge como o grande diferencial.
No Brasil, a cultura do futebol é marcada por uma visão simplista e punitiva em relação aos treinadores. Quando os resultados não são satisfatórios, a culpa é atribuída, quase que automaticamente, aos técnicos, levando à frequente substituição dos mesmos. Contudo, uma análise mais profunda revela que a estruturação inadequada de departamentos psicológicos e terapêuticos nos clubes tem sido um fator preponderante para o insucesso.
Dados e Estatísticas
Estudos recentes apontam que equipes com departamentos de psicologia e suporte terapêutico bem estruturados possuem uma vantagem competitiva considerável sobre aquelas que negligenciam essa área. Um levantamento realizado pelo Observatório do Futebol em 2023 revelou que clubes da elite europeia como Manchester City, Bayern de Munique e Paris Saint-Germain, que contam com equipes multidisciplinares focadas no desenvolvimento mental e emocional de seus atletas, apresentam até 30% mais consistência em desempenho ao longo das temporadas. No Brasil, o Palmeiras e o Botafogo destacam-se como exemplos positivos, com estruturas psicológicas que têm contribuído para a estabilidade emocional e decisões mais assertivas em momentos decisivos.
Por outro lado, muitos clubes brasileiros ainda veem o investimento em psicologia esportiva como secundário, priorizando apenas o preparo físico e tático. Essa abordagem limitada resulta em atletas emocionalmente despreparados para lidar com a pressão, erros e adversidades, comprometendo não apenas sua performance individual, mas também o rendimento coletivo.
O Papel da Gestão Emocional no Futebol
Em um esporte onde a pressão é constante e as cobranças são implacáveis, o controle emocional pode ser o fator decisivo entre a vitória e a derrota. A falta de inteligência emocional afeta diretamente a capacidade dos atletas de tomarem boas decisões em momentos cruciais, como uma finalização decisiva ou a escolha do passe certo. Em contrapartida, jogadores com alta inteligência emocional são mais resilientes, confiantes e capazes de se recuperar rapidamente de erros, mantendo um nível de desempenho consistente.
Caminhos para a Mudança
Para que o futebol brasileiro alcance novos patamares, é imprescindível uma mudança de paradigma. Investir em departamentos psicológicos robustos deve ser uma prioridade, tanto quanto o preparo físico e tático. Além disso, é fundamental conscientizar atletas, treinadores e dirigentes sobre a importância da gestão emocional no esporte.
A integração de profissionais de psicologia esportiva, coaches, psicanalistas, treinadores e comissões técnicas pode criar um ambiente mais saudável e propício à alta performance. Isso inclui a implementação de programas de treinamento emocional, técnicas de mindfulness e suporte contínuo aos atletas.
A estruturação de um suporte emocional adequado nos clubes de futebol é mais do que uma tendência; é uma necessidade para garantir competitividade e resultados consistentes. Em um esporte onde cada detalhe importa, a inteligência emocional dos atletas pode ser o elemento-chave para o sucesso. O futebol brasileiro tem talento de sobra; falta apenas o investimento em um aspecto essencial: o preparo emocional.
*Neuropsicanalista, Socorrista em Saúde Mental e Coach
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RENATO DOS SANTOS LISBOA
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