Divulgação O fato é: falta um Silvio Santos na eleição de São Paulo. E digo mais: faltam muitos candidatos a Silvio Santos na política brasileira.
Silvio tentou ser candidato em 1989 e tudo indicava que ganharia a eleição. Foi tirado por manobras e Collor foi eleito. Silvio nunca mais tentou. E essa eleição para prefeito de SP é parecida: tal como a de 1989, está embolada entre 3 nomes, com um novo Lula, sendo um centro-direita com mais chances de ganhar no segundo turno.
A diferença para hoje é que Silvio era outsider de centro. Resumindo, ele tinha o melhor de Marçal e o melhor de Nunes: era outsider como Marçal, mas conciliador como Nunes. Era o que pegaria votos de todos os lados, até da esquerda.
O estilo de Silvio é o oposto da eleição atual para prefeito de SP. O ódio já dominou e dividiu em 3 forças equilibradas. Cada um com sua parcela de eleitores que odeiam firmemente o outro candidato. A questão agora é: quem será o dono da nova Porta da Esperança? Quem ganhará será o eleitor comum, que não gosta do clima de ódio. Todos os candidatos e suas campanhas estão longe disso.
O que vemos hoje na eleição para prefeito de SP é um concurso de bravinhos, de brigões de colégio, de líderes de gangues. O debate eleitoral virou uma novela policial que visa responder à pergunta: quem é o sócio do PCC? E o eleitor esperto pensa: eu acho que todos são culpados.
Em oposição a isso, Silvio é o comunicador da alegria e da escuta, que criou relação de confiança com sua audiência. Sua campanha mudaria o tom de todas as campanhas e ele venceria essa eleição. Pois só ele poderia quebrar o clima de ódio dominante e abrir as portas da esperança. Como disse Silvio Santos em 1989: “Todos os candidatos falam de destruição. Acho que chegou a hora de falar em construção”.
Um candidato como Silvio, conciliador e que se comunica pelo sorriso, traria para a eleição as vastas parcelas de público que cansaram do ódio e querem voltar a ter esperança. Os eleitores que se abstém ou votam apenas são menos odiados. Entender e conquistar esse eleitor será o futuro da comunicação política. E pode ser o presente.
Marçal cresceu rápido no eleitorado cativo anti-sistema de direita, pois viu ali uma oportunidade de eleitorado sem candidato. Mas, se não reverter sua imagem num eventual segundo turno, terá dificuldades de conquistar o público que gostaria de mais diálogo e menos ódio. Nunes, se passar para o segundo turno, terá vantagem. Mas ele não é um anti sistema como era Silvio. Silvio era mesmo uma jabuticaba: o anti sistema com alegria. Quem conseguir ser isso vence em qualquer cidade do Brasil.
Na ausência de um novo Silvio, os candidatos que conseguirem se conectar melhor com o estilo Silvio Santos de comunicar têm mais chance de ganhar a eleição. Mas estamos longe disso entre os candidatos atuais.
O elenco de personagens na eleição para prefeito de SP em 2024 é só uma lista de clichês da dramaturgia brasileira. Tem o cara dos anos Rebeldes que, apesar de ser playboy, virou de esquerda e invade casas. Tem o novo-rico que veio de escola pública e é de direita de Goiás (esse é a grande novidade dessa temporada, pois a novela rural invadiu a novela urbana). Tem uma boa aluna da periferia que estudou em Harvard, típica de filme cabeça de cinema brasileiro. Mas até ela se fantasiou de brava e agora usa jaqueta de couro para brincar de ser policial e investigador, o amiguinho marginal. Tem o tiozinho do centrão que tenta ser conciliador como Silvio Santos preconizava, mas não sabe fazer como Silvio, que dominava a conversa brincando. E tem o Datena, já falo dele. O que une todos àquele tom Bravo… A campanha virou série com briga de gangues de adolescentes.
Datena foi a maior decepção. Em uma eleição disputada, poderia ser uma alternativa para um novo Silvio Santos. Afinal, ele também veio da televisão. E ele entende de povo. Como dizia o Silvio Santos para seu candidato a vice: vocês entendem de política, eu entendo de povo.
Mas foi erro meu ter esperança. Datena não tem nada de Silvio. Datena é apenas o Marçal de ontem. O Brigão da TV contra o Brigão da Internet.
O segundo é mais jovem e forte. Para esse tipo de personagem, ser Iron Man conta ponto. No quesito herói anti-sistema, o Marçal é mais forte que Datena.
Um exemplo para ficar claro: se Datena fosse um Silvio Santos, ele tiraria sarro do jovem talento Pablo Marçal, brincaria com ele, diria que no futuro ele pode ser um bom presidente, mas o manteria em seu lugar subalterno.
Se Datena fosse mais Silvio Santos, ele poderia ter revertido o cenário eleitoral, pois criaria um fenômeno de união em torno dele.
Um exemplo: Datena tentou enfrentar o Marçal de frente e… Só parou na frente dele. Nem uma carteira de trabalho ele mostrou, como fez Marçal com Boulos em uma cena performática muito bem calculada. Datena não. Ele só levantou para brigar e não fez nada. Ele ficou parecendo o velhinho ranzinza de 80 anos do meu prédio. Foi uma péssima imagem.
Seria muito melhor dar uma flor, se fosse um candidato do PV. Jogar uma purpurina, se fosse da P.Uto. (Partido Utópico). Ou sei lá. Fazer como Silvio e jogar um aviãozinho de dinheiro no Marçal. E dizer.
- Eu sei que você quer mesmo é dinheiro…
- Quem quer dinheiro.
E sorrir..
Possivelmente, Silvio não faria nenhuma dessas piadas que eu, sem o talento de Silvio, consegui pensar. Mas aposto que em seu programa de YouTube, que ele teria em sua campanha, ele teria palhaços com ele que fariam piadas parecidas. E Silvio iria apenas rir com o público dos palhaços que ele mesmo lidera. Essa seria uma comunicação política alegre e vitoriosa. Quem souber fazer isso terá a comunicação política do futuro, que sabe zombar do outro sem promover o ódio.
E, mesmo no debate, eu consigo afirmar que Sílvio destruiria o Marçal (que foi o grande outsider) com uma boa piada que o colocaria no lugar dele. Possivelmente dizendo que é um jovem talento e deve ter mais experiência para as próximas eleições… Algo assim.
Mas Datena não teve essa sabedoria senil. Ao tentar ser o bravinho, se nivelou no nível do Marçal. E virou o velho ranzinza. Fica a dica: se você é mais velho, tem que ser sábio. Não adianta disputar a vaga de fortão.
Outro exemplo: você já imaginou Silvio criticando alguém porque come açúcar? Ou Silvio contando prosa que é Iron Man. Silvio não constrói a imagem do super-herói. Ele constrói a imagem do homem comum, como seus colegas de trabalho. Num debate como esse, eu aposto que Silvio poderia rir dessa acusação, se fingir de bobo inocente que não entendeu o sentido que Marçal quis atribuir a açúcar, e brincar com o eleitor dizendo: poxa! Nisso, eu sou como o Boulos. Às vezes, eu também gosto de açúcar.
Ele, dessa forma, ganharia a cidadã comum que também come açúcar e não entendeu o duplo sentido de Marçal. Essa sabedoria de escutar o povo simples, pensar como o povo e fingir ser um deles não é mais comum em candidatos. Na eleição de SP, ninguém está tendo. E, por isso, todos entraram no jogo de Marçal e a eleição virou o concurso de bravinhos.
Resumindo: o candidato que aprender a ser mais Silvio Santos ganhará essa eleição. E isso vai acontecer em toda cidade brasileira. Pois o povo está cansado dos extremos.
A questão é que o voto radical dos extremos pode te levar ao segundo turno. Mas para vencer no segundo turno, precisa do voto de centro. E aí é que entra a alegria.
Por tudo isso, acredito que a forma de comunicar do Silvio Santos poderia ser mais usada em campanhas políticas. Traria outro tom ao debate e mais esclarecimento popular. Para isso, são necessários candidatos que aceitam o seu ridículo (como Silvio aceitava), pois isso é a base da empatia com o público.
O candidato que entender isso será o líder do futuro, pois irá fidelizar seu eleitor, que será um eleitor ativista em sua gestão e o ajudará a governar.
E o que Silvio Santos faria. O que os novos líderes têm que fazer?
Quem quer receber o Troféu Silvio Santos e ser o candidato da Bancada da Felicidade?
É isso que iremos buscar nessa final de campanha. Somos do P.UTO. O Partido Utópico e queremos trazer mais alegria e esperança para essa campanha.
Sobre o Pu.to. O P.uto. é um partido utópico, movimento político inovador que promete transformar o cenário eleitoral brasileiro, trazendo humor para as campanhas. O projeto, que apoia a candidatura de diversos partidos e ativistas, será lançado dia 18 de setembro, tendo na primeira etapa a avaliação de candidatos como Pablo Marçal, Datena e outros.
Sobre Newton Cannito Newton Cannito é roteirista do filme Silvio, cinebiografia do Silvio Santos.
E também do filme Alô Alô Terezinha, sobre Chacrinha.
Trabalha com storytelling pessoal para empresários e políticos.
Foi diretor de programação da Ciro TV, onde criou pilotos para vários formatos de entretenimento com comunicação política.
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BRUNA GIOVANNA BARBOSA FORMIGA
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