Mais de 10 milhões de gatos estão em situação de abandono no Brasil

Apesar do aumento no número de felinos nos lares brasileiros, que chegou a 30 milhões em 2024, grande parte enfrenta os perigos da rua ou aguarda a adoção

JéSSICA AMARAL
13/10/2025 14h09 - Atualizado há 9 horas

Mais de 10 milhões de gatos estão em situação de abandono no Brasil
Divulgação

Quem nunca pensou em adotar um pet para fazer companhia para si ou para outro animal da casa, cuidar do lar ou até mesmo para trazer alegria? No Brasil, os gatos passaram a dominar os lares e se tornaram preferência quando o assunto é animal de estimação. De acordo com o Instituto Pet Brasil (IPB), houve um aumento de 5,4% no número de felinos nas casas brasileiras entre 2022 e 2024, passando de 29,2 milhões para mais de 30 milhões de gatos acolhidos em lares. 

Para Adriana Tschernev, diretora-executiva da ONG Confraria dos Miados e Latidos, diversos fatores explicam o aumento, entre eles o estilo de vida urbano. “As pessoas têm mais dificuldades em manter cães de maior porte em apartamentos, além de demandarem o compromisso de sair de casa. Já com os gatos, o tamanho não importa: se o ambiente for enriquecido para eles, estarão felizes sem demandar nenhum passeio. O fato de ficarem melhor quando sozinhos no período do dia em que as pessoas trabalham fora também pode contribuir, uma vez que os gatos toleram melhor do que os cães a breve ausência dos tutores”.

O enriquecimento ambiental é uma das principais preocupações a que os tutores devem se atentar ao adotar um gato, além das necessidades mais básicas, como ter uma casa telada e não deixar o animal acessar a rua. Segundo Adriana, o ambiente deve oferecer opções para que o gato exerça as ações que mais gosta de fazer: brincar, caçar, arranhar e dormir, uma vez que a falta disso gera gatos obesos, frustrados e até adoecidos pelo estresse.

Adoção de gatos traz benefícios para tutores

Ao adotar um gato, a vida do felino muda completamente e de forma imensurável. Dados indicam que um gato sem acesso à rua vive, em média, 15 anos; já os que dão a famosa “voltinha”, ou até mesmo não possuem lares fixos, têm a expectativa de vida mais baixa e chegam, em média, a apenas cinco anos. Os perigos são os mais diversos, como brigas, atropelamento, envenenamento, machucados e até doenças sérias, como a FIV, a FeLV e a esporotricose.  

Estudos recentes apontam que, além dos benefícios que o gatinho ganha com a vida nova, quando o humano abraça e interage com o gato, os níveis de oxitocina, o chamado “hormônio do amor”, aumentam em ambos os cérebros. A substância neuroquímica liberada é a mesma que surge quando uma mãe embala seu bebê ou quando amigos se abraçam. A sensação de confiança e afeto é gerada. 

Dizem que ter gato vicia e que “quem tem um, tem dois ou mais”. Isso aconteceu com Ingrid Lima de Melo, que adotou uma gata da ONG Confraria dos Miados e Latidos. “Decidi adotar a Alice sem planejamento prévio. Estávamos já pensando e decididos em pegar mais um gato, pois eu e meu marido moramos em um apartamento com outro gato, e é aquela coisa: ‘preciso dar um gato pro meu gato’, porque na nossa rotina agitada acabamos ficando a maior parte do tempo na rua e ele já estava dando um show quando tínhamos que sair”. 

O único planejamento era em relação à adaptação da nova integrante da família. “Só tínhamos pensado em uma coisa, iríamos adotar próximo às férias do meu marido para que pudéssemos iniciar a adaptação gradual e da maneira mais correta possível. Cerca de 15 dias antes de ele entrar em recesso, passamos em uma loja de artigos pet despretensiosamente para comprar areia, mas fomos olhar os gatinhos e nos apaixonamos por Alice Kaya. O perfil dela era todo perfeitinho pra nós”, conta Ingrid. 

População de desabrigados chega a 10 milhões

Apesar do crescimento de felinos adotados — e tendência de aumento contínuo —, o número de gatos em situação de abandono é de 10 milhões, com apenas 7.400 abrigados em ONGs ou locais mantidos pelo poder público, de acordo com a pesquisa Índice de Abandono Animal. “Eu vejo um futuro próximo em que as pessoas possam compreender melhor os gatos e lhes oferecer um ambiente previsível e que eles possam controlar, com uma oferta adequada tanto de alimentos quanto de interação e atenção”, afirma a diretora-executiva da ONG Confraria dos Miados e Latidos. 

Desde 2007, a organização trabalha promovendo o bem-estar e qualidade de vida dos gatos, mas foi em 2025 que viram a necessidade de expandir a estrutura por conta do aumento de adoções e pedidos de resgate. Para resolver o problema, a solução foi iniciar a construção do Castelo dos Miados, um lugar que unifica abrigo, clínica de atendimento interno e ao público e o setor administrativo. 

“A capacidade de acolhimento é de mais de 200 gatos, o que representa três vezes mais vagas de admissão inicial, o dobro de vagas na maternidade e 40% mais vagas de internação para animais com doenças infectocontagiosas. O resultado disso serão ainda mais animais fora das ruas e em seus lares definitivos”, explica Adriana. 

Apoie a Confraria ou adote um felino!

Para que o sonho do novo espaço seja concluído, a ONG convida apoiadores a se tornarem parte da Corte do Castelo com a compra de cotas de apoio. O espaço possui visitação guiada aos finais de semana e atividades permanentes como home office com gatos, por R$ 35 o período de 08 horas, sessões de meditação ao lado de felinos FeLV+ e aulas de yoga nos ambientes onde os animais aguardam adoção, experiências que promovem o bem-estar humano e contribuem para a socialização dos gatinhos.

A quem quiser doar e fazer parte da Corte, as cotas, que começam em R$ 50, oferecem diferentes recompensas e contrapartidas simbólicas, como títulos de nobreza para os pets da família, camisetas exclusivas, tours personalizados e até acesso às câmeras de monitoramento da ala dos filhotes. Faça parte da campanha: https://doa.re/hCTt

Para quem quiser contribuir adotando um felino, acesse https://www.miadoselatidos.org.br/gatos-para-adocao. Todos os animais são castrados, microchipados, vacinados e testados para FIV e FeLV, e, ao adotar, o novo tutor recebe uma pasta contendo todo o histórico médico do gatinho. 

Sobre a Confraria dos Miados e Latidos

A ONG atua com excelência e profissionalismo na proteção animal desde 2007, tendo viabilizado nesse período a adoção responsável de mais de 5 mil animais e a castração de mais de 16 mil. Seu trabalho é focado na castração, como um dos pilares fundamentais da Saúde Única (saúde animal-humana-ambiental), no resgate e adoção responsável e na produção de conteúdo educativo para o público em geral.


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
JESSICA HENRIQUES DE MELLO PEIXOTO AMARAL CORDEIRO
[email protected]


Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://itaqueraemnoticias.com.br/.