Novas normas globais de auditoria interna transformam função em pilar estratégico de governança

Diretrizes publicadas pelo The IIA reposicionam a atividade para lidar com riscos digitais, ESG e demandas sociais

GIOVANNA ALVES
30/09/2025 16h41 - Atualizado há 10 horas

Novas normas globais de auditoria interna transformam função em pilar estratégico de governança
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A auditoria interna entra em uma nova era com a implementação das Novas Normas Internacionais de Prática Profissional (IPPFs), promulgadas em 2024 pelo The Institute of Internal Auditors (The IIA). O novo arcabouço normativo representa mais do que uma atualização: é uma resposta direta ao cenário global marcado por transformações digitais, geopolíticas, econômicas e socioambientais.

Segundo especialistas, a mudança de um modelo prescritivo para um sistema baseado em princípios amplia a relevância e a agilidade da auditoria interna. O objetivo é reposicionar a função como peça-chave para conselhos de administração e alta gestão, fortalecendo sua capacidade de gerar valor e contribuir para a resiliência organizacional e social.

O avanço da inteligência artificial, da cibersegurança, das práticas de ESG e o aumento dos crimes virtuais aceleraram a necessidade de revisão das normas. "A velocidade com que surgem e se transformam os riscos exige da auditoria interna respostas mais rápidas, precisas e adaptadas a diferentes contextos culturais e regulatórios, sem perder comparabilidade global", afirma Márcia da Rosa Pereira, diretora do IIA Brasil.

Entre os impactos mais significativos está a evolução da governança corporativa. O papel do Chief Audit Executive (CAE), que antes se limitava a reportar atividades e conformidades, passa a ser o de articular conversas estratégicas com a alta gestão. Agora, os relatórios de auditoria devem apresentar o valor gerado, com métricas como perdas evitadas, eficiências conquistadas e garantia sobre riscos associados à transformação digital.

O uso de tecnologias emergentes, em especial a inteligência artificial, é outro pilar da mudança. Ferramentas de análise preditiva, redação automatizada de relatórios e processamento em larga escala de contratos e transações passam a ser aliadas na detecção de fraudes e no direcionamento dos planos de auditoria. Ao mesmo tempo, cresce a responsabilidade de avaliar a governança e a ética no uso desses próprios recursos tecnológicos.

As novas normas também reforçam o papel da auditoria interna na agenda ESG. Mais preparadas para combater práticas de greenwashing, as equipes poderão utilizar dados não estruturados, como sensores de emissões ou percepções de redes sociais, para validar informações e oferecer garantias mais robustas a investidores, reguladores e à sociedade.

Outro ponto de destaque é a valorização das competências comportamentais dos auditores. Habilidades como comunicação eficaz, negociação, pensamento crítico e influência estratégica ganham protagonismo. Para Márcia da Rosa Pereira, "o auditor moderno não é apenas um técnico em controles; ele precisa dialogar com a alta gestão, interpretar riscos complexos e traduzir informações em valor estratégico para a organização".

No setor público, as novas IPPFs representam um marco. Órgãos e entidades passam a contar com mais flexibilidade para avaliar riscos que impactam diretamente a missão estatal, como cibersegurança, integridade na gestão e efetividade de políticas públicas. A auditoria deixa de focar apenas na conformidade e assume a função de mensurar e evidenciar valor público, com relatórios que mostrem recursos otimizados, perdas evitadas e melhorias na entrega de serviços.

A implementação, no entanto, exige uma jornada de maturidade contínua. Desafios como lacunas de competências, resistência a mudanças e recursos limitados devem ser superados com capacitação híbrida, integração entre áreas de governança e uso de tecnologias que automatizem processos repetitivos. A recomendação é adotar a transição de forma gradual, ajustando manuais, planejamentos e relatórios em etapas.

Para apoiar os profissionais, o The IIA e o IIA Brasil oferecem uma série de materiais, cursos e guias práticos, que vão desde frameworks de auditoria em inteligência artificial até ferramentas para relatórios de ESG e cibersegurança. O objetivo é oferecer meios concretos para que auditores de diferentes portes possam aplicar as normas em seu dia a dia.

"A implementação das novas normas é uma oportunidade única para consolidar a auditoria interna como um farol de governança, ética e inovação. Mais do que cumprir requisitos, trata-se de liderar a construção de organizações mais ágeis, resilientes e confiáveis", conclui Márcia da Rosa Pereira.

O processo, segundo o IIA Brasil, deve ser visto como uma chance de transformar equipes, agregar valor estratégico e elevar a confiança da sociedade em empresas e instituições públicas. Mesmo estruturas menores podem aplicar os princípios das novas normas, fortalecendo seu papel e ampliando o impacto das auditorias no país.


 

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